ASSALTO EM ALTO PARAÍSO – Polícia atuante, bandidos presos, bandidos mortos.

Roberto Naborfazan

Sempre evitei fazer cobertura em reportagens policiais. A energia é pesada e todos os envolvidos estão, em geral, enfrentando os sucessos ou fracasso de suas escolhas.

Mas ser jornalista é não ter horário nem dia da semana para trabalhar. É estar atento aos fatos e os transformar em notícia, colocando a população informada, e no nosso caso, com clareza e fidelidade ao evento.

Concluindo um texto em nossa redação, no centro da cidade de Alto Paraíso, região nordeste do estado, recebo vários telefonemas avisando que instituições bancárias estavam sendo assaltadas. Sem titubear, saquei minha Nikkon compacta, gravador e bloco de notas e disparei rumo a Praça do Skate, centro financeiro do município.

Cruzo, na Avenida João Bernardes Rabelo, com uma viatura da Polícia Civil em alta velocidade, e identifico dentro dela o delegado José Antonio. Poucos metros depois, outra viatura, esta da Polícia Militar, identifico nessa o Tenente Coronel Belelli. Não há como acompanha-los, sigo em direção ao local do assalto.

Em frente ao Banco do Brasil, grande aglomeração de curiosos e alguns policiais civis preservando a cena do crime.

Colho depoimentos de testemunhas, fotografo a destruição no interior do Banco do Brasil e as marcas de balas de grosso calibre na resistente vidraça blindada da agência lotérica.

Populares exaltam a rapidez da chegada da polícia e o modo destemido como enfrentaram os bandidos que portavam armamento com alto poder de destruição.

Um pai desolado, professor Daniel, buscava informações sobre sua filhinha, Iasmin, de quinze anos, levada pelo bando como refém. Há notícia sobre outro refém, um rapaz, que não consegui identificar, soube mais tarde que ele fora solto logo depois, na saída da cidade.

Me chega a informação de que, desnorteados pela ação corajosa dos poucos policiais, parte do bando fugiu a pés e tomou de assalto o carro de um pastor, nas proximidades da prefeitura, e outro, da esposa de um conhecido produtor rural, no Setor Novo Horizonte.

Mantenho-me firme, como profissional, em busca de mais informações, mas no peito, sinto a dor daquele pai, que não sabe se verá novamente seu tesouro maior, sua filha.

Busco contato com nossas fontes no meio policial. Bandidos avistados na altura da entrada para o GDM, confronto a bala, viaturas atingidas, Tenente Coronel Belelli atingido na altura do quadril, mas salvo pelo colete, que se mostrou realmente a prova de balas, comandos avisados em todas as cidades vizinhas.

Aqui destaco um fato que poderia ter mudado toda a história dessa operação. Ao ver que seriam alcançados, os bandidos em fuga manobraram o carro que ocupavam na direção de dois veículos que vinham no sentido contrário, os jogando na ribanceira. Os policiais que vinham em perseguição, pensaram, em um primeiro momento, que os bandidos tivessem se acidentados e se preparavam para o confronto, quando o tirocínio dos experientes homens da lei os fizeram perceber que os acidentados eram vítimas do bando. Se inocentes fossem feridos naquela hora, com certeza esfriaria o ânimo da força policial.

Companhia de Policiamento Tático (CPT) de Formosa, sob o comando do Tenente Souza, entra em ação, reação em cadeia, e vários grupos especializados das Policias Civil e Militar se deslocam para a região, ente elas o Comando de Operações de Divisas (COD) e o Grupamento Aeropolicial – Resgate Aéreo (GRAER).

Produzo e publico nossas primeiras informações sobre o caso no portal (site) de O VETOR, trinta mil acessos. Fico de plantão até as duas da manhã, sempre em contato com os agentes no campo de batalha, preparo nosso segundo resumo e entrevisto com exclusividade para a rádio Paraíso FM, as 8:30 da manhã de sábado, o Delegado José Antônio, Tenente Souza e Tenente Coronel Belelli, que destacaram a prisão dos dois meliantes e a morte de outros dois na região de Flores de Goiás, e o roteiro da operação, iniciada no confronto na porta do Banco.

Importante também ressaltar que o delegado José Antônio trabalhou em sintonia com o delegado regional, doutor Joaquim Adorno, que por sua vez se reportava ao Delegado Geral, doutor Álvaro Cássio, assim como o Tenente Coronel se manteve todo o tempo em contato com o Comandante Geral, Coronel Divino Alves.

Essa rápida e corajosa ação, iniciada pelos operacionais, Delegado José Antônio e Tenente Coronel Carlos Eduardo Belelli, que, com dois agentes (que trabalharam por dez), no caso do delegado, e com reduzido contingente (que agiu como um exército) no caso do Comandante da 14ª CIPM, implodiu o plano de fuga dos assaltantes, que debandaram sem planejamento, permitindo o pedido de reforços e a consequente bem sucedida operação, que resultou, em menos de 24 horas, na libertação, sem ferimentos, da menina refém, na recuperação de boa parte do dinheiro roubado, na morte de quatro bandidos e na prisão de mais dois. Dois ainda estão foragidos, mas já monitorados pelo serviço de inteligência. Suas prisões (ou mortes) é questão de tempo.

Não restam dúvidas que a nova estratégia adotada pela cúpula da segurança pública goiana, de fechar fronteiras e buscar o trabalho conjunto das forças policiais do estado e de estados vizinhos, tão amplamente divulgada pelos veículos de comunicação, através dos informes publicitários, passou por um bom teste e recebeu nota acima da média. Mas a disposição dos servidores da segurança pública em Alto Paraíso, que podemos nominar, sem favores, de heroica, foi fundamental para o sucesso da operação.

Através do programa Cidade no Ar, da Rádio Paraíso FM (www.paraisofm.net) comandado por Nilton K, com reportagens de Roberto Naborfazan, além do professor Daniel, ainda emocionado, mas aliviado coma volta da filha sã e salva para casa, a comunidade Alto-Paraisense, em uníssono, não poupou elogios aos bravos policias defensores da comunidade, sem deixar de lado a gratidão para cada policial de todas as corporações envolvidas na operação.

Várias personalidades de vários setores da sociedade goiana teceram elogios à ação dos policiais, destaco a postagem em uma rede social de Placidina Pires, Juíza no Tribunal de Justiça de Goiás:

“No caso do assalto a banco e sequestro de Alto Paraíso de Goiás, graças a Deus, o Dr. Jose Antônio Sena, Delegado de Polícia, e o Tenente Coronel Belelli da Polícia Militar, e suas respectivas equipes, fizeram um trabalho excepcional, digno de aplausos, pois conseguiram fazer “muito com o pouco” que dispunham, inclusive resgataram a moça feita refém!!

Verdadeiros exemplos de bravura e comprometimento com a segurança da população deste estado.

Merecem ser condecorados e reconhecidos pela coragem, preparo, e também resultado positivo alcançado. Os criminosos sentiram que aquela terra, devido ao destemor desses heróis, é campo inóspito para as suas atrocidades.

Mostraram que são capacitados para a missão que lhes fora confiada e que a parceria entre as polícias pode representar avanços significativos para a qualidade nossa segurança.

Parabenizo, portanto, todos os responsáveis por essa operação, desejando que esse ato de bravura sirva de paradigma para todos os demais agentes de segurança do país.

 

Desejo também que Deus os abençoe em suas jornadas diárias no combate ao crime, pois sabemos o quanto está difícil trabalhar com segurança pública no Brasil. Total falta de material humano e estrutura!!!”. Expôs a magistrada.

No pós-batalha, destaco também o texto, franco e objetivo, do delegado José Antônio, na mesma rede social:

“Após intensa troca de tiros com oito assaltantes, apenas eu e outro bravo colega, APC Jorge, refletimos várias coisas que poderiam ter sido diferentes, seja para melhor, seja para pior. Bandidos covardes, utilizando pessoas inocentes como escudo protetor (reféns), com várias armas pesadas, sem nada para perder. De outro lado, eu e outro destemido colega, sob intensa troca de tiros, com milésimos de segundos para decidir aonde e em quem atirar. Graças a Deus tudo certo, logo após a perseguição o colega e irmão TC Carlos Belelli junta-se a nós para perseguir um dos quatro veículos envolvidos na fuga, frustrando-a, quase que por completo. Penso que esses aí, os bandidos, são tratados como vítimas; já os policiais, tratados como mero servidores que têm a obrigação de doar suas vidas em prol da sociedade. Os bandidos capturados, foram claros em afirmar que a ação ousada se deu diante da insuficiência estatal, seja no tocante à segurança pública, seja no tocante a eventuais punições. Realmente temos muito ainda no que refletir!”.

Nos, na labuta cotidiana das cidades do interior, sem acesso aos gabinetes que dividem as mídias institucionais, queremos, humildemente esclarecer aos “grandes veículos de comunicação”, sempre abastecidos com gordas verbas, e por isto contam com maior contingente de profissionais, que: Alto Paraíso, na Chapada dos Veadeiros, está no nordeste goiano, e não no norte, como insistem. Os bandidos assaltaram a agência do Banco do Brasil e tentaram assaltar a lotérica, frustrados, levaram dinheiro de clientes. Mas não passaram nem na porta do banco Itaú, como também insistem em noticiar.

Para consumo interno de nossa comunidade nordestina goiana, vale ressaltar também o respaldo dado pelo prefeito de Alto Paraíso, Álan Barbosa, tanto à família da menina Iasmin, com apoio de psicólogo, quanto com as forças policiais, principalmente na questão da alimentação.

Aos Bravos Guerreiros das Policias Civil e Militar, desde o pessoal da Polícia Técnico Cientifica e do IML até o pessoal do combate em campo, nossos sinceros aplausos com muita gratidão.

FOTOS: Jornal O VETOR