Lixão de Alto Paraíso – Moscas e contaminação do solo estão entre os males

Conscientização sobre destinação correta do lixo e reciclagem ganha cada vez mais adeptos no município

Empresa Reciclealto, em parceria com a prefeitura, conseguiu destinar para a reciclagem, nesse primeiro momento,uma média de 10% do montante de lixo reciclável que iria diretamente para o Lixão

Roberto Naborfazan

Um dos pontos turísticos mais frequentados do País, o município de Alto Paraíso, região da Chapada dos Veadeiros, no nordeste do estado de Goiás, é também um dos 1.559 municípios brasileiros que continuam despejando lixo em áreas abertas, contaminando o solo, o lençol freático e a água e, consequentemente, colocando em risco a saúde de sua própria população.

No inicio das administrações que se encerram em dezembro próximo, embalados por um projeto do governo estadual, prefeitos dos municípios de Alto Paraíso, Colinas do Sul, Teresina de Goiás, Cavalcante e São João D’Aliança se uniram para a criação do Consórcio Intermunicipal da Chapada dos Veadeiros, com o objetivo da adoção de medidas conjuntas para proporcionar o desenvolvimento regional nas seguintes áreas: Saneamento Básico, Turismo e Assessoria Técnica. Um dos temas mais debatidos a época foi a questão da reciclagem e destinação correta do lixo. Infelizmente o consorcio não prosperou, deixando as comunidades envolvidas sujeitas a todos os males originados pelos famigerados lixões, entre eles, o ataque de moscas nos comércios de alimentos e contaminação do lençol freático.

Segundo dados de órgãos ligados a defesa do meio ambiente, se somar os aterros controlados, são mais de 3,3 mil municípios que não descartam seus resíduos de forma adequada (o Brasil tem cerca de 5,5 mil cidades), e ai se inclui a capital federal. Brasília carrega o desonroso título de maior lixão a céu aberto da América Latina, o Lixão da Estrutural.

Sede da Reciclealto - Principal dificuldade é a conscientização da população
Sede da Reciclealto – Principal dificuldade é a conscientização da população

O artesão e ambientalista Luis Carlos, o Luisaço, fundou a RecicleAlto, que, em parceria com a prefeitura, conseguiu destinar para a reciclagem, nesse primeiro momento, uma média de 10% do montante de lixo reciclável, que iria diretamente para o lixão.

Segundo Luisaço, 2015 foi um ano de conquistas para Alto Paraíso, com o aumento da quantidade de resíduos sendo destinados de forma correta, no entanto, afirma “ainda estamos longe do ideal. É perceptível que a principal dificuldade é a conscientização da população, acerca da importância de separar seus resíduos e se engajar, destinando de forma correta seu lixo”.

Luisaço relata que foram destinados para a reciclagem no ano passado, 84.292 toneladas de Resíduos Sólidos (plásticos e papéis); 89.550 toneladas de Resíduos Ferrosos (sucatas, alumínio, ferro fundido e inox); 800 quilos de pilhas e baterias e 100 quilos de lâmpadas “Alto Paraíso produz, em média, 210 toneladas de lixo por mês, das quais 75 toneladas são recicláveis. Podemos dizer que a Reciclealto no ano de 2015 conseguiu destinar para a reciclagem uma média de 10% deste montante de lixo reciclável, que iria diretamente para o lixão” pontua, entusiasmado.
“Acreditamos que estes números, em 2016, aumentarão muito mais, o que evidencia um cenário bastante positivo. A título de exemplo, Goiânia recicla menos de 5% de seu lixo, de acordo com um jornal local. Segundo a CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem), apenas  14% dos municípios reciclam seus resíduos no Brasil, sendo 86% no Sul e Sudeste” Finaliza.

Quem também entrou nessa batalha foi o terapeuta Agni Santoro (Prem Agni), do projeto Alto Paraíso Sustentável, que tem dado exemplo ao separar e amontoar para a coleta os lixos deixados pela falta de consciência após eventos na cidade.

Agni acredita que, com o exemplo e um maior trabalho de conscientização da população como um todo, com todos os setores da sociedade focados em fazer sua parte, Alto Paraíso será referência em desenvolvimento sustentável.
Neste panorama, é muito importante lembrar que a reciclagem é uma atividade que gera inúmeros benefícios para as cidades. No caso de Alto Paraíso, que é conhecida mundialmente por suas belezas naturais, o caminho da reciclagem é o único que viabiliza a redução da quantidade de material que vai para o Lixão, que é altamente perigoso para o meio ambiente, pela poluição do solo e até do ar, quando há queimadas, o que acontece com frequência na Chapada dos Veadeiros no período de seca. “Apoiar esta cadeia com seu lixo e sua consciência e ação sobre ele, não só ajuda a manutenção do meio ambiente saudável, como contribui para a geração de empregos locais, melhorando a exposição da cidade para os turistas e passando a ser um exemplo de sustentabilidade” Conclui.

Share

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *