ALTO PARAÍSO DE GOIÁS – Comunidade se une para limpeza de praça e tapa-buracos em ruas e avenidas.

O que é rotina para moradores em países desenvolvidos, ainda é raridade entre a população brasileira, o trabalho voluntário coletivo pela harmonia e bem estar geral.

Roberto Naborfazan

Com a mão na massa, vereador Zé Nêgo é um dos voluntários na conservação do bem público.

Estamos, no Brasil, distantes da consciência cidadã de moradores (quem mora tem as mesmas obrigações que os nativos) de países desenvolvidos. Os japoneses, por exemplo, fazem da cidadania, direitos e deveres, base para a formação pessoal e profissional.

Pagam impostos, como em qualquer país, no entanto, atuam na limpeza e na manutenção do bem público, independente de governos, apenas pelo bem coletivo.

Cada vez mais miscigenada, a cidade de Alto Paraíso de Goiás dá sinais de evolução nesse caminho, com lideranças atuando na melhor didática, dando o exemplo.

Praça do Canaã durante o mutirão…
…E após sua conclusão.

O vereador José Donizeth (Zé Nêgo) e o jovem Paulo Ribeiro (Paulão), por exemplo,  provocaram a atuação de vários voluntários, no mutirão de revitalização da Praça do Canaã e no tapamento dos buracos das ruas adjacentes a praça, como a Rua Delfino Szervinsk, no centro da cidade.

Vereador João Yuji (a direita) que tem estimulado os trabalhos voluntários, e o vereador Tito, dando força a iniciativa de Zé Nêgo.

A praça está localizada na área onde se concentram mercados e lojas, além de ser referência para uma boa conversa sentado nos bancos de cimento junto ao coreto ali instalado. Há ainda algumas barras para exercícios físicos, além de ser espaço para crianças e adolescentes se divertirem nos finais de tarde. A atuação coletiva melhora os espaços e integra pessoas.

O grupo, incentivado pelo vereador Zê Nêgo, tornou a Praça do Canaã novamente limpa, bonita, aconchegante. E isso custou algumas horas de trabalho voluntário, onde vizinhos se reviram, se falaram e deram risadas juntos. Os moradores das ruas em volta e quem passa por ali perceberam, aliviados, que não há mais buracos, o que representa menos desgastes e danos. O trabalho feito pelo grupo foi bom para todo mundo.

Outro grupo, esse liderado pelo vereador João Yuji, já está no terceiro mutirão do tapa-buracos por várias ruas e avenidas da cidade, inclusive a que dá acesso ao Setor Cidade Alta, passando pelo Posto de Saúde.

Recentemente atletas e dirigentes ligados ao esporte se uniram a voluntários e fizeram limpeza e pintura no Ginásio municipal de esportes.

São passos que dão exemplos, são ações que une e melhora a vida da própria comunidade, é o bem de todos acima de questões ideológicas ou partidárias.

Aproveitamos o tema para replicarmos o texto originalmente publicado no portal http://www.obaudoviajante.com.br para que nos sirva de reflexão.

O senso do coletivo e a cultura japonesa

Esse texto foi escrito pela nossa querida amiga Patrícia Takehana do blog Bagagem de Memórias. A Patrícia tem uma relação muito forte com o Japão e com a cultura japonesa, então ficamos super felizes dela poder contar um pouco mais sobre isso aqui no Baú.

O Japão é fascinante. Apesar de pequeno em tamanho, sua diversidade cultural é imensa. Um país que consegue misturar tradição e modernidade de forma única e natural, em que o respeito e o convívio coletivo parecem fazer parte do DNA das pessoas e onde tudo funciona perfeitamente – do simples ato de atravessar a rua de forma organizada à complexa malha de linhas de trens que cobrem praticamente todo o seu território.

Organização, pontualidade, segurança, limpeza, educação e respeito são características que chamam atenção de forma gritante. Isso tem explicação: os japoneses vivem de forma coletiva e isso é ensinado desde a base, seja em casa ou na escola.

Onde mais no mundo as pessoas se organizam em filas, de forma natural, para esperar pelo metrô? E aquele famoso cruzamento de Shibuya, com faixas de pedestre na diagonal, que funciona perfeitamente e sem esforço? Como não citar os funcionários das lojas de departamentos que vão para a porta no final do expediente para agradecer a presença dos clientes, mesmo que não tenham comprado nada? Só no Japão.

Lá, os alunos são responsáveis pela limpeza das salas de aula, não tem faxineiro. Eles também se revezam para servir o almoço uns para os outros. E mais! Os mais velhos recebem os mais novos e ensinam as regras, explicam a rotina e o funcionamento da escola. Assim, as crianças aprendem desde pequenas a respeitar os mais experientes, a propagar os ensinamentos e a cultura japonesa e, especialmente, que eles são os principais responsáveis pelo ambiente em que vivem.

Também não existem garis, é a própria população que se organiza de forma voluntária para limpar ruas, praças e locais públicos. Eles aprenderam isso na escola e levam para a vida fora dela. Lembra dos japoneses recolhendo o lixo das arquibancadas durante a Copa do Mundo no Brasil?

A forma mais fácil de se locomover pelo país é de trem. Eles são super pontuais, seja o pinga-pinga ou o shinkansen (trem-bala). Se o trem sai às 10h38 e você chegar 10h39, perdeu a viagem e vai esperar pelo próximo. Se você tem um lugar marcado, tenha a certeza que vai encontrá-lo vazio.

É uma cultura em que o meu tempo não vale mais que o seu, portanto atraso é uma falta de respeito muito grande. O meu espaço não é mais importante que o seu, por isso ninguém te empurra na rua. As minhas ações são tomadas pensando não em mim, mas no bem de todos, no coletivo.

O senso coletivo vai muito além. Eles buscam a homogeneidade do grupo, seja lá no que for. Ser destaque, positiva ou negativamente, não é algo muito bem visto e isso é levado muito a sério. Talvez você já tenha ouvido falar do alto índice de suicídio por notas baixas ou fracasso profissional. Na outra ponta, quem tem mais habilidade, inteligência ou desenvoltura acaba não explorando seu potencial para não despontar no conjunto. Isso explica o motivo deles não saberem receber elogios ou de não ficarem se gabando pelos seus feitos.

Pela mesma razão, japoneses são péssimos para tomar decisões, seja para escolher o restaurante do jantar ou para assuntos políticos. Cada um tem a sua opinião, mas contrapor o que o outro pensa ou quer não é algo confortável. As chances da primeira opção ser aceita por todos é bem grande, mesmo por quem não concorda.

Ganhar vantagem em cima dos outros não é prática comum. O jeitinho brasileiro de resolver as coisas, então… com certeza não faz parte da cultura deles. É um povo certinho. Até demais. Isso tudo garante o bom funcionamento e organização da sociedade, ao mesmo tempo que cria uma pressão enorme nas pessoas. Quem não está acostumado e passa um tempo no país sente bastante. Ônus e bônus. Prós e contras.

A proposta deste texto não é defender o Japão como o país perfeito, muito pelo contrário, é um lugar que também tem seus pontos negativos, como qualquer outro. A ideia é trazer uma reflexão sobre como pequenos detalhes das nossas vidas têm raízes profundas que muitas vezes não percebemos. Raízes que podem ser culturais, do convívio na escola, da relação com nossos pais. E como os valores que carregamos são demonstrados em cada ação que tomamos. Já parou para pensar nos seus, de onde eles vem e como eles regem sua vida?

 

 

 

 

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