Alto Paraíso – Manifestantes exigem conclusão de casas populares pela AGEHAB.

Obra estimada em dois milhões de reais, que era para ser entregue em Julho de 2013, está abandonada e servindo de moradia para mosquitos transmissores de doenças e abrigo para drogados e bandidos. Famílias cobram conclusão e acionaram o Ministério Público.

Roberto Naborfazan

A construção de 50 unidades habitacionais no Setor Cidade Alta, em Alto Paraíso de Goiás, através de convênio entre a Caixa Econômica Federal (FGTS), governo de Goiás, através da AGEHAB (compra, entrega do material e contratação de empresa por licitação) e Prefeitura Municipal (doação de terreno), que eram para serem entregues aos contemplados no mês de Julho de 2013, é mais um exemplo de descaso das autoridades com a população de baixa renda. São três anos de angústia para 50 famílias que acreditavam ter realizado o sonho da casa própria.

Para mostrar seu repúdio à tantas promessas não cumpridas e ao abandono da obra parcialmente construída, os contemplados para ocupar as unidades resolveram promover uma caminhada de protesto pela principal avenida da cidade.

Com palavras de ordem ao microfone de um carro de som e segurando cartazes com frases questionando a Agência Goiana de Habitação (AGEHAB), autoridades estaduais e do município, os manifestantes se concentraram em frente as construções inacabadas depois cruzaram a cidade até chegar a sede do legislativo municipal, onde pediram apoio dos vereadores à sua causa.

“São três anos que a Agehab nos enrola. Contrataram uma empreiteira, a  W G R construtora Ltda para ser a executora da obra. Pelo que foi informado por pessoas que conhecem de engenharia, o dinheiro que a construtora recebeu dava para ter feito muito mais, eles poderiam ter terminado essa obra há muito tempo, no entanto abandonaram naquela forma que estamos vendo. Depois de muito tempo, contrataram outra empresa, que terceirizou a obra e esse povo também abandonou a obra alegando que não recebeu da Agehab. Essa por sua vez, fala que a obra está andando, mas nós estamos aqui acompanhando e nada está sendo feito, inclusive a energia elétrica e a água estão cortadas no canteiro de obras, como é que poderiam estar trabalhando. Estamos cansados de mentiras e enganação” afirma Naiane Barbosa, umas das contempladas,  indignada com a situação.

A maioria das famílias contempladas com uma das 50 unidades habitacionais mora em casas de aluguel ou estão abrigadas em casas de parentes. São pessoas que vivem com pequenos salários, e receber as moradias será, além da realização de um sonho, a economia do dinheiro gasto com aluguel. No entanto, afirmam os contemplados, arranjaram foi mais um gasto para ser retirados de seus parcos salários, pois pagam regiamente nestes três anos a taxa no valor médio de R$ 50 reias, que é descontada em contas abertas na Caixa Econômica Federal para esse propósito. Essas famílias preencheram todos os requesitos necessários para se enquadrar no perfil do programa habitacional, por isso não acham justo que o governo estadual não faça sua parte no convênio firmado, que é cobrar os recursos da Caixa Econômica, se ela não tiver repassado e, se tiver repassado, fazer com que as empreiteiras cumpram com o contrato ou devolva o dinheiro usado de forma indevida.

“Passamos a denominar esse programa de Minha Casa, Minha Dívida, porque pagamos a taxa mensal para termos onde morar e dar um lar digno para nossos filhos, no entanto, quem mora ou ocupa as construções abandonadas são os mosquitos transmissores de doenças. Materiais de construção como ferro, cimento, portas, janelas e outros, desaparecem da noite pro dia no canteiro de obras, porque não há vigia para as casas abandonadas pelas empreiteiras. Depois de mais de dois anos, o deputado Iso Moreira, que é o representante de Alto Paraíso na Assembleia Legislativa, esteve aqui com o presidente da Agehab, Luiz Stival, e assegurou ao prefeito Álan Barbosa, com foto nas redes sociais e toda pompa, que as casas seriam entregues neste mês de fevereiro que se findou e nada das obras saírem do lugar. Esse deputado sempre teve o apoio da população de Alto Paraíso e agora nos abandona, nos sabemos inclusive, que o vice-presidente da Agehab, o ex-deputado Padre Ferreira, é pessoa ligada e de confiança do Iso Moreira, então ele poderia sim, ter mais empenho por nossa causa. Por isso estamos promovendo essa manifestação pacífica, inclusive com esse bolo, que simboliza os três anos de descaso e abandono para com a gente, 50 famílias que precisam ter suas casas, e também para chamar a atenção de autoridades que se disponham a nos ajudar”, relata Débora Daniele Santos, uma das integrantes da comissão que acompanha o andamento das obras.

Segundo informado pelos manifestantes, a promotora de justiça que responde interinamente pela comarca de Alto Paraíso, Úrsula Catarina Fernandes Siqueira Pinto, tomou conhecimento do caso e prometeu atuar em favor dos contemplados.

“Levamos nossa situação ao conhecimento do Ministério Público Estadual, doutora Úrsula nos atendeu com toda deferência, entregamos  alguns documentos e um abaixo assinado e agora vamos esperar que as autoridades envolvidas nesse episódio, que é uma mistura de desrespeito com o cidadão contribuinte, má gestão de recursos públicos, desvio de materiais e seguidas quebras de contratos, que os culpados sejam punidos e nossas casas entregues. Terminamos nossa manifestação aqui em frente a Câmara de vereadores não para culpa-los, mas para chama-los a se juntar a nossa causa, pois eles são nossos representantes mais próximos e que tem acesso aos que deveriam nos representar nas esferas superiores. Três contemplados já morreram sem ter a alegria de receber sua casa. Isso é muito triste e angustiante. ” diz com convicção Valéria Pereira Almeida, que também aguarda a conclusão para receber sua casa.

O Jornal O VETOR e a Rádio Paraíso FM acompanharam toda a manifestação e constatou que realmente as obras estão paralisadas, que existem materiais se deteriorando ao relento e que há criadouros de mosquitos transmissores de doenças em águas acumuladas sobre lonas pretas, colocadas para cobrir buracos no local que seriam instaladas fossas sépticas. (vejam fotos)

Tentamos contato com as assessorias de impressa da Agehab e do deputado Iso Moreira, mas não fomos atendidos por já haver iniciado o recesso para a semana santa.

Por telefone, o prefeito Álan Barbosa disse que já enviou ofícios, fez diversas cobranças pessoalmente aos diretores da AGEHAB e solicitou apoio de parlamentares, mas infelizmente nada se resolveu. Álan se diz solidário as reivindicações destas famílias.

O presidente do Legislativo municipal, vereador Luizinho, afirmou que a manifestação destas famílias é legítima, pacífica e ordeira, que já tem atuado em cobranças para o término desta e de outras obras paralisadas no município. Luizinho disse ainda que fará, junto com seus pares no legislativo municipal, cobranças para maior agilidade na conclusão dessa obra.

Por telefone, vários vereadores e populares manifestaram apoio aos contemplados através dos microfones da Rádio Paraíso FM.

Manifestantes se reúnem em frente ao canteiro de obras abandonado.
Manifestantes se reúnem em frente ao canteiro de obras abandonado.
Contemplados mostram à moradores e turistas que visitam Alto Paraíso o que chama de descaso com as famílias beneficiárias.
Contemplados mostram à moradores e turistas que visitam Alto Paraíso o que chama de descaso com as famílias beneficiárias.
Manifestantes percorreram a cidade mostrando sua indignação.
Manifestantes percorreram a cidade mostrando sua indignação.
Término da manifestação em frente a Câmara de vereadores, segundo os organizadores, é para chamar a atenção dos representantes municipais para a causa das famílias contempladas.
Término da manifestação em frente a Câmara de vereadores, segundo os organizadores, é para chamar a atenção dos representantes municipais para a causa das famílias contempladas.
Água acumulada na obra paralisada é foco para proliferação de doenças.
Água acumulada na obra paralisada é foco para proliferação de doenças.
Sem vigilância ou controle, materiais são roubados ou se deterioram ao relento.
Sem vigilância ou controle, materiais são roubados ou se deterioram ao relento.
Sem vigilância ou controle, materiais são roubados ou se deterioram ao relento.
Sem vigilância ou controle, materiais são roubados ou se deterioram ao relento.
Destruída pela ação do tempo, a placa que simbolizava a realização do sonho de 50 famílias se transforma em ícone do abandono e do desperdício do dinheiro público.
Destruída pela ação do tempo, a placa que simbolizava a realização do sonho de 50 famílias se transforma em ícone do abandono e do desperdício do dinheiro público.
Há três anos placa indicava valor, parceiros de convênios e prazo para entrega da obra.
Há três anos placa indicava valor (Dois milhões de reais), parceiros de convênios e prazo para entrega da obra.

 

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