CANNABIS MEDICINAL – Justiça autoriza empresário de Goiânia a plantar e usar maconha para tratamento de saúde.

Matheus Nascente tem problemas de saúde desde criança e chegou a usar 15 remédios por dia. O uso da cannabis medicinal, segundo ele, melhorou o estado geral, além de não sofrer com efeitos colaterais.

Por Rafael Oliveira**

O empresário Matheus Nascente, de 29 anos, ganhou autorização da Justiça Federal para plantar e usar cannabis para tratamento de saúde. A decisão saiu na semana passada e libera o uso dentro do apartamento onde ele mora, em Goiânia.

A decisão é um salvo conduto para Matheus não ser preso nem ter suas plantas apreendidas pela polícia, seja militar, civil ou federal.

Empresário Matheus Nascente ganha liberação da Justiça para plantar e usar maconha com fins medicinais em Goiânia, Goiás — Foto: Matheus Nascente/Arquivo pessoal.

O juiz que concedeu a liberação na sexta-feira (27), Alderico Rocha Santos ressaltou que o empresário não pode vender ou ceder a planta cannabis, sementes ou derivados para consumo ou comercialização por terceiros.

Os advogados do empresário explicaram no processo que ele tem problemas de saúde desde criança, entre eles gastrite, refluxo, dores crônicas na coluna, ansiedade e TDHA.

“Eu já cheguei a utilizar 15 medicamentos por dia por causas dos meus problemas. Substitui todos eles pela cannabis e tive resultados infinitas vezes melhores em relação aos medicamentos. Transformei minha qualidade de vida, melhorei em todos os aspectos, na saúde, no trabalho, nos relacionamentos, na disposição. Melhorei da dor na coluna e voltei a praticar exercícios”, explicou o empresário.

Matheus disse que usa cannabis medicinal há 3 anos. Antes, ele importava o medicamento do exterior e gastava cerca de R$ 3 mil por mês. Com o cultivo da planta e a extração artesanal do óleo, ele deve gastar 30% desse valor.

Empresário Matheus Nascente cultiva maconha em casa para fins medicinais, em Goiânia, Goiás — Foto: Matheus Nascente/Arquivo pessoal

O preconceito com o cultivo e uso da cannabis medicinal é inevitável, segundo o empresário. “Minha família lida com muito preconceito, mas é o preço que tenho que pagar para ter saúde. Eles reprovaram o mecanismo de tratamento. Mas isso faz parte do preconceito que a sociedade tem”, lamentou.

Tratamento

No decorrer de sua vida, Matheus disse que buscou tratamento médico com diversos profissionais diferentes na tentativa de uma vida saudável, pois foi desenvolvendo complicações em seu quadro de saúde.

Porém, tendo em vista a gravidade dos efeitos colaterais trazidos pela utilização de um dos medicamentos que ele usava, a família decidiu, entre os anos de 2000 e 2007, pela utilização de remédios homeopáticos como florais, fitoterápicos, tinturas, entre outros.

De 2021 até 2022, devido ao elevado custo de importação, Matheus realizou diversos cursos de cultivo de cannabis medicinal e decidiu plantar e produzir o próprio medicamento.

Empresário Matheus Nascente mostra como é o processo de retirada artesanal do óleo de cannabis, em Goiânia, Goiás — Foto: Matheus Nascente/Arquivo pessoal

Cultivo

O empresário explica que, primeiramente, o cultivo é realizado através de genéticas selecionadas e importadas, ricas em canabidiol, para garantir a eficácia.

Para garantir segurança e privacidade em seu tratamento, o paciente tem recorrido ao método de cultivo indoor (dentro de um banheiro em seu apartamento), com iluminação artificial e vedação de todas as arestas para que não haja poluição olfativa, visual e sonora.

O ciclo de uma planta, da sua germinação até o ponto de colheita, dura cerca de 04 – 05 meses, podendo ocorrer perdas e mortes de plantas, ataque por insetos e pragas, desregulação e desbalanceamento do pH do solo.

Após a colheita, é realizada a secagem do material utilizado para a extração do óleo medicinal, que dura cerca de 15 dias, perdendo cerca de 90% de seu peso “úmido”.

Cada planta costuma render em média 40 gramas (após o processo de secagem), das quais são extraídos aproximadamente 4 gramas do óleo concentrado de Cannabis Medicinal.

***G1 Goiás

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