Aids: prevenção ainda é o melhor remédio

Hosana Alves

Neste dia 1º de dezembro – Dia Mundial de Luta Contra a Aids – o  Goiás Agora  aponta o crescimento significativo da doença na população jovem goiana, de acordo com dados são da Secretaria da Saúde (SES). Para a coordenadora Estadual de DST/Aids da Secretaria, Milca de Freitas Queiroz Prado, o Estado segue o mesmo padrão do restante do País com relação ao destaque do aumento da doença na população jovem, sobretudo do sexo masculino, e declarados homossexuais. O último boletim aponta ainda para um crescimento dos registros da doença entre a população idosa. O público masculino ainda lidera o ranking, mas o crescimento de casos da doença entre as mulheres é crescente.

Milca Prado aponta a prevenção como sendo ainda o melhor remédio, já que o tratamento com medicamentos, por mais eficiente que seja e por mais que a indústria farmacêutica tenha avançado em relação aos medicamentos para Aids, apresenta sempre inúmeros efeitos colaterais. “O preservativo continua sendo a melhor e a forma mais simples de se prevenir e o melhor de tudo é que ele não oferece nenhum efeito colateral”, alerta ela.

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Teste rápido é prevenção
Segundo a coordenadora, o teste rápido já está disponibilizado para a população em todas as unidades básicas de saúde do Estado. “A Coordenação Estadual de DST/Aids e a Superintendência de Políticas de Atenção Integral à Saúde conseguiram capacitar para o teste rápido todas as regionais de saúde de Goiás e isso é algo muito importante porque facilita o acesso da população ao diagnóstico”.  Milca Prado esclarece ainda que o brasileiro não apresenta uma boa adesão em relação ao uso do preservativo e, que por esse motivo, o diagnóstico precoce torna-se fundamental para o sucesso do tratamento. “Conhecendo o seu estado sorológico você tem condições de iniciar mais rapidamente o tratamento e com isso, tendo uma boa adesão ao tratamento, você não vai desenvolver Aids”, afirma ela.

Números
Segundo o Boletim Epidemiológico do HIV/Aids em Goiás, no período que vai de julho de 2014 até 30 de junho deste ano, foram notificados 1.096 casos de HIV na população em geral, dos quais 779 notificados em 2014 e 317 até 30 de junho de 2015. Em relação ao sexo, 835 (76%) eram homens e 261 (24%) mulheres. Em relação à faixa etária, os jovens de 20 a 29 anos foi predominante, com 46% dos casos de HIV notificados.

Desde o início da epidemia em 1984, até 30 de junho de 2015, foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), 13.564 casos de Aids (quando o vírus HIV se manifesta), com 9.207 (67,8%) casos do sexo masculino e 4.351 (32,1%) do sexo feminino. Em relação às mortes, foram identificadas 4.770 mortes desde o início da epidemia. Em 2013, foram 271.

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População homossexual
Com relação à categoria de exposição dos casos de HIV, observa-se que a categoria homossexual foi a que apresentou a maior representatividade neste boletim, com 43,9% (481) dos casos, seguido pelas categorias heterossexuais 36,2% (397) e bissexuais 4,7% (51).

Segundo a coordenadora estadual de DST/Aids, o aumento nessa população acontece por descuido com relação aos métodos de proteção. “Acredito que o aumento nesse índice é pela falta de preocupação com o uso da camisinha. Hoje os medicamentos são muito eficientes, e isso causa um certo relaxamento por parte das pessoas”, frisa.

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Aids por faixa etária e exposição
Com relação à categoria de exposição dos casos de Aids em adulto (indivíduos acima de 13 anos), no período de 2002 a 2015, dos 8.785 casos notificados, a categoria heterossexual foi a que apresentou a maior representatividade com 53% (4.657) dos casos, seguido pelas categorias: homossexuais 16% (1.408); bissexuais 4,5% (397); usuários de drogas 2,6% (228).

Em relação a faixa etária, os indivíduos de 30 a 39 anos apresentaram as maiores taxas de incidência, subsequente de 20 a 29 anos e 40 a 49 anos. Contudo, as taxas de incidência entre 15 a 19 anos tem aumentado desde 2008, alcançando no ano de 2012, com 3,7 casos para 100 mil habitantes, assim como a taxa de incidência de Aids em idosos (com 60 anos ou mais), que no ano de 2001 apresentava uma taxa de três casos para 100 mil habitantes; em 2014, esse número subiu para 7,1 casos para 100 mil habitantes, para a mesma população. Em menores de cinco anos, houve apenas um caso de Aids notificado no Sinan no ano de 2014 e um caso em 2015.

Ações na prevenção e combate
Entre as ações do Governo de Goiás incrementadas pela Secretaria da Saúde para tratamento de pacientes com HIV/Aids está o Condomínio Solidariedade reinaugurado nesta segunda-feira, dia 30, que oferece novas instalações e passa a ser, a partir de agora, um Centro de Atendimento Multidisciplinar que incorpora além da Casa de Apoio para pessoas vivendo com HIV/Aids, novos serviços de saúde pública.

O condomínio traz espaços ampliados para atendimento médico, odontológico, reabilitação psicossocial, fisioterapia, terapia ocupacional e área de apoio administrativo. Com a reestruturação o condomínio foi elevado à condição de unidade de saúde pública e 30 leitos foram disponibilizados aos usuários. Um ambulatório com oito consultórios médicos também foi entregue na mesma ocasião. Já a Casa de Apoio foi totalmente readequada e acrescentados serviços de apoio que funcionarão em condições adequadas.

O secretário da Saúde, Leonardo Vilela, relembra que após anos sem a exata definição de perfil e em depreciação estrutural, o espaço está agora totalmente remodelado. “Foram investimentos em reforma, adequação e equipamentos um montante de R$ 4,5 milhões”, afirmou. O custo mensal da unidade está orçado em R$ 789 mil. Permanece o caráter de Casa de Apoio para pacientes portadores de HIV/Aids abrigando em hospedagem temporária pacientes do interior do Estado, em tratamento no HDT.

Atualização de conhecimentos
Ainda entre as ações e políticas públicas desenvolvidas pelo Governo de Goiás, por meio da SES, para a prevenção e tratamento da Aids no Estado, destacam-se capacitações de servidores da saúde. Visando à padronização de ações e à melhoria dos serviços em diagnósticos prestados à população, em novembro último, técnicos do Laboratório de Saúde Pública Giovanni Cysneiros (Lacen) representaram Goiás no 10º Congresso de HIV/Aids e o 3º Congresso de Hepatites Virais, em João Pessoa (PB).

A participação dos profissionais promove a constante atualização de conhecimentos de seus colaboradores visando à padronização de ações e melhoria dos serviços em diagnósticos prestados à população.

Testes rápidos em HIV/Aids e sífilis
Aproximadamente 40 enfermeiros participaram da capacitação para a realização de testes rápidos de HIV/Aids e sífilis realizada em setembro deste ano no Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia. Dividido em aulas teóricas e práticas, o curso oferecido pela Gerência de Enfermagem do HMI, em parceria com a Secretaria da Saúde de Goiás (SES), teve como objetivo qualificar os profissionais para a realização de um diagnóstico rápido de HIV/Aids e sífilis.

O teste que requer apenas duas gotas de sangue, fica pronto em 20 minutos, garante um tratamento mais rápido ao paciente caso o resultado seja positivo. Segundo o Ministério da Saúde (MS), o diagnóstico reduz as chances da criança ser infectada para menos de 1%.

A enfermeira Thays Cambotta, que atua no Ambulatório de Ginecologia do HMI, o teste rápido é fundamental, pois a partir do momento que há o conhecimento de casos suspeitos, é possível dar início ao tratamento sem gerar prejuízo à saúde do paciente. “Com o aprendizado sobre a realização deste teste rápido, poderemos garantir um atendimento e um tratamento digno aos nossos pacientes”, afirma a enfermeira.

Gestantes portadoras do HIV/Aids
Ainda em setembro deste ano o Hospital de Doenças Tropicais (HDT), por meio do Setor de Adesão, promoveu o 23º curso para gestantes portadoras do HIV/Aids. Na ocasião mais de 30 mulheres participaram do evento. O curso é uma das ações do Programa Prevenir para a Vida, voltado às gestantes que vivem com HIV/Aids e às crianças verticalmente expostas ao vírus.

O acompanhamento é feito até os filhos completarem 18 meses. Atualmente, 93 mulheres estão cadastradas no programa, que já atendeu 615 gestantes desde 2003. No curso, as grávidas e com bebês recém-nascidos recebem orientações sobre como evitar a transmissão do vírus para os bebês, potenciais riscos durante a gestação, durante o parto e no momento da amamentação, além de orientações sobre planejamento familiar.

Segundo a coordenadora do Setor de Adesão do HDT, Maria do Rosário, o curso tem trazido bons resultados. “O índice de transmissão do vírus para crianças apresenta significativos índices de redução, graças a este trabalho realizado no hospital”, avaliou.

26.10.2015HDT

Tratamento
O Hospital de Doenças Tropiciais, em Goiânia,  é referência no tratamento de doenças infectocontagiosas como o HIV/Aids. Atualmente, a unidade oferece medicação para mais de seis mil pacientes. Em 2014, na lista dos principais agravos notificados no hospital, a Aids ficou na primeira posição com 962 casos.

Não é possível estabelecer tempo médio de tratamento para a Aids porque ele depende do estado de saúde do paciente no momento do diagnóstico, (alguns são diagnosticados precocemente e outros tardiamente), geralmente ele se estende ao longo da vida já que a doença ainda não tem cura. A sobrevida dos pacientes aumentou, porque a Aids é hoje uma doença que tem tratamento e controle.

O governo estadual oferece medicamentos de profilaxia contra doenças oportunistas e o Setor de Adesão do HDT/HAA desenvolve o Programa Prevenir Para a Vida, voltado para a orientação e acompanhamento das gestantes e mães soropositivas. Já o Programa de Adesão, atende a pacientes encaminhados pelos médicos do hospital para serem orientados por meio de palestras, atendimentos individualizados e contato telefônico sobre a importância do tratamento e apoio psicológico para aderir à terapia antirretroviral.

O HDT/HAA participa de pesquisas científicas sobre HIV e têm profissionais com atuação na assistência ao paciente com titulações que vão de especializações a doutorados.

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