ALTO PARAÍSO DE GOIÁS – Município completa 67 anos de emancipação política.
Festividades comemorativas oficiais foram canceladas devido a pandemia da COVID 19. Recursos foram investidos na área da Saúde.
Roberto Naborfazan
Um dos pontos turísticos mais visitados no estado de Goiás, com referências nacional e internacional, Alto Paraíso de Goiás completa hoje 67 anos de emancipação política.
Município polo da região da Chapada dos Veadeiros, recebe diariamente turistas do mundo todo, alguns se encantam com suas belezas naturais e acabam se tornando moradores da localidade.
As festividades oficiais em comemoração ao aniversário da cidade foram canceladas para que sejam respeitados os protocolos e normas relacionadas a pandemia da COVID 19.
Segundo o prefeito do município, Martinho Mendes da Silva, o foco no momento é fortalecer a área da saúde, assegurando a população atendimento de melhor qualidade no hospital municipal e nas Unidades Básicas de Saúde – UBS.
Quando assumiu o governo, Martinho Mendes encontrou o Hospital Municipal fechado, e a população sendo atendida precariamente na Unidade Básica de Saúde do Setor Cidade Alta.
Martinho Mendes encerra sua gestão entregando o Hospital Municipal Gumercindo Barbosa com funcionamento pleno, com contas saneadas, frotas de ambulâncias e do SAMU renovadas, macas, colchões e todos os equipamentos hospitalares novos, além de um aparelho de Raio X com impressora 3D e um Tomógrafo de última geração.
Vale citar que até pouco tempo o paciente de Alto Paraíso de Goiás que tivesse uma fratura tinha que ser encaminhado para São João d’Aliança ou Formosa, e as grávidas ou quem necessitasse de uma tomografia tinha que agendar em Formosa, Brasília ou Goiânia e aguardar ser chamado. Hoje se faz em minutos e já sai com o resultado nas mãos.
“Gostaríamos de fazer uma grande festa neste 12 de dezembro, até porque estamos no encerramento de nossa gestão, mas temos que ter a responsabilidade de compreender que a pandemia da COVID 19 não acabou e não podemos provocar aglomerações.
Preferimos então investir os recursos na área da saúde, deixando um legado de excelentes equipamentos em nosso hospital municipal. Parabenizo nosso povo e nossa cidade pelos 67 anos de emancipação política de nosso município, rogando a Deus sabedoria aos novos gestores que assumirão em janeiro próximo, e que Alto Paraíso de Goiás siga trilhando o caminho do progresso e do desenvolvimento sustentável.” Disse o prefeito Martinho Mendes em nota ao Jornal O VETOR.
Um pouco da história do município
Os primeiros registros de ocupação humana na região são de tribos indígenas como os Cayapós, os Xavantes e os Guayazes. Depois vieram os bandeirantes em busca de minas de ouro e escravos foragidos, dando início ao ciclo da mineração nos arredores da região da Chapada dos Veadeiros, que levou ao surgimento de Cavalcante em 1740.
Nessa época, Alto Paraíso de Goiás (que ainda não levava este nome e muito menos era um município) chamava-se Veadeiros e pertencia a Cavalcante. O local consistia em uma fazenda, fundada por Francisco de Almeida em um pequeno núcleo de colonização. Este nome foi dado por causa do alto número de veados na região.
Conta-se que na localidade aonde está a Av. Ary Ribeiro Valadão Filho, podia-se observar vários veados pastando o dia todo e não só veados, mas lobos, emas, onças e jaguatiricas. Nos dias atuais ainda se observa alguns animais nos arredores da cidade e, se hoje é lindo de ver, imagine naquela época.
BANDEIRANTES
A partir da fundação de Veadeiros começam a se desenvolver a agricultura e a pecuária para atender a demanda gerada pela descoberta do ouro em Cavalcante.
As fazendas de Francisco de Almeida e Firmino de Almeida Salermo, José Pereira Barbosa e Manuel Caboclo foram geradoras do primeiro núcleo povoado na região, em meados do século XVIII, dando início ao processo de colonização com cultivo de frutas, milho, café e pecuária.
O TRIGO VEADEIROS
O solo demonstrou-se bom para o plantio do trigo e do café. As primeiras sementes de trigos foram introduzidas por volta de 1780 por ciganos gypsos que vieram da Bahia. Setenta anos mais tarde, 1850, em Chicago, é premiada uma variedade de trigo chamada Veadeiros, projetando a cidade pela primeira vez no cenário internacional. Em 1862 o município bate recorde na safra de 20 toneladas. Com o passar do tempo, o ouro foi se esgotando e as lavras sendo abandonadas.
MAIS HISTÓRIA
Na passagem do séc. XIX para o séc. XX muitos acontecimentos históricos ocorreram na região como a passagem da Comissão Cruls que mediu o Pouso Alto, 1676 m (ponto mais alto do Planalto Central) e da Coluna Prestes, em 1926, que passou em frente ao Jardim de Maytrea com 800 homens.
O pioneirismo de inaugurar na região o movimento esotérico e espiritual se deve ao esperantismo que, em meados da década de 1950, instalou próximo ao Parque Nacional, a primeira Fazenda Escola da região – Fazenda Bona Espero. Em meados da década de 1960, funda-se mais uma Fazenda Escola desta vez por uma organização espírita, de natureza Kardecista, batizada com o nome de Cidade da Fraternidade. A partir daí, a migração dá um novo passo significativo, abrindo caminho para outros “buscadores” espirituais. Esta migração de místicos e alternativistas deu início a uma nova fase que já vinha de um longo processo histórico. Ao ampliar ainda mais a diversidade cultural da cidade, essa mistura acabou tornando-se exemplo de respeito às diferenças e harmonia com a natureza, que fazem um lugar com características únicas e originais. Hoje em dia toda riqueza histórico-cultural de Alto Paraíso tornou-se atração turística, sendo o turismo uma das principais atividades econômicas da cidade.
A EMANCIPAÇÃO
Em 1953, através de alianças políticas, chega a emancipação de Veadeiros, que desliga-se de Cavalcante e sobe à categoria de município.
Dez anos depois, Veadeiros recebe seu novo nome: Alto Paraíso de Goiás, que surgiu através da mobilização dos Vereadores da época que realizaram uma votação, no qual cada vereador tinha direito de sugerir dois nomes para a cidade. O vencedor foi o vereador Dimas que sugeriu este nome por causa de sua fazenda, chamada Paraíso e que fica a uma altitude mais baixa do que a antiga Veadeiros, logo ele imaginou a fazenda paraíso no alto: Alto Paraíso.
Em 1981 começam as obras do Projeto Paraíso, com investimento do governo estadual, pertencente ao Plano de Desenvolvimento Integrado destinado a transformar a Chapada dos Veadeiros em polo turístico e de produção e industrialização de frutas. Logo veio a criação da GO 239, em 1982. Em seguida veio a construção do aeroporto e do prédio da prefeitura. As obras foram paralisadas com a morte do executor do Projeto, Ary Ribeiro Valadão Filho, filho do então Governador Ary Ribeiro Valadão, idealizador do projeto. Hoje, uma estátua do Ary Valadão Filho encontra-se na entrada da cidade, em sua homenagem.
CRIAÇÃO DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS
Em 1946, a nova constituição prevê a mudança da capital para o interior. Para tal foi formada a Comissão Poli Coelho destinada a determinar a área da nova capital. A comissão Poli Coelho estendeu a área do Distrito Federal até Veadeiros (Alto Paraíso), mas posteriormente esta área foi contraída, fazendo com que Veadeiros ficasse fora do distrito federal. Desta comissão fez parte Jerônimo Coimbra Bueno, quem em 1960 escreveu uma carta para o então Presidente Jucelino Kubstcheck pedindo a criação do Parque Nacional do Tocantins, pedido que foi atendido um ano mais tarde com um parque de 625 mil hectares, abrangendo toda a Chapada.
Dentro do seu território encontravam-se fazendas e garimpos de cristal. Ao longo de sua história, passou por diversas reduções de espaço até o formato atual de 65 mil hectares, aproximadamente 10 % do tamanho original. Trinta anos após a fundação do parque iniciou-se o processo de fiscalização efetiva da área, instituindo a obrigatoriedade do guia para adentrar na área do Parque e proibindo o acampamento dentro da unidade de conservação, no mesmo ano foi realizado o primeiro curso de guia, sendo criada a primeira associação, a ACVCV.
SÃO JORGE, O DISTRITO DE ALTO PARAÍSO.
O povoado de São Jorge, a antiga Baixa, recebia este nome porque ficava em um local abaixo de Alto Paraíso. A partir de 1951, após a segunda guerra mundial, aumentou a procura de cristais para fazer material bélico. Este fato da história mundial influenciou na fundação da Vila de São Jorge, pois o local possui enormes veios de cristal de quartzo e ali constituiu-se uma pequena vila de garimpeiros de caráter provisório, pois em 1956 a cotação do cristal caiu em função da criação do cristal sintético e ao mesmo tempo inicia-se a construção de Brasília que acabou atraindo os garimpeiros da antiga Baixa em busca de bons salários.
Com a inauguração de Brasília, muitos antigos garimpeiros retornaram. Como o preço do cristal no mercado melhorou, deu-se início a melhor fase do garimpo de São Jorge, fase que se estendeu até 1964, quando o golpe militar derrubou João Goulart e a junta militar que assumiu o poder realizou intervenções nas firmas que exportavam cristal para o exterior dando início à decadência do garimpo de cristal na antiga Baixa que continuou sobrevivendo apenas das lascas dos mesmos cristais, até que se tornou inviável a subsistência de muitas famílias que tiveram que se mudar em busca de melhores condições. A partir de 1989 começa a nova fase de São Jorge, com a organização de Brasília a economia do povoado volta a crescer.
COMO A BAIXA VIROU SÃO JORGE
Na época um homem influente do pequeno vilarejo, conhecido como Zequita propôs a mudança de nome do lugar para São Jorge, devido à sua forte crença no Santo.
A ideia de que São Jorge está nas alturas gerou uma boa aceitação dos moradores, já que a vila chamava-se Baixa.
Então Zequita mandou trazer de São Paulo a imagem de São Jorge que está na capela construída pelos garimpeiros e cuja festa é celebrada anualmente em 23 de abril. (FONTE: Site do município.)