GESTÃO AMBIENTAL – Empreendimentos caminham para certificação sustentável no distrito de São Jorge.

Oficina de encerramento da ação Consultoria Socioambiental em Meios de Hospedagens, integrante do Projeto Brasil Central Turismo, oferecida pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), deu visibilidade ao empenho dos empreendedores do ramo, instalados no distrito de São Jorge, em Alto Paraíso de Goiás. Busca pela energia fotovoltaica, reuso da água e reutilização de recicláveis, colocam cinco empreendedores no pioneirismo da educação ambiental na região.

Roberto Naborfazan

Oficina Gestão de Resíduos, ministrada pelo consultor de meio ambiente, Emiliano Godoi.

Rendeu bons frutos a oficina Gestão de Resíduos em Meios de Hospedagens, ministrada pelo consultor de meio ambiente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), Emiliano Godoi, aos empresários do trade turístico da Chapada dos Veadeiros, na manhã de segunda-feira, 25, no distrito de São Jorge, em Alto Paraíso de Goiás, marcando o encerramento da segunda fase do Projeto Brasil Central Turismo (Clique e conheça).

No horário entre as 8:00 e as 12:00 horas, os participantes da oficina puderam debater e dar clareza a temas como a Lei sobre geradores de resíduos, como colocar em prática a reutilização de recicláveis, a diferença entre rejeitos e resíduos, o monitoramento do lixo no antes, durante e depois para medição do orgânico e do inorgânico, além da criação de um grupo de sustentabilidade para agir  no coletivo, em ações como a articulação junto ao s recicladores, aos poderes constituídos, as associações de moradores e junto aos empreendedores.

Na visão de Emiliano Godoi “A expectativa é de que os empreendimentos incorporem práticas de sustentabilidade no dia a dia de suas atividades, estabelecendo políticas ambientais, objetivos, metas e indicadores ambientais. Com isso, teremos como avaliar o desempenho da empresa nesses quesitos, fazendo com que ela tenha menor geração de resíduos, uma eficiência energética mais adequada, uso racional da água, com reaproveitamento em muitos casos, enfim, que ela tenha práticas dentro do dia a dia das pousadas, que permitam que elas tenham um desempenho ambiental melhor. No caso especifico dos resíduos, que ele (o empreendedor) elimine a geração desses resíduos ou os reaproveite, para que possamos deixar claro para os hospedes e visitantes que a empresa está preocupada com a questão ambiental”. Ressalta.

O SEBRAE desenvolveu uma metodologia especifica de adequação ambiental para meios de hospedagem e vem implantando junto as pousadas que aderiram ao projeto. Existem outras metodologias de adequação ambiental que se aplicam a qualquer outro tipo de atividade para pequenas e micro empresas.

Citando a energia fotovoltaica como exemplo, Emiliano Godoi esclarece, “o SebraeTec pode ser parceiro na elaboração de projeto especifico para cada empreendimento verificar a viabilidade econômica para implantar painéis solares naquele estabelecimento. O empreendedor pode buscar o SebraeTec não só para respaldo na questão da eficiência energética, como também para o reuso de água, redução de geração de resíduos, para ter um projeto especifico para aquele empreendimento. O fundamental é o empreendedor ir até o Sebrae e verificar entre essas diversas linhas quais a que se encaixam dentro do projeto da empresas.” Finaliza o consultor

Cléber Chagas e Emiliano Godoi – Gestor e consultor do projeto, respectivamente.

O SebraeTec foi criado para que os pequenos negócios pudessem inovar por meio do acesso à mão de obra especializada em sete áreas de conhecimento: design, produtividade, propriedade intelectual, qualidade, sustentabilidade e tecnologia da informação e comunicação (TIC) e inovação. O Programa é uma ferramenta que permite às empresas, de qualquer setor econômico, acessarem os conhecimentos tecnológicos existentes e disponíveis nas instituições de ensino, pesquisa e extensão tecnológica, com subsídio de até 80% dos custos dos serviços de consultoria tecnológica individual.

Gestor do Projeto Brasil Central, o gerente do escritório regional do Sebrae em Posse, Cleber Chagas, assinala que “Ao falar em acessar mercado nacional e internacional, foco do Projeto Brasil Central Turismo, o empreendedor precisa estar atento a sua responsabilidade ambiental, que tem sido fator determinante no momento da escolha pelo cliente. Especialmente em locais sensíveis, onde a natureza é o fator de desenvolvimento econômico e social, o cliente tende a escolher o empreendimento que adota práticas sustentáveis em seu dia a dia. Nesse sentido, e dentro do escopo do Projeto Brasil Central Turismo, tivemos cinco pousadas aderidas ao Projeto e que foram beneficiadas pela consultoria Socioambiental em Meios de Hospedagens, que aconteceu de  setembro de 2017 a fevereiro deste ano, quando os empreendedores receberam controles e planilhas, de acordo com sua realidade, para fazerem a gestão ambiental de seus empreendimentos. Receberam também orientações para redução do consumo de energia, de água, o tratamento e reaproveitamento correto dos resíduos sólidos, e orientações sobre a política ambiental dessas empresas. Foi um trabalho de vários meses, que permitiu aos empresários receberem esses insumos para que pudessem fazer uma gestão sustentável de seus negócios, visando redução de custos, redução de desperdícios e a apresentação final de um empreendimento socialmente responsável.” Resumiu Cleber Chagas.

Trinta estabelecimentos no território da Chapada dos Veadeiros se integraram ao projeto, cinco deles na ação Sustentabilidade em Meios de Hospedagens. A ação foi subsidiada em setenta por cento pelo Sebrae, com trinta por cento de contrapartida por parte dos empreendedores. Informações importantes para o empreendedor podem ser obtidas no endereço www.sustentabilidade.sebrae.com.br

Empreendedores e multiplicadores da educação ambiental na Chapada dos Veadeiros.

“Na oficina de hoje, que foi a última da ação Consultoria Socioambiental em Meios de Hospedagens, buscamos fazer um alinhamento dentro dessa responsabilidade de cada empreendimento. Como gestor desse projeto, vejo como resultado a constatação pelos próprios empresários da redução de custos, o que para o empreendimento é fantástico. Nos dias atuais, em que os custos com água e energia estão sempre aumentando, o empresário conseguir reduzir o consumo, evitando o desperdício, é algo muito positivo. Outro ponto positivo aqui debatido e assimilado é que o pousadeiro demonstre isso ao seu público, expondo que suas pousadas têm uma política de sustentabilidade atuante, porque o público valoriza e dá preferência para os empreendimentos que têm práticas sustentáveis. Destacando que esses cinco primeiros pousadeiros, além de pioneiros, passam a ser também multiplicadores dessa educação ambiental nesse suporte dado pelo Sebrae. No próximo passo na busca por resultados, se a empresa quer ser certificada em sustentabilidade, o Sebrae pode apoiar no projeto, via SebraeTec, também com subsidio de setenta por cento.” Indica Cleber Chagas.

Renascimento de uma proposta

Essa é a visão da empreendedora e parceira do Sebrae, Aristéia Avelino do Nascimento Santos, Téia. Buscar o renascimento da proposta que depois de implantada se deixou desmoronar. “Por volta de 2010, um dos grandes problemas no distrito de São Jorge era a questão do lixo a céu aberto, porque o chorume ia direto para o Rio Preguiça, e consequentemente para o Parque Nacional.” Conta Aristéia.

Aristéia Avelino do Nascimento Santos, Téia. “É preciso conscientizar a comunidade e dar a ela instrumento para execução dessa responsabilidade, e isso se faz com educação e envolvimento comunitário”.

“Como administradora do distrito de São Jorge na época, nomeada pelo então prefeito Divaldo Rinco, formamos uma equipe com a proposta de eliminamos o lixão, transformando a área em um espaço para compostagem. Fizemos isso trabalhando com os maiores geradores de resíduos, que eram os donos de pousadas e restaurantes. Dentro de um processo de educação ambiental, recolhíamos o lixo orgânico, transformávamos em adubo, que era distribuído para a horta da escola e para a própria comunidade. O próximo passo foi trabalhar o lixo seco, separando e levando a área de coleta, feita uma vez por mês pela prefeitura. Dentro do projeto de educação ambiental, pensamos também a questão de custos e vimos que a coleta feita mensalmente pela prefeitura era suficiente, evitando o custo de transporte São Jorge/Alto Paraíso se a coleta fosse realizada em mais vezes. Buscamos recursos e construímos os Pontos de Entregas Voluntárias (PEVS), todos feitos em adobe, com impermeabilização, para evitar o barbeiro, transmissor da doenças de Chagas, e neles instalamos tambores para lixos orgânicos, recicláveis e para rejeitos. O trabalho da prefeitura era apenas recolher os lixos, já separados, nos Pevs. Já havíamos feito um trabalho de conscientização junto a comunidade, com envolvimento da escola municipal. Formamos um comitê gestor, com representantes de pousadas, restaurantes, camping, do comércio local e com apoio de membros do ICMBio. Infelizmente, depois de todos esses passos dados, com a mudança de gestão, o projeto foi cortado ao meio, os Pevs foram derrubados e tudo foi direcionado para o ganho financeiro, preterindo a educação e o ganho ambiental. Com a criação do Grupo de Sustentabilidade e com apoio da comunidade, creio que teremos sucesso em qualquer projeto dessa natureza. Com a participação da comunidade, faremos renascer a proposta de minimizarmos ao máximo a geração de resíduos descartáveis, visto que a Lei é bem clara – Cada um é responsável pelo resíduo que produz. A pessoa tem que entregar para o município ou a quem a prefeitura designar, o seu lixo adequadamente separado. Então é preciso conscientizar a comunidade e dar a ela instrumento para execução dessa responsabilidade, e isso se faz com educação e envolvimento comunitário. Vejo então que projetos como esse do Sebrae, que trás para o debate o uso eficiente da água, o uso eficiente da energia e o gerenciamento de resíduos sólidos, nos possibilitará reerguer o trabalho que fizemos em passado recente.” Diz, com entusiasmo, a empreendedora.

Share

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *