ALTO PARAÍSO – Ação municipal minimiza problemas com destinação final do lixo
Prefeitura aproveita maquinário do programa Patrulha do Desenvolvimento Regional, do governo do estado, abre valas para deposito do lixo em camadas, elimina mau cheiro e moscas e recebe respaldo de grupos ambientalistas
Roberto Naborfazan
Os municípios brasileiros já deveriam ter fechado seus lixões desde agosto de 2014, mas quase três mil municípios e o Distrito Federal não conseguiram cumprir as determinações da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010). Com isso, em julho de 2015 o senado federal aprovou a prorrogação do prazo, de forma escalonada, fazendo com que as datas-limite variem entre 2018 e 2021. A proposta de prorrogação do prazo foi uma demanda de prefeitos e entidades representativas, como a Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
Em Alto Paraíso de Goiás, depois de um intenso trabalho de limpeza em áreas públicas e da coleta em mais de cem caminhões carregados de entulhos na sede do município, a secretaria de Transportes, comandada pelo eficiente e discreto secretário Lecides Alves Ferreira, buscou sugestões e respaldo de entidades ligadas a proteção do meio ambiente, entre elas o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), para colocar em prática um método próximo ao modelo de Aterro Controlado.
O prefeito Álan Barbosa conseguiu que as máquinas pesadas que compõem a Patrulha do Desenvolvimento Regional, criada pelo governo do estado para retirada de entulhos nas cidades em locais de difícil acesso, atuasse durante alguns dias em Alto Paraíso. Com isso, Lecides utilizou as potentes máquinas para abrir várias grandes e profundas valas na área onde está localizado o Lixão. Acomodou em uma delas todo o lixo que estava exposto, limpou toda a área, diminuindo significativamente a quantidade de moscas, insetos e o sobrevoo de pássaros. Afastou a cerca que delimitava a área do lixão, criou barreira visual com a terra das valas, tirando a má impressão de quem trafega pela GO – 118, que antes avistava monturos de lixo praticamente na entrada da cidade.
Junto a cerca, a equipe da secretaria de transportes está preparando o plantio de árvores frutíferas e eucaliptos.
Mas o grande passo foi dado na direção da não exposição do lixo ao ar livre. Segundo o secretário Lecides, o lixo é colocado em camadas, sendo a primeira mais espessa e composta apenas por lixo seco, e na sequencia, lixo úmidos e secos alternados. Lotada a primeira vala, cobre-se com terra e depois faz-se o plantio de gramas ou árvores frutíferas.
“Estamos longe do ideal, mas o que estamos fazendo é inovador e dará para nossa comunidade, por um bom período, o sossego em relação ao mau cheiro e a grande quantidade de moscas que infestavam a cidade. Antes, a pessoa chegava a esta área e de longe já era incomodada com o odor e moscas batendo no rosto. Hoje estamos aqui com os vidros do carro abertos e não se vê uma mosca. Alguns ambientalistas me questionaram, dizendo que ao enterrar o lixo se enterra muito metal pesado, que pode chegar ao lençol freático, eu argumentei que é melhor corrermos o risco de o lençol ser atingido daqui dez, quinze anos, quando já poderemos ter encontrado novas soluções, que deixar o lixo exposto durante todo esse tempo, provocando males a saúde e as chuvas levando tudo isso diretamente para os rios. Todos concordaram que é melhor tomarmos medidas paliativas que não tomarmos iniciativa alguma”, Ressalta Lecides.
Outro ponto destacado pelo secretário é o trabalho de limpeza que está sendo feito em toda a área pertencente ao Lixão. O foco desse trabalho, segundo Lecides, é deixar a área limpa e preparada para o Aterro Sanitário, assim que os recursos forem disponibilizados.
Infelizmente, várias pessoas não se conscientizam da necessidade de armazenar seu lixo adequadamente e coloca-lo para recolhimento nos dias de coleta agendados pela prefeitura. Muitos preferem colocar o lixo em seu veiculo e levar até a área do lixão, onde jogam todo tipo de imundície sem o menor critério e em qualquer lugar, mesmo depois das valas abertas, que seria o local adequado. Depois são os primeiros a reclamar de danos ambientais e para a saúde.
Não há recursos para manutenção de um vigilante, pessoas ligadas a uma ONG até se propuseram a bancar o salário desse vigilante, mas chamados para oficializar a proposta, não compareceram.
No local onde está o Lixão existe o esqueleto de uma usina de reciclagem, conseguida na gestão do prefeito Divaldo Rinco. Inconclusa, foi relegada ao esquecimento e ao saqueamento de peças, fios, motores e até da cobertura, tudo isso sob o olhar conivente ou omisso de muitos. Ninguém foi cobrado e muito menos punido por esse vilipêndio ao erário.
N’uma visão clara das limitações financeiras do município, em confronto com a urgente solução para os problemas causados pelo lixo exposto a céu aberto, tanto nas questões ambientais, quanto de saúde pública, Alto Paraíso tem em andamento um projeto que minimiza em grande escala o problema com o destino final produzido pela população local e circulante.
“Há que se ressaltar, no entanto, que o planejamento desse projeto busca atender tanto o problema emergencial, diminuindo mau cheiro e, principalmente, as moscas, como já citamos, mas também já preparando para em médio prazo construirmos o Aterro Sanitário e acabarmos de vez com esse problema com o lixo”, Finaliza o secretário Lecides.