Alto Paraíso de Goiás: Assentamento Sílvio Rodrigues e Cidade da Fraternidade recebem o Projeto Semeando

Sensibilizar moradores do assentamento Silvio Rodrigues, localizado no município de Alto Paraíso (Chapada dos Veadeiros), para cuidados especiais com áreas de nascentes , foi o desafio do projeto Semeando o Bioma Cerrado, da Rede de Sementes do Cerrado.

Alunos do Educandário Humberto de Campos visitam Unidade de Capacitação e Apoio
Alunos do Educandário Humberto de Campos visitam Unidade de Capacitação e Apoio

Roberto Naborfazan*

O Projeto esteve também na Cidade da Fraternidade, realizando oficinas práticas e teóricas sobre a importância dos recursos hídricos da região, além de apresentar técnicas conservacionistas e atitudes individuais que permitirão àquela comunidade manter suas nascentes e recuperar suas áreas degradadas com plantios orientados. O evento aconteceu nos dias 24 e 25 de outubro.
Entre os saldos do curso de educação, além do aprendizado, estão a possibilidade de apresentar a Unidade de Capacitação e Apoio à Produção de Sementes e Mudas Florestais para toda a comunidade e gerar novas expectativas para aplicação de práticas técnica e economicamente sustentáveis.
O curso ministrado pela equipe de Educação Ambiental da Associação dos Amigos das Florestas (AAF), uma OSCIP parceira do Projeto e segundo a presidente, Mery-Lucy Souza, o tema escolhido está entre os objetivos da Carta da Terra, “Conheça mais sobre o lugar em que Vive” e a proteção das nascentes da região. Entre os diversos recursos que a natureza disponibiliza, a água é o mais fundamental à vida humana e de todas as espécies de plantas e animais que habitam o planeta. “Trata-se, sem dúvida, de um recurso natural de altíssimo valor econômico, estratégico e social, sendo, também, considerado um importante regulador do clima na Terra”, sublinha Mery.
A aproximação com o Projeto Transformar, mantido pelas lideranças do assentamento é positiva na avaliação de Mery, a medida que, com essas oficinas, deverão ser formados multiplicadores da mensagem ecológica.
Para o coordenador do Projeto da Rede de Sementes do Cerrado, RozalvoAndrigueto, o Transformar é uma mostra do que um projeto pode proporcionar para as comunidades. “Com isso, vemos um projeto que influenciou outro e gerou uma nova proposta”, conclui ao destacar que este contexto vem ao encontro do objetivo do Semeando.
As visitas de alunos do Educandário Humberto de Campos e de moradores vizinhos à Unidade, mesmo sem frequentarem o curso, permitiu que se fizesse um alerta à importância da recuperação de áreas degradadas, à proteção de nascentes e à produção de mudas de qualidade para a preservação do Cerrado
A Unidade de Capacitação e Apoio integra, em um mesmo espaço, as várias etapas que compõem a produção de mudas de qualidade para o Cerrado com aplicação de técnicas modernas de cultivo. Desde o preparo da terra até a produção da muda em estágio ideal de plantio estão dispostos em sequência para o aprendizado. A lista de espera para frequentar a rotina de aprendizado do Projeto Transformar, desenvolvido nas duas localidades, tinha 37 inscritos e, nesta segunda-feira (27), subiu para 63, registra o idealizador, Márcio Selaibe. Durante o curso de sensibilização, ele apresentou também o projeto experimental com mudas de espécies desenvolvidas pela Embrapa, o maracujá pérola do cerrado e a amora preta.

Caminho da nascente
Durante o curso ministrado pela presidente da Associação dos Amigos das Florestas (AAF), Mery-Lucy Souza, sob o tema “Conheça mais sobre o lugar em que Vive”, os participantes receberam informações sobre a importância de conservar as nascentes de água dentro das propriedades onde moram. Ao mostrar, de forma interativa, até onde a água de uma pequena nascente chega e, no caso deles, vai até Serra da Mesa, Mery salientou que morar em uma área de referência em recursos hídricos para o planeta é um grande privilégio e também uma responsabilidade. “Ter uma nascente em casa é como ganhar na Mega Sena da virada acumulada”, assinalou, considerando que as perguntas dos participantes sobre como a cidade de São Paulo e o Rio São Francisco chegaram à situação atual mostraram que a sensibilização aconteceu, apesar dos poucos dias. Com esta percepção concorda Selaibe ao declarar que “já no domingo, após os eventos, lideranças vieram nos procurar para expor as preocupações com relação a água e a comunidade, porque a produção de água do assentamento caiu mais de 40% nos últimos três anos”.
De acordo com a presidente da AAF, para que as propostas apresentadas aos participantes do curso e integrantes do projeto Transformar na Unidade de capacitação se efetivem é fundamental a integração com as autoridades locais.

Orientação qualificada
Na inauguração do viveiro da Unidade os participantes do curso receberam mais informações. Com capacidade para produzir 20 mil mudas e estufa com estrutura para desenvolver outras 20 mil mudas, o viveiro possui uma estrutura de padrão médio, comparada ao ambiente comercial do Brasil, segundoAndrigueto.
Durante o evento, Geovane Andrade, da Embrapa, foi à Unidade de Capacitação para repassar conhecimentos a respeito das duas espécies que estão no projeto experimental aos participantes do curso, o maracujá pérola do cerrado e a amora preta, e também falou a respeito do cultivo de outras espécies florestais do bioma.
Selaibe comemora a inauguração da Unidade de Capacitação e de Apoio a Produção de Sementes e Mudas Florestais. “Nossos objetivos se ampliaram não só no auxilio à formação complementar dos jovens, mas na esperança e a convicção de que com esforços coletivos comunitários e práticas técnica e economicamente sustentáveis, em apenas três anos, teremos mais de 80% das APP’s recuperadas e conservadas. A região da Fraternidade será um modelo de evolução agrícola sustentável com as características do nosso bioma e ainda contribuiremos para um plano de manejo sustentável para agricultura familiar na APA do Pouso Alto também localizada na Chapada dos Veadeiros (GO)”.

O coordenador do projeto, que é patrocinado pela Petrobras, assinala que, entre os benefícios indiretos das ações de sensibilização, está o impacto causado nos jovens em idade escolar. A diretora do Educandário, Alice Yabiku, declarou a RozalvoAndrigueto que jovens participantes das atividades da Unidade de capacitação em suas rotinas de aprendizagem, já tiveram avanços percebidos por colegas e professores em comportamento e disciplina na escola. Das 198 crianças que frequentam o Educandário do assentamento Sílvio Rodrigues, 150 estiveram na Unidade de Capacitação e Apoio.
*(Com dados daAssessoria de imprensa – Semeando o Bioma Cerrado)

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