Cientista compara Inova Goiás ao Plano Mauro Borges
Em artigo publicado nesta segunda-feira, dia 21, no jornal “O Popular”, o cientista político Itami Campos, pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da UniEvangélica, comparou o Programa de Inovação e Tecnologia – Inova Goiás – lançado recentemente pelo Governo do Estado, ao Plano Mauro Borges de modernização da administração pública goiana.
Ele enfatizou que o Inova Goiás é um plano ousado que requer a associação do setor empresarial e, também, das instituições de ensino superior. Segundo ele, o Inova propõe um novo estilo de desenvolvimento econômico que se refletiria na melhoria dos serviços prestados à comunidade pelo setor público, além de estabelecer ações indutoras à criação de ambientes inovadores em todo o Estado.
Conforme lembrou Itami Campos, embora a cultura tradicional mantenha-se forte no Brasil e em Goiás, a exigência de criar ambientes que favoreçam o empreendedorismo e a inovação mostra-se como alternativa de se integrar e participar da nova ordem planetária modulada pela tecnologia e pelo conhecimento. “A inovação tem se tornado o principal fator do processo de crescimento da economia mundial, daí apresentar-se como elemento estratégico para a busca de uma nova ordem, ou no mínimo, manter-se vivo e presente num ambiente mundial de disputas e confrontos, mas, também, de possibilidades”, acentuou.
Espírito empreendedor
Para Itami, Goiás é um Estado com um perfil tradicional, conservador, que ainda mantém práticas burocráticas em diversos setores, uma cultura que se mantém na ordem social como um todo. Destacou, porém, que ao longo da história foram vários os momentos em que se sobressaiu o espírito empreendedor dos governantes, entre eles, o da mudança da capital do Estado para Goiânia, com Pedro Ludovico Teixeira. Citou Coimbra Bueno e suas ideias em defesa de Brasília; o governo de Juca Ludovico e o de José Feliciano, que preparou o Plano Mauro Borges.
Disse também que Mauro Borges deixou sua marca na modernização da administração pública, apesar de todas as dificuldades do ambiente tradicional da política goiana. “Além de repensar o campo como os combinados Agro Urbanos, criou importantes autarquias, como Metago, Idago, Iquego e Ipasgo, caracterizando um governo empreendedor”, destacou o cientista política, lembrando que depois de Mauro Borges as ações inovadoras existiram, mas, de forma isoladas: entre elas, a criação da Secretaria de Ciência e Tecnologia e do respectivo conselho estadual.
Segundo o acadêmico, agora, o mundo apresenta-se outro. “O desenvolvimento tecnológico deu outra dinâmica, trazendo exigências e novos condicionamentos”, disse, acrescentando que o mundo hoje deixa de ser o da disciplina e passa a ser o da interdisciplinaridade. “O comportamento das forças que movem a economia tem forçado e exigido a integração e, neste sentido, o que pode ser visto como internacionalização”.
Inova Goiás
Ao se referir ao programa de Inovação e Tecnologia do Estado de Goiás, Itami Campos destacou que ele reúne um conjunto de ações com objetivo de aumentar a competitividade do Estado com uma previsão de aporte de recursos que ultrapassam R$ 1,1 bilhão até 2018. E lembra que o programa tem como estratégia a instalação de polos de excelência em diferentes áreas de negócios e distribuídos em regiões do Estado, procurando atender às especificidades da economia local e regional. “Na proposta, esses polos terão conexão com uma rede de institutos tecnológicos, com vistas à formação profissional e tecnológica”, acentuou.
Itami Campos refere-se, inclusive, à fundamentação teórica utilizada no Inova Goiás que é a da tríplice hélice como forma de agregar as forças e as condições para a implementação das ações e para dar o suporte à efetivação do programa. “A tríplice hélice propõe a conjugação de esforços de três atores do sistema de inovação – governo, setor empresarial e instituições de ensino superior – procurando como resultado a integração destes setores no desenvolvimento de pesquisas e projetos de ciência e tecnologia”, disse.
Nesse sentido, Itami Campos enfatiza que “o setor empresarial, liderado pela Fieg, com seu núcleo de inovação, e as instituições de ensino superior, com seus núcleos de inovação tecnológica e incubadoras de empresas, devem se associar na efetivação do necessário ecossistema de inovação, para que a pesquisa se desenvolva e ocorra a transferência de tecnologia e de conhecimento”.
Para o pró-Reitor da UniEvangélica, considerando-se a conjuntura brasileira de crise, o Inova Goiás é um plano ousado, também, por tentar sobrepor à cultura tradicional um dinamismo empreendedor e necessário. “Resta apostar na vontade política e no empreendedorismo do governo”, afirmou Itami.