CASO AMÉLIA VITÓRIA – Polícia prende e indicia novo suspeito por estuprar e matar menina que desapareceu ao sair para buscar irmã em escola.

Janildo da Silva Magalhães foi indiciado pela Polícia Civil como autor dos crimes contra a estudante. O envolvimento do pedreiro de 47 anos, que estava preso como possível autor, foi descartado.

Por Larissa Feitosa, Rodrigo Melo**

A Polícia Civil concluiu as investigações do caso da adolescente Amélia Vitória, de 14 anos, que foi raptada e morta após sair de casa para buscar a irmã na escola, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana de Goiânia. Um novo suspeito, identificado como Janildo da Silva Magalhães, foi preso e indiciado pelos crimes contra a menina. O envolvimento do pedreiro, de 47 anos, que estava preso como possível autor, foi descartado.

Durante entrevista coletiva nesta terça-feira (05), os delegados Eduardo Rodovalho e André Botesini revelaram que o envolvimento de Janildo com o caso de Amélia foi confirmado a partir de exames de DNA, que constataram que a adolescente foi estuprada por ele antes de morrer e também por imagens de câmeras de segurança, que o conectam com os crimes.

Segundo a polícia, Janildo tem 38 anos, era aposentado por invalidez e possui uma série de antecedentes por crimes sexuais, furtos, roubos, tráfico de drogas e até homicídio. O g1 não localizou a defesa dele para se manifestar até a última atualização desta reportagem.

Janildo da Silva Magalhães , 38 anos, o estuprador e assassino de Amélia Vitória, de 14 anos, era aposentado por invalidez e possui uma série de antecedentes por crimes sexuais, furtos, roubos, tráfico de drogas e até homicídio.

Estupro e morte por asfixia

A partir das investigações, a polícia constatou que Janildo tinha o costume de praticar furtos e roubos usando uma bicicleta, na região em que Amélia desapareceu. A principal hipótese é que ele tenha saído de casa no dia 30 de novembro para praticar furtos, mas acabou encontrando Amélia pelo caminho e decidiu raptá-la, já com o intuito de estuprá-la.

Segundo o delegado Eduardo Rodovalho, o investigado se aproveitou que o local tinha pouca movimentação, ameaçou a estudante com uma faca e a levou para os fundos de um imóvel, próximo a uma região de mata, onde a estuprou pela primeira vez.

Após esse primeiro ato de violência sexual, Janildo colocou a vítima no cano da bicicleta, usando a faca para paralisá-la, e fez um percurso de aproximadamente 6 km com ela, até chegar em um local que ele usava como esconderijo para usar drogas e colocar objetos roubados. “Local insalubre”, diz o delegado. Imagens mostram a menina sendo levada em bicicleta.

“Nas imagens dá para ver quando, durante o percurso, ele obriga a vítima a empurrar a bicicleta para ele. A vítima obedeceu, mas dá para ver que ela estava paralisada pelo medo. Ela não conseguia pedir socorro”, afirma Rodovalho.

No imóvel abandonado, Janildo teria continuado estuprando Amélia durante toda a noite. Segundo a polícia, durante a perícia foram encontrados diversos vestígios que indicam o crime, como peças íntimas, sangue e fios de cabelo da menina.

Em determinado momento, o investigado decidiu matar a adolescente. O resultado do laudo cadavérico indica que a morte dela foi causada por asfixia. Suspeita-se que possa ter sido usado um golpe mata-leão ou até um lençol.

Tentou esconder evidências

Depois de matar Amélia, o aposentado voltou para casa e pintou a bicicleta usada no crime, além de também ter rasgado a camiseta que usava, tendo a abandonado em um canto da casa, com o intuito de descartá-la.

Segundo o delegado Rodovalho, a mãe e a irmã de Janildo começaram a estranhar o comportamento dele e não deixaram que ele se livrasse da roupa. Aos policiais, a família do suspeito relatou também que, quando viam reportagens sobre o sumiço da menina, Janildo ficava alterado.

“Ele saiu de casa já com um comportamento estranho. A mãe dele diz que ele falou ‘Eu vou sair, não me espere. Não sei se vou voltar amanhã e nem se vou estar vivo’. No dia seguinte retornou já com outro comportamento, dizendo que ia pintar a bicicleta e depois sempre ficando alterado com reportagens da menina na televisão”, afirma o delegado.

Segundo a polícia, a comoção da própria família com a morte de Amélia, fez com que Janildo decidisse retornar ao imóvel para abandonar o corpo da menina em um local de fácil localização. Perícia indica que ele envolveu o corpo no lençol e a arrastou até a rua.

“A irmã dele disse que dizia: ‘Além de fazer maldade, não dá à família nem a chance de se despedir’. Eu acredito que essas palavras fizeram com que ele voltasse para colocar o corpo na rua”, diz o delegado.

Novas vítimas podem surgir

Janildo responde na Justiça por um crime de estupro praticado em Rio Verde, em 2017. Segundo o delegado Eduardo Rodovalho, a dinâmica deste crime é bastante similar ao crime praticado contra Amélia.

Mas, como o caso de 2017 corre em segredo de justiça, o g1 não conseguiu mais detalhes sobre o crime. A Polícia Civil informou que não dará mais informações sobre ele.

Com a prisão de Janildo, o delegado não descarta a possibilidade de que novas vítimas apareçam.

Relembre o caso

Amélia desapareceu na quinta-feira (30) após sair de casa para buscar a irmã na escola, no Residencial Astória. A família contou que só percebeu que a adolescente sumiu após a escola ligar e dizer que ninguém havia aparecido para buscar a irmã dela. Segundo a tia, neste dia, a bicicleta de Amélia havia estragado e, por isso, ela foi andando. Além disso, não levou o celular por causa da chuva.

“Nós refizemos o caminho, ligamos para as amigas dela, pedimos imagens das câmeras no caminho”, afirmou Cristiane.

De acordo com a família, como Amélia não era uma menina rebelde, ela não tinha motivos para fugir. “Não tem namoradinho nenhum. Não foi por rebeldia, até porque não era o perfil dela. Ela sempre foi bem tranquila, muito calma, nunca deu trabalho nenhum”, destacou Cristiane. A família denunciou o sumiço à polícia, que começou a procurar pela adolescente com apoio do Corpo de Bombeiros.

Após o primeiro ato de violência sexual, Janildo colocou a vítima no cano da bicicleta, usando a faca para paralisá-la, e fez um percurso de aproximadamente 6 km com ela, até chegar em um local que ele usava como esconderijo para usar drogas e colocar objetos roubados

Após saber sobre o desaparecimento de Amélia, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) começou a investigar o caso e os bombeiros iniciaram as buscas. Câmeras de segurança registraram a adolescente caminhando pelas ruas antes de desaparecer.

Com ajuda de cães farejadores, a polícia identificou o cheiro da jovem em uma casa, que fica dentro de uma região de mata, a poucos metros da rua onde ela foi vista pela última vez. As buscas por Amélia continuaram pela mata. Em entrevista à TV Anhanguera, a mãe da adolescente desabafou e se desesperou ao falar sobre a preocupação e o medo de perder pela filha.

“Eu entrei nessa mata de madrugada caçando e chamando ela e ela não respondeu. Uma dor que não passa”, desabafou Cristina.

Corpo encontrado em calçada

Apesar da esperança da família de encontrar a adolescente viva, na tarde de sábado (2), dois dias após o desaparecimento, moradores denunciaram à polícia que um carro teria abandonado um corpo em uma rua, no bairro Parque Hayala. Inicialmente, a polícia apenas suspeitava que de Amélia, porém, o pai da adolescente reconheceu a calça que a filha vestia.

“A calça é dela, o cabelo é dela. Eles não querem deixar eu ver agora, só lá no IML. Eu vou lá só para ter a certeza. A calça fui eu que comprei”, desabafou Willian.

A confirmação da identidade de Amélia aconteceu horas após o corpo ser encontrado, ainda na noite de sábado (2), após um exame papiloscópico, ou seja, por meio da impressão digital. Com muita emoção e um arco-íris no céu, a família se despediu da adolescente na tarde de domingo (3).

Principal suspeito

Ainda no sábado (2), a polícia começou a procurar pelo carro que teria abandonado o corpo de Amélia. Câmeras de segurança registraram um veículo passando próximo ao local. Segundo a Polícia Militar (PM), ele foi abandonado na rua, apreendido e feito uma perícia. Cães farejadores sentiram o cheiro da adolescente no porta malas do carro.

O dono do veículo foi identificado e, segundo a PM, ao ser questionado, o homem apresentou uma “versão contraditória”, mas foi liberado por causa da “ausência de provas materiais” que ligassem ele ao crime. O celular dele foi apreendido, onde os policiais encontraram conteúdos pornográficos. A casa dele chegou a ser incendiada por moradores da região.

A Polícia Civil (PC) afirmou que o suspeito foi preso na noite deste domingo (3). Já na manhã desta segunda-feira (4), a Polícia Militar (PM), confirmou que o suspeito preso é o dono do carro.

“[Ele] está como principal suspeito”, afirmou o delegado-geral da Polícia da Civil, André Ganga.

Participação de Pedreiro é descartada

Os delegados que atuaram na investigação explicaram que o carro do pedreiro passou por perícia e que uma mancha de sangue foi encontrada no porta-malas do veículo. Porém, ao comparar o material genético, a perícia constatou que o sangue não era da menina Amélia. Por conta disso, a participação do pedreiro foi descartada.

Como a prisão preventiva do pedreiro foi solicitada em função da suspeita de sua participação na morte de Amélia, a polícia entendeu que ele não precisa mais ficar preso e já solicitou ao Poder Judiciário que ele seja solto.

Mas, por conta do sangue encontrado no porta-malas dele, um novo inquérito policial será aberto para investigá-lo.

FONTE: G 1 Goiás

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