ALTO PARAÍSO DE GOIÁS – Bêbado, motorista do transporte escolar é preso após bater em veículo de advogada e fugir do local.

Em depoimento à Policia Civil o motorista disse que bebeu na noite anterior, e que estava “apenas” de ressaca. Secretário de educação do município diz que ele já foi exonerado. Um servidor público aproveitou a situação para pedir que o prefeito contrate mais motorista para todas as pastas, principalmente a da saúde.

Roberto Naborfazan

Um motorista que trabalha no Transporte Escolar para a Secretaria municipal de Educação da Prefeitura de Alto Paraíso de Goiás foi preso na tarde do dia 21 de maio deste ano, após provocar um acidente na GO 118 (BR-010) e fugir do local.

De acordo com a apuração feita pela reportagem do jornal O VETOR, por meio de relatos da vítima, de testemunhas e do conteúdo da ocorrência registrada na Delegacia de Polícia Civil de Alto Paraíso de Goiás, a advogada Laleska Lorrayne Alves Rocha conduzia seu veículo, um HONDA/HR-V EX CVT, no sentido Teresina de Goiás, quando teve que parar devido a sinalização pare/siga em trecho que está sendo reformado da rodovia pelo Governo de Goiás, por meio da Goinfra.

Com o veículo parado, a advogada percebeu a aproximação de um Microonibus, versão: I/M.BENZ 516 SPRINTER (VAN), e que o condutor tentou passar entre o seu carro e outro imediatamente atrás, mesmo não havendo espaço, acabando por bater na traseira, ocasionando graves danos na parte traseira do seu veículo, e o arrastando lateralmente.

Na sequência, o condutor da Van empreendeu fuga, sendo necessário a advogada o seguir e o obrigar a parar já dentro da cidade, em frente a sede do Sindicato Rural.

Após interceptar o motorista em fuga, advogada percebe que ele está bêbado.
Policiais do 3° Batalhão da Polícia Militar Rodoviária do estado de Goiás atenderam a ocorrência e encaminharam o motorista infrator à Delegacia de Polícia Civil.

Ao buscar dialogar com o condutor da Van, a advogada percebeu que ele estava visivelmente alcoolizado, sem conseguir coordenar suas palavras, e que, pelas logomarcas nas portas, notou que a Van pertencia a secretaria de educação do município de Alto Paraíso de Goiás. O condutor, mesmo bêbado, levava uma senhora e uma criança.

Conforme relato da advogada, nesse momento passava uma viatura do 3° Batalhão da Polícia Militar Rodoviária do estado de Goiás, a quem ela narrou os fatos e pediu apoio.

Ao abordarem o condutor, identificado como J. G. de M. os Policiais Militares Rodoviários o informaram sobre seus direitos, e que os motoristas dos dois veículos seriam submetidos ao teste de etilômetro (bafômetro), mas o condutor do Microonibus (Van) se negou a fazer, sendo então informados que todos seriam conduzidos a Delegacia de Polícia Civil.

Uma mulher e uma criança estavam no veiculo conduzido pelo motorista bêbado.

Com a recusa em fazer o teste de etilômetro, J. G. de M. foi levado a presença do delegado titular da delegacia de Polícia Civil de Alto Paraíso de Goiás, doutor Rafael Turati Rossi e, em seguida, levado ao Hospital Municipal Gumercindo Barbosa para confecção de relatório médico, no qual constou, terminantemente, os sinais de embriaguez, sendo “halito etilico e marcha alterada.”

Em seu depoimento, o condutor do veículo para Transporte Escolar, J. G. de M, disse que bebeu seis garrafas de cerveja por volta das 23 horas do dia anterior, que acordou no dia seguinte (21/05) por volta das 5 horas da manhã e foi trabalhar, pois não estava bêbado, mas “apenas” de ressaca, deixando as crianças na escola por volta de 7h da manhã, e que, por volta das 11:40, (hora em que bateu no carro da advogada), estava indo buscá-las. Que no intervalo entre s 7 e as 11:40h ficou na garagem da prefeitura, de plantão.

No entanto, na sequência de seu depoimento, J. G. de M. afirma que estava sozinho no MICROONIBUS, (vídeo feito no momento da abordagem policial, ao qual o Jornal O VETOR teve acesso, mostra uma mulher e uma criança dentro do veículo) e que já tinha deixado todas as crianças e estava voltando para a garagem da prefeitura.

Em seu depoimento, o motorista disse que estava indo buscar as crianças que havia deixado pela manhã nas escolas.

Afirmou também que nem viu que tinha batido no carro, pois havia uns carros passando na GO 118, e ele desviou dos cones e pegou no carro da advogada, mas que ele nem viu que tinha batido, só percebendo quando a advogada buzinou. Ele alegou também que não tentou fugir, que saiu da GO 118 e estacionou na porta do Sindicato Rural, há aproximadamente 100 metros da GO.

Prisão e fiança

Conforme decisão da autoridade policial, mesmo J. G. de M. negando estar alcoolizado, a prova testemunhal e o relatório médico confirmam seu estado de embriaguez, incidindo no crime do artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Ele foi indiciado, sendo determinada sua prisão em flagrante pela prática do crime de dirigir veículo automotor com a Capacidade Psicomotora em razão da Influência de Álcool ou outra substância Psicoativa, e fuga do local do acidente, capitulados nos artigos 305 e 306, ambos do Código de Trânsito Brasileiro.

Como a somatória das penas máximas dos crimes cometidos pelo motorista infrator não superam 4 anos, o delegado Rafael Turati Rossi arbitrou fiança no valor de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais).

Veja no vídeo abaixo o momento em que o motorista é conduzido para o hospital para relatório médico.

Após pagar a fiança estipulada, J. G. de M. foi cientificado que deverá comparecer perante a autoridade policial e a autoridade judicial todas as vezes em que for intimado para atos do inquérito ou da instrução criminal e para o julgamento; a não mudar de residência, sem a prévia permissão da autoridade policial ou da autoridade judicial; e a não se ausentar, por mais de 8 (oito) dias, de sua moradia, sem comunicar às autoridades o lugar em que poderá ser encontrado.

Danos no veículo da vítima

Como, de acordo com o relato policial, os veículos tiveram danos de pequena monta, tanto o carro da vítima, quanto a Van da prefeitura, foram liberados aos seus proprietários.

O secretário municipal de educação Daniel Ramos Pimentel Cordeiro compareceu a delegacia e assumiu a recuperação do MICROONIBUS, versão: I/M.BENZ 516SPRINTER A4, como legitimo representante da proprietária do mesmo, a prefeitura de Alto Paraíso de Goiás.

Já a vítima, a advogada  Laleska Lorrayne Alves Rocha, disse ao Jornal O VETOR que ainda na delegacia, foi chamada para uma conversa pelo secretário de educação, Daniel Ramos, quando ele disse a ela que não se preocupasse porque os danos em seu veículo seriam ressarcidos pelo município, pois ele se responsabilizaria em intermediar essa situação com a secretaria de finanças, visto que, abaixo do prefeito, ele é quem determina as ordens no que acontece em sua pasta; pedindo em seguida, de acordo com palavras da advogada “que ela tratasse o caso com discrição, que não houvesse divulgação ‘na mídia’, provavelmente por ser um ano de eleições.”

Carro da advogada sofreu graves danos. Ela busca o ressarcimento pela prefeitura de Alto Paraíso de Goiás.

No entanto, afirma a advogada, após ser apresentado o orçamento do valor da recuperação dos danos causados em seu veículo, o secretário a teria bloqueado para contatos sem indicar com quem ela falaria para ser ressarcida.

“O senhor Daniel foi quem nos procurou na delegacia e disse que ele mesmo trataria desse assunto conosco, em momento algum nos disse para procurarmos o departamento jurídico ou a secretaria de finanças do município. Depois simplesmente nos bloqueou. O acidente aconteceu no dia 21 de maio, e nos mantivemos em silêncio, focados em resolver a situação, e encerrarmos o assunto. Nem a prefeitura de Alto Paraíso de Goiás, nem a secretaria municipal de educação se pronunciaram sobre o assunto e nem deram publicidade ao fato de um seu funcionário ter sido preso bêbado, dirigindo um veículo escolar, e que já havia naquele dia transportado várias crianças, conforme depoimento do próprio motorista, colocando suas vidas em risco”. Desabafa a advogada Laleska Lorrayne Alves Rocha.

O outro lado.

Procurado, o secretário municipal de educação, Daniel Ramos, disse a reportagem do Jornal O VETOR que realmente o motorista J. G. de M havia sido preso dirigindo um Microonibus (Van) do Transporte Escolar da prefeitura de Alto Paraíso de Goiás.

Que compareceu a Delegacia de Polícia, e assumiu todas as responsabilidades que competiam a ele enquanto secretário de educação, como fazer a liberação da Van.

Contrariando o depoimento dado a autoridade policial pelo motorista J. G. de M, o   secretário Daniel Ramos afirma que, naquela ocasião, o motorista não estava a serviço da secretaria municipal de educação, no que tange a transportes de estudantes, pois ele (o motorista) havia pego o veículo sem autorização, se envolvendo em seguida nesse acidente.

Daniel Ramos afirma que a Van estava vazia e que, naquele dia, o motorista não havia feito o transporte de crianças.

Quanto a afirmação da advogada Laleska Lorrayne Alves Rocha de que a secretaria de educação tentou abafar o caso, Daniel Ramos afirma que é “invenção da cabeça dela”, porque em nenhum momento foi dito isso, nem por ele, nem por ninguém da gestão municipal.

“O que eu disse a ela foi que todas as providências seriam tomadas a título de ressarcimento e que nos faríamos o que a legislação determina, porque eu não posso tirar recurso público para paga-la da forma que ela queria, já um ou dois dias depois do acidente. Porque ela queria que já fizéssemos o depósito na conta da empresa em que ela fez o orçamento. Então eu disse a ela que estávamos estudando as maneiras legais para que fosse feito o ressarcimento dentro da lei”. Pontuou o secretário.

“Quanto ao motorista, ele foi afastado do trabalho no mesmo dia, já foi exonerado, vai receber seus direitos trabalhistas e não consta mais na folha de pagamento da secretaria de educação. Ressalto novamente que a advogada está equivocada, pois não tentamos ‘abafar” nada. Acrescento também que não mais respondi a ela ou ao seu marido no WhatsApp porque eles me trataram de forma bem deselegante em meu telefone pessoal, e nós temos um telefone institucional, pelo qual ela já fez contato, e é por lá, pelo telefone institucional da prefeitura ou da secretaria de educação, que deve ser tratado esse assunto, e não no meu telefone pessoal, por isso não os respondi mais”. Ressaltou Daniel Ramos.

O secretário disse ainda que só houve o bloqueio em seu telefone pessoal, por orientação do departamento jurídico, e que os telefones institucionais continuam a disposição. Afirmou ainda que, após a advogada fazer contato pelo telefone institucional da prefeitura, no último dia 03, foi aberto um protocolo para dar início ao processo de ressarcimento dos valores referentes aos danos causados no veículo.

Motoristas cansados

Ao Jornal O VETOR um funcionário municipal, que pediu para não ser identificado para não ser prejudicado em sua função, disse que o motorista J. G. de M. é uma pessoa boa e humilde, mas cometeu um crime e deve arcar com as responsabilidades.

“Soube hoje (dia 03) desse assunto e lastimo o ocorrido. Esse fato aconteceu na secretaria de educação, mas em outras pastas está faltando a contratação de motoristas, sejam comissionados ou por concurso. Na secretaria de saúde os motoristas estão trabalhando até vinte e quatro horas seguidas, sem o descanso necessário, pela responsabilidade que eles têm de transportar pacientes para outros municípios distantes, como Brasília, Goiânia, Uruaçu, Formosa e outros. Há poucos dias, o motorista de uma ambulância, muito cansado, teve um acidente transportando uma paciente para hemodiálise; ele se machucou muito, e a paciente, já debilitada, teve muitas fraturas, ficou alguns dias internada e faleceu nesta semana. A prefeitura deveria ser responsabilizada por isso.”

“O prefeito, que vive postando vídeos em redes sociais, não se posiciona sobre nada disso, não fala em contratações ou concursos, mas trabalhou junto com os vereadores seus aliados na Câmara para aumentar salário dele, dos secretários e dos próprios vereadores em valores entre 54% e 81%. Os vereadores que recebiam R$ 5.151,00 passam a receber R$8.500,10, (65%), os secretários que recebiam R$4.671,10 passam a receber R$8.500,27 (81%), o prefeito que recebia R$12.333,92 passa a receber R$19.954,80 (61%), e o vice-prefeito, que recebia R$6.166,95 passa a receber R$9.500,00 (54%). Se está dentro da lei eu não sei, mas a atenção com os funcionários deveria ser feita com a mesma velocidade como eles fazem as coisas do interesse deles. Na minha opinião o povo deveria observar esses vereadores que não fiscalizam nada, parecendo que tudo que é feito pela prefeitura de Alto Paraíso está certo”. Desabafou o servidor público.

Por telefone, a secretária municipal da saúde, Bruna Nascimento, disse ao jornal O VETOR que o acidente citado por nossa fonte aconteceu não por cansaço do motorista, mas sim por um carro que se encontrava parado, à noite, no meio da pista sem nenhum tipo de sinalização.

Que o veículo envolvido nesse acidente não era uma ambulância para o transporte de pacientes em estado de urgência ou emergência, e sim um veículo que pertence ao transporte sanitário, ou seja, transporte eletivo, que serve aos pacientes coletivos, que vão para exames, consultas, hemodiálise, etc.

A secretária afirma ainda que nenhum motorista está sendo obrigado a trabalhar de forma exaustiva, pois existe uma escala, existe um revezamento entre os locais de viagem, e as horas extras feitas pelos motoristas não são obrigatórias, são facultativas, ou seja, eles aceitam fazer as viagens e todas as escalas são minuciosamente analisadas pelos coordenadores de cada área.

Quer receber todas as nossas publicações com exclusividade? Faça parte do nosso grupo de leitores no WhattsApp. Acesse https://chat.whatsapp.com/IfZL4dQkjrS6m9NXLNmty

Share

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *