CHAPADA DOS VEADEIROS – Cultivo de baru deve gerar receita de R$ 45 mil por hectare.

Objetivo, em cinco anos, é expandir para 300 mil hectares, com o princípio básico de preservar a biodiversidade do Cerrado plantando bioativos como baru, pequi, fava d’anta, baunilha e jatobá.

Por Marcos Fantin**

A agtech Bio2Me arrendou sua primeira fazenda no Cerrado para cultivar baru em áreas preservadas ou improdutivas. A área, de 1,7 mil hectares, em Cavalcante, Goiás, na Chapada dos Veadeiros, dá o pontapé inicial no plano da startup de gerar R$ 45 mil por hectare em até sete anos, ou seja, uma receita de mais de R$ 38 milhões.

Mas o plano a longo prazo é ainda mais ambicioso. Segundo um dos fundadores da empresa e CEO, Cláudio Fernandes, o objetivo, em cinco anos, é expandir para 300 mil hectares, com o princípio básico de preservar a biodiversidade do Cerrado plantando bioativos como baru, pequi, fava d’anta, baunilha e jatobá.

A empresa vai investir R$ 2 milhões na nova fazenda, sendo R$ 1 milhão direcionado para o viveiro de 500 mil mudas, que é uma receita de curto e médio prazo. Já o outro milhão será para a estrutura da sede, do galpão e da conectividade na propriedade. Segundo o empresário, o valor investido já é oriundo do faturamento da operação spot de baru.

A nova fase da empresa é a grande virada de chave do seu negócio sustentável e rentável. “Isso muda o tamanho do jogo que estamos entrando. Num primeiro momento, a fazenda serviu como MVP [produto viável mínimo], mas mudamos de fase. Somos fazendeiros de grandes áreas, agora é escalar o negócio”. Até então, a Bio2Me operava somente na fazenda de 250 hectares de Cláudio, em Luziânia, Goiás.

Os sócios, Cláudio Fernandes e Márcio Campos, querem gerenciar 300 mil hectares em cinco anos. FOTOS:  Bio2Me/Divulgação

O baruzeiro leva sete anos para começar a produzir. Com a aquisição, os sócios chegaram à conclusão de que a nova fazenda “paga a conta” com as árvores ali já plantadas. “A grande virada é que os baruzeiros nativos pagam a conta nos sete anos, mas as novas mudas vão dar escala”.

O sócio e diretor financeiro Márcio Campos compara o faturamento da soja, uma commodity tradicional, com o baru, carro-chefe da agtech. No modelo consorciado de baru e fava d’anta, a previsão de R$ 45 mil em média por hectare faz frente a um faturamento entre R$ 10 mil e R$ 12 mil por hectare de soja com todo o custo em dólar.

Enquanto a Bio2Me colhe o baru da fazenda-piloto de 250 hectares e das árvores já existentes na nova propriedade, o plano é adubar durante cerca de dois anos as novas mudas até que elas cheguem à plena frutificação em sete anos. Para isso, o custo baixo é parte fundamental do negócio.

Em 2024, a projeção de receita é de R$ 800 mil a R$ 1 milhão com a venda do fruto das duas fazendas, além da comercialização de mudas. Eles colhem, processam, transformam o fruto em castanha, torram e vendem para o consumidor final. Os maiores mercados da Bio2Me são hortifrútis e lojas de castanhas no Centro-Oeste, Rio de Janeiro e São Paulo.

Em paralelo, o CEO projeta faturar em 2025 mais de R$ 5 milhões apenas comercializando mudas. Isso deve significar mais que a própria venda de baru no próximo ano, com projeção de totalizar entre R$ 7 milhões e R$ 8 milhões.

Essa perspectiva é feita com base em um projeto de reflorestamento da Nestlé, através de sua plataforma de inovação aberta, a Panela. A iniciativa já está sendo implementada em duas fazendas parceiras da Nestlé, uma localizada em Araçatuba (SP) e outra em Montes Claros (MG). Nessas propriedades, 800 árvores de baru serão plantadas em uma área total de 10 hectares (cinco hectares em cada fazenda) ainda este ano. A multinacional não divulgou o investimento total, mas a Bio2Me possui um acordo.

A área, de 1,7 mil hectares, em Cavalcante, Goiás. Em 2024, a projeção de receita é de R$ 800 mil a R$ 1 milhão com a venda do fruto das duas fazendas, além da comercialização de mudas.

“O plantio das árvores vai contribuir significativamente para o bem-estar dos animais, oferecendo maior conforto térmico nas pastagens através da sombra proporcionada pelas árvores. Melhorando também a produtividade animal, pois ambientes mais frescos e sombreados reduzem o estresse térmico. Além disso, a iniciativa contribui para aumentar a renda dos produtores rurais”, informa a Nestlé.

Queimadas

Neste momento, o maior empecilho do negócio de Fernandes e Campos são as queimadas. Eles explicam que, além do agronegócio tradicional, isso também é um sério problema para as áreas preservadas. “É o pior problema. Não tem seguro para mata nativa, falta maturidade do mercado financeiro”, afirma o CEO.

Para isso, a dupla tem em andamento um projeto de sensores na mata para antecipar qualquer sinal de incêndio, além de sensoriamento de umidade e temperatura. O projeto tem parceria do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD) e da Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII).

FONTE: Globo Rural.

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2 comentários em “CHAPADA DOS VEADEIROS – Cultivo de baru deve gerar receita de R$ 45 mil por hectare.

  • 4 de outubro de 2024 em 16:44
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    Não podemos saber o nome da empresas?? Benefícios a integracao e papéis socioeconômicos? Para toda população?

    Resposta
    • 4 de outubro de 2024 em 16:50
      Permalink

      Olá, Alessandra, a empresa é a startup agtech Bio2Me.

      Resposta

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