“AJUDA NA PINGA” – O jeito inusitado de Leo ganhar a vida nas ruas de Goiânia
Com uma abordagem peculiar, Leo Silva deixou de pedir dinheiro para comprar comida, e passou a carregar um cartaz pedindo ajuda para comprar pinga.

Cansado de ouvir resposta negativa ao pedir ajuda para comer, em alguns cruzamentos de vias no Centro de Goiânia, Leonardo Pereira Silva, de 34 anos, mudou a estratégia e já contabiliza melhora com o novo modus operandi, um cartaz de papelão em que exibe a inusitada mensagem “ajuda na pinga”. Só que não!
Muito moço ainda, bom porte físico, sorriso fácil, Leo – vamos chamá-lo assim – veio de São Luís de Montes Belos, a 120 km de Goiânia, pouco mais de 34 mil habitantes, e alega que não teve oportunidades de trabalho na cidade do Oeste goiano, que se sustenta economicamente em comércio, pecuária leiteira e de corte e agricultura, e nem na capital, apesar de plena idade produtiva, “bom para trabalhar”, segundo ouve de muitos.

“Eu pedia para comer e as pessoas olhavam desconfiadas e diziam que eu queria era beber pinga”, explica ele, incomodado com o julgamento.
Foi então que teve a ideia de “fazer do limão uma limonada”. Inicialmente, receoso de reação semelhante, manteve o antigo cartaz na mochila em que carrega coisas pessoais e algumas doações, entre roupas usadas e um sapato e um chinelo seminovos.
No primeiro dia, ao expor o novo cartaz, ouviu forte sentença de um motorista: “Você não tem vergonha na cara?”.

Sem medo de cara feia e broncas, seguiu a intuição e hoje, se não agrada a quem aborda ou se não ganha de todos os trocados de que necessita, ao menos desperta muitos sorrisos e brincadeiras. “Bom humor também faz bem”, diz resignado.
***Dehovan Lima é jornalista.
FOTO DE CAPA: Montagem Jornal O VETOR.