ATENTADO – Presos 3 suspeitos de divulgarem ameaças contra Bolsonaro e colocarem bomba perto de igreja no DF
Apontados como integrantes de um grupo que atua na internet, eles teriam deixado artefato caseiro dentro de uma mochila em Brazlândia.
Jailton de Carvalho e Patrick Camporez**
A Polícia Civil prendeu três pessoas suspeitas de colocar uma mochila com uma bomba próxima à igreja Santuário Menino Jesus, em Brazlândia , a 48 quilômetros de Brasília, às vésperas do Natal, segundo disse ao O GLOBO uma fonte que acompanha o caso.
Os três fazem parte de um grupo suspeito de divulgar pela internet ameaças de que poderiam promover um ataque contra o presidente Jair Bolsonaro, no dia da posse. Os três foram presos no dia 31, depois que policiais civis e federais fizeram buscas em sete endereços do grupo em São Paulo, Brasília e Goiás.
A Polícia Federal divulgou nota com a informação sobre as buscas, mas não mencionou as prisões, que ficaram a cargo da Polícia Civil.
A Polícia Civil investiga a relação entre os três e uma bomba deixada perto do santuário. A bomba foi localizada e desativada por policiais militares.
Logo depois, integrantes do grupo chamado Maldição Ancestral assumiram, na internet, a responsabilidade pela bomba. A intenção declarada seria explodir e matar fiéis que iriam à missa na igreja no Natal. “O santuário é o segundo maior templo católico do país. No local, que estava lotado de cristãos miseráveis, era celebrada uma missa de véspera de Natal, e esperávamos provocar um grande massacre durante a saída dos fiéis da igreja”, diz um comunicado do suposto grupo.
Numa outra frente, a Polícia Federal abriu inquérito para investigar se o grupo fez ameaça e tinha mesmo planos de atacar Bolsonaro no dia da posse. As investigações estão sendo conduzidas pela área de inteligência da polícia.
Numa página mantida na internet, o grupo diz que em primeiro de janeiro haveria “aqui em Brasília a posse presidencial, e estamos em Brasília e temos armas e mais explosivos estocados”. Num outro trecho, o grupo insinua o desejo de ataque. “Se a facada não foi suficiente para matar Bolsonaro, talvez ele venha a ter mais surpresas em algum outro momento, já que não somos os únicos a querer a sua cabeça”, diz o texto.
Num outro texto, o grupo se diz alinhado com duas facções criminosas, uma de São Paulo e outra do Rio de Janeiro. Segundo o texto, as duas facções querem Bolsonaro morto e “podem recorrer a métodos terroristas para isso”.
Um site do grupo apresenta a segunda edição da revista eletrônica “Anhangá – Em Guerra Contra a Civilização e o Progresso Humano Desde o Sul”. O editor diz que a publicação está “transbordando de valiosos conteúdos” sobre o “eco-extremismo”. Seriam 47 textos “que servem para alimentar as ânsias dos individualistas extremistas e contribuir com a prática terrorística na guerra contra o progresso humano”.
A Polícia Federal vê traços de insanidade mental nas declarações do grupo, mas diz que não pode descartar nenhum tipo de ameaça. Segundo a polícia, são pessoas com algum tipo de desvio que, de fato, estariam mais propensas a ataques. Em seis de setembro passado Bolsonaro foi esfaqueado durante uma caminhada em Juiz de Fora. O autor do atentado, Adélio Bispo Oliveira, sofre de problemas mentais, segundo alegam os advogados dele.
***Repórteres de O GLOBO