CERRADO SUSTENTÁVEL – Produtos regionais brilham no 1º Congresso de Gestão Ambiental.

Expositores goianos mostram como a sociobiodiversidade une tradição, preservação e geração de renda. Produtos e serviços apresentados são resultado do conhecimento herdado e construído pelos povos tradicionais.

Roberto Naborfazan

Produtos feitos com matéria-prima do Cerrado foram atração do 1º Congresso de Gestão Ambiental Municipal, desenvolvido pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), que aconteceu no Atlanta Music Hall, em Goiânia, entre os dias 24 e 26 de fevereiro. Cinco expositores de diferentes regiões do estado comercializaram comidas, joias, bolsas, livros e até medicamentos naturais. O evento também reuniu prefeitos e servidores públicos do setor ambiental de todo o estado.

Ao todo, mais de 1,500 pessoas passaram pelo Congresso nos três dias do evento.

De acordo com o gerente de economia verde e circular da Semad, Ramon Trajano, a ideia de levar os comerciantes locais ao Congresso está ligada à sociobiodiversidade – conceito baseado na união de práticas sustentáveis com o desenvolvimento de comunidades locais, garantindo o sustento de diversas famílias.

Entre prefeitos, vereadores, secretários, gestores ambientais, expositores e público em geral, mais de 1.500 pessoas passaram pelo evento.

Os produtos e serviços que derivam da sociobiodiversidade goiana são resultado do conhecimento herdado e construído pelos povos tradicionais, técnicas de manejo da comunidade e do uso de matérias-primas do Cerrado, como baru, pequi, cagaita, buriti, araticum, mangaba, entre tantos outros.

“Estamos com alguns expositores no Congresso apresentando seus produtos que vieram de várias regiões. Produtos da sociobiodiversidade, produtos que têm relação com o cerrado. Eles são guardiões de propriedades que têm essa relação com as árvores, com o cerrado, ajudando a manter o cerrado em pé”, afirma Trajano.

Tradição

Em Goiás, povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e agricultores familiares desenvolvem práticas de manejo sustentável que integram os recursos naturais ao seu modo de vida. Essas práticas contribuem tanto para a preservação ambiental quanto para a geração de renda, fortalecendo a segurança alimentar e os mercados regionais.

O vencedor do Prêmio Goiás Sustentável de 2024, Sítio Boca do Mato, esteve no evento comercializando molhos e pastas feitos com frutos e castanhas do Cerrado. Há mais de uma década, o sítio funciona como uma agroindústria em Mambaí, na região da BR- 020, no nordeste goiano. A representante Luciana de Paula, explica que a matéria-prima é coletada por agricultores locais e levada para a propriedade, onde é processada até se tornar o produto final.

Luciana de Paula, representante do Sítio Boca do Mato, de Mambai, vencedor do Prêmio Goiás Sustentável de 2024.

“O principal produto que nós temos é o pequi, mas nós temos também molhos, pastas de pequi. A gente tem também a pasta de baru com ervas, geleias e agora, essa semana, chegou para nós o produto novo que é a cagaita, um molho de cagaita, feito do fruto, que é agridoce”, explica a representante.

O sítio conta também com uma parte destinada à hospedagem, pois a região é repleta de cachoeiras. Quem decide passar seus dias no local, pode aproveitar as riquezas produzidas com os frutos do Cerrado e curtir uma trilha privativa.

Para Luciana, expor produtos no Congresso é uma oportunidade para que comerciantes locais sejam vistos e tenham seus talentos reconhecidos. “A gente tá muito feliz com a aceitação, o pessoal tem gostado, todos têm vindo, experimentado”, afirma.

Cura

Outra expositora presente no evento foi Ana Gabriela Gouveia, dona da Terra Peuta. A loja fica na Vila São Jorge, Distrito de Alto Paraíso de Goiás, também no nordeste goiano, e vende cosméticos, fitoterápicos, produtos para saúde e bem-estar. “Faço óleos corporais fitoterápicos, cada um com uma propriedade medicinal, calmante, analgésico, pomadas cicatrizantes, repelentes, sabonetes medicinais, linha facial e chás”, explica.

Medicamentos naturais com matéria-prima do Cerrado ajudaram a Gouveia a superar um momento delicado de sua vida, quando ela fazia tratamento para leishmanioses – uma doença infecciosa transmitida através da picada de um inseto chamado flebotomíneo, conhecido como mosquito palha.

“Eu contraí a doença em 2013. Na época eu morava no Paraná e vim pra Chapada pra me curar com a dona Flor, uma raizeira local, porque os medicamentos tradicionais estavam me fazendo muito mal. Mas depois disso eu não fui mais embora. Eu fiquei fascinada por esse universo tão simples e tão poderoso. Decidi abrir minha própria loja”, conta.z

Ana Gabriela Gouveia, dona da Loja Terra Peuta, no Distrito de São Jorge, em Alto Paraíso de Goiás, expôs os cosméticos, fitoterápicos, produtos para saúde e bem-estar feitos com matéria-prima do Cerrado.

A Terra Peuta existe há cerca de três anos e, desde o ano passado, conta com o apoio da Semad para expor seus produtos em eventos, como o Congresso. “Eu tô adorando, é bom demais ver esse trabalho ser valorizado, porque é uma coisa que a gente sempre usou, nossas mães, nossos pais, nossos avós, bisavós, e infelizmente tem sido esquecido. Agora que a gente tá resgatando novamente esses valores tradicionais. Quando o Estado apoia o seu trabalho tudo muda”, destaca.

Congresso de Gestão Ambiental Municipal

Esta foi a primeira edição do Congresso de Gestão Ambiental Municipal. O evento gratuito, aconteceu em Goiânia, no Atlanta Music Hall, entre os dias 24 e 26 de fevereiro, e teve como objetivo promover a troca de conhecimentos e experiências entre os gestores públicos, visando a uniformização das políticas ambientais em todo o estado.

Andréa Vulcanis, Secretária Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. FOTOS: Semad

“O nosso 1º Congresso de Gestão Ambiental Municipal chegou ao fim, e podemos dizer que FOI UM SUPER SUCESSO. Agradecemos a cada um dos presentes, ao todo passaram mais de 1500 pessoas no nosso evento e estamos com o coração cheio de alegria. Esses dias foram planejados para trazer muito conhecimento para os municípios, para alinhar ações e priorizar ainda mais a proteção e preservação do nosso Cerrado. Falamos um pouco de tudo, e acreditamos que esse momento vai nos aproximar ainda mais dos municípios e fortificar nossa parceria e empenho em prol do Meio Ambiente. Muito obrigado por terem vindo, e lembrem-se, toda a equipe da Semad está a disposição para auxilia-lo. Entendemos que, nesse início de mandato dos prefeitos, era muito importante trazer todos aqui para que possamos pensar o nosso meio ambiente com bom senso, responsabilidade e conhecimento. Tivemos três dias de muitos ensinamentos, aprendizagem, de muita troca”, declarou a titular da Semad, Andréa Vulcanis.

FONTE: Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – Governo de Goiás

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