SAÚDE – Levar tratamento de esgoto para população é desafio dos governantes.

Doenças ligadas à falta de saneamento geram custo de R$ 100 mi ao SUS.

REDAÇÃO**

Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em Nova Almeida, no estado do Espírito Santo.

As internações hospitalares de pacientes no Sistema Único de Saúde (SUS), em todo o país, por doenças causadas pela falta de saneamento básico e acesso à água de qualidade, ao longo de 2017, geraram um custo de R$ 100 milhões. De acordo com dados do Ministério da Saúde, ao todo, foram 263,4 mil internações. O número ainda é elevado, mesmo com o decréscimo em relação aos casos registrados no ano anterior, quando 350,9 mil internações geraram custo de R$ 129 milhões.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cada dólar investido em água e saneamento resultaria em uma economia de US$ 4,3 em custos de saúde no mundo. Recentemente, organizações ligadas ao setor privado de saneamento, reunidas em São Paulo, reforçaram a teoria da economia produzida por este investimento. Pelas contas do grupo, a universalização do saneamento básico no Brasil geraria uma economia anual de R$ 1,4 bilhão em gastos na área da saúde.

No mesmo evento – Encontro Nacional das Águas – os representantes das empresas apontaram que dos 5.570 municípios do país, apenas 1.600 têm pelo menos uma estação de tratamento de esgoto e 100 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à tratamento de esgoto.

Atualmente, de acordo com o Instituto Trata Brasil, apenas 44,92% dos esgotos coletados no país são tratados. O Brasil tem uma meta de universalização do saneamento até 2033. Este objetivo previsto no Plano Nacional de Saneamento Básico, representaria um gasto de cerca de R$ 15 milhões anuais, ao longo de 20 anos. E este é um dos desafios para os governantes a serem eleitos em outubro.

Medidas para o Saneamento Básico

Desde a idade antiga o homem aprendeu, através de suas experiências, que água contaminada, lixo e outros resíduos eram possíveis transmissores de doenças, e que isto influia diretamente na qualidade e expectativa de vida dos habitantes. Assim ele começou a adotar medidas para tratar sua água e livrar-se dos resíduos sejam sólidos ou líquidos.

O termo “sanear” vem do latim “sanu” que é tornar saudável, tornar habitável, higienizar, limpar.

O saneamento básico é composto por um conjunto de medidas que têm o objetivo de conservar ou melhorar o meio ambiente de uma região, colaborando para manter as condições de higiene e saúde da população. Entre os serviços que compõem esse conjunto, estão o tratamento da água, a coleta e o descarte adequado de resíduos sólidos, a limpeza de vias públicas e a canalização, afastamento e o tratamento de esgotos.

Resíduos flutuantes que são descartados inapropriadamente nas ruas e chegam até os cursos d’água.

Com relação ao último, trata-se de uma infraestrutura que faz a coleta, o transporte, o tratamento e a disposição final do material coletado, dividida em três grupos: doméstico (com origem nas residências), pluvial (formado por água da chuva) e industrial (eliminado por fábricas). Antes de serem devolvidos ao meio ambiente, com exceção do grupo pluvial, esses resíduos passam por um processo de limpeza em Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs). Infelizmente no Brasil ainda não existe uma política que trate os resíduos provenientes das galerias pluviais e portanto, os rios e córregos brasileiros sofrem principalmente com o esgoto clandestino que utiliza esse meio para chegar, sem nenhum tratamento, até as águas.

As substâncias que compõem cada tipo de resíduo são diferentes, por isso, exigem métodos específicos de tratamento. Já a rede coletora costuma funcionar de maneira semelhante para todos: a partir de canalizações instaladas ao lado de leitos de água que encaminham os esgotos para uma ETE.

Esse procedimento é fundamental para evitar a poluição dos recursos naturais, especialmente os cursos de água, e a proliferação de doenças entre os cidadãos. As infecções mais comuns transmitidas pela falta de tratamento de esgotos são a cólera, a hepatite infecciosa, a febre tifoide, a leptospirose e também diarreias. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), em dados atualizados de 2011, as doenças relacionadas com a falta de saneamento básico, principalmente as diarréias ainda são uma das principais causas de morte de individuos em países de baixa e média renda, como o Brasil por exemplo.

Apesar de sua importância, os dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008 – divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010 – mostram que somente 55% dos municípios brasileiros estão conectados à rede geral de coleta de esgoto, sendo que apenas um terço deles realiza o tratamento adequado, ou seja, o resto vai direto para os rios.

Para finalizar, pense bem antes de jogar um lixo na rua, ligar seu esgoto em uma galeria de água pluvial ou jogá-lo diretamente em um curso d’água, saiba que isso influi diretamente na saúde de sua comunidade. Uma população doente representa maior gasto público. É dinheiro público jogado literalmente no esgoto.

**Com Carolina Gonçalves – Repórter da Agência Brasil  (Maceió)

 

 

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