AMOR E ESPERANÇA – Mãe autoriza doação de órgãos da filha que morreu aos três anos.
Após autorizar doação de órgãos, mãe diz que filha vai salvar outras pessoas: “Uma forma de esperança”. A pequena Aurora, de três anos, tinha microcefalia e morreu depois de uma parada cardíaca. Captação só aconteceu com a permissão da família.
REDAÇÃO**
Só quem já sentiu a dor de perder um filho sabe que tomar qualquer decisão nesse momento de luto é quase uma missão impossível. Mas pensando em fazer com que famílias não passem por esse trauma, a servidora pública Alice Sarah Freitas decidiu autorizar a doação de órgãos da filha de apenas três anos, que morreu em decorrência de uma parada cardíaca.
A pequena Aurora nasceu com microcefalia, doença que também causou paralisia cerebral e síndromes epiléticas. Ela morreu no dia 15 de novembro em Araguaína, na região norte do estado, onde morava com a família.
“Não foi uma escolha difícil. Na verdade, ter a esperança de que uma ‘partezinha’ dela poderia ajudar outras pessoas está ajudando muito a gente a lidar com essa perda. A gente vê a doação de órgãos dela como uma forma de esperança para outras famílias também”, contou Alice.
Por toda a casa ainda há lembranças de Aurora, que podem ser vistas em porta-retratos e nas roupinhas ainda guardadas com muito carinho e saudade. “É mais difícil lidar com a saudade. Ver cada cantinho dessa casa com coisas dela aperta muito o peito”, disse a mãe, sem conseguir conter as lágrimas.
Escolha da família
Aurora doou os rins e as córneas, que ajudaram quatro crianças que estava na fila do Sistema Nacional de Transplante. A captação aconteceu no dia seguinte à morte, em 16 de novembro. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), este foi o 13º procedimento deste tipo realizado em 2022 no Tocantins.
“A decisão de autorizar a doação de órgãos é sempre muito difícil para os pais, mas com orientação e acolhimento nós vamos conseguindo que esse ato se torne cada vez mais natural e consciente para as famílias”, destacou Suziane Aguiar Crateús Vilela, responsável pela Central de Transplante do Tocantins (CETTO).
No caso de córneas, o Tocantins realiza captações e transplantes através do Banco de Olhos Público do Tocantins (BOTO). Após a autorização dos familiares, são feitos diversos exames para determinar se o paciente que receberá o órgão é compatível.
“Avaliamos o paciente, solicitamos os exames necessários, tanto exames clínicos, como oculares, que às vezes precisa de um exame complementar e estando tudo ‘ok’, nós inscrevemos o paciente”, explicou Ana Beatriz Dias, oftalmologista responsável pelo BOTO. Ela disse ainda que o tempo de espera pode variar muito e depende, principalmente, do número de doações.
No Estado, 57 pessoas receberam transplante de córnea neste ano e 120 ainda esperam serem chamados. “Quando uma pessoa recebe um transplante, não é só ela que é beneficiada, mas toda a sociedade”, afirmou a oftalmologista.
FONTE: G1 Tocantins