Cerveró diz que Lula lhe deu cargo por ‘gratidão’, após negócio de R$12 milhões.

Ex-diretor da Petrobras afirmou ter ajudado o PT em empréstimo fraudulento. Ele também afirmou que participou de reuniões com políticos.

O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró disse em depoimento de delação premiada que foi alçado ao cargo de diretor da BR Distribuidora – subsidiária da estatal – devido a um ato de gratidão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o ex-executivo, a troca foi feita pelo fato de ele ter ajudado o Grupo Schahin a vencer uma licitação para o aluguel de um navio sonda para a Petrobras.

O negócio é apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como uma forma de pagamento por parte do Partido dos Trabalhadores a um empréstimo de R$ 12 milhões feito para o pecuarista José Carlos Bumlai.

O dinheiro, repassado pelo Banco Schahin, teria sido usado para pagar dívidas do PT. O negócio rendeu à Schain mais de R$ 1 bilhão. Em depoimento, o pecuarista confirmou a fraude, mas negou que o ex-presidente Lula tivesse conhecimento dos fatos. O caso levou Bumlai à cadeia, por suspeita de corrupção. Ele já responde a um processo sobre isso e permanece preso em Curitiba.

Na delação, Cerveró disse que conseguiu continuar na estrutura da Petrobras graças à intermediação desse negócio. Segundo ele, foi o próprio Lula quem decidiu indica-lo para o cargo na BR Distribuidora.

Ainda de acordo com o ex-diretor, coube a Lula garantir que o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) tivesse acesso político à estrutura da BR Distribuidora, com a indicação de nomes para ocuparem cargos na empresa.

O ex-diretor também afirmou que, entre 2010 e 2013, participou de várias reuniões com políticos para tratar de propinas desviadas da Petrobras. Entre os nomes que citou estão, além de Collor, o também senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e o deputado federal Cândido Vacarezza (PT-SP), além do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Nessas reuniões, disse Cerveró, eram discutidas as atribuições de diretores da BR Distribuidorapara a angariação e distribuição das quantias junto às empresas que prestavam serviços para a empresa.

Cerveró também contou sobre uma reunião com o senador Renan Calheiros. Na ocasião, em 2012, o parlamentar teria reclamado por não receber repasses de propina. O ex-diretor da empresa disse que não estava arrecadando propina e que não tinha como ajudar. Segundo ele, o senador ameaçou tirar o apoio político que o ajudava a manter o cargo.

Nestor Cerveró, também disse à Procuradoria-Geral da República (PGR), antes de fechar o acordo de delação premiada, que a venda da petrolífera Pérez Companc envolveu pagamento depropina no valor de US$ 100 milhões ao governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC).

A compra da empresa argentina pela Petrobras ocorreu em 2002. Ainda de acordo com o depoimento, Cerveró disse que quem repassou essa informação a ele foram os diretores da Pérez Companc e Oscar Vicente, ligado ao ex-presidente argentino Carlos Menem.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou que afirmações vagas, sem especificar pessoas envolvidas, e servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação.

A Petrobras afirmou que não vai comentar o caso. A reportagem não conseguiu contato com a empresa Pérez Companc.

Sobre as acusações de Cerveró sobre a BR Distribuidora, o Instituto Lula afirmou que não comenta vazamentos ilegais, seletivos e parciais de supostas alegações que alimentam o mercado de delações sem provas em troca de benefícios penais.

O PMDB não vai comentar. Não conseguimos contato com o PT e o PTB. A BR Distribuidora e o Grupo Schain também não foram encontrados para comentar. Assim como os senadores Fernando Collor e Renan Calheiros, e o deputado Cândido Vacarezza. Também não conseguimos contato com as defesas de Delcídio do Amaral e José Carlos Bumlai.

FONTE: G1

O negócio é apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como uma forma de pagamento por parte do Partido dos Trabalhadores a um empréstimo de R$ 12 milhões feito para o pecuarista José Carlos Bumlai.
O negócio é apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como uma forma de pagamento por parte do Partido dos Trabalhadores a um empréstimo de R$ 12 milhões feito para o pecuarista José Carlos Bumlai.
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