Cresce procura pela formação de voluntários
Há mais de duas décadas anos, durante o processo de loteamento da atual Vila Progresso, localizada na região Noroeste de Goiânia, o senhor João Damasceno, proprietário de uma fazenda no local, doou para a Paróquia São Pedro um terreno de mais de 10 mil metros quadrados. Sua única recomendação foi de que a área fosse utilizada para edificação de uma obra, voltada a cuidar de crianças e adolescentes em situação de risco, sob maus tratos e sem orientação.
Desde então, a irmã Raimunda Martins Pinheiro passou a se dedicar à manutenção do que se tornou o Centro de Trabalho Voluntário (CTC). “Conseguimos criar esse lugar graças à generosidade da família Damasceno combinada à atuação das comunidades de base do Morro do Além. Hoje, contamos com parcerias e voluntários para contribuir mensalmente com o nosso trabalho, dentre elas a Organização das Voluntárias de Goiás”, pontuou irmã Raimunda.
Nestas duas décadas, a associação cresceu tanto quanto as suas demandas. Hoje, 150 crianças, entre 6 a 16 anos, passam o contraturno escolar sob os cuidados dos voluntários do Centro, onde podem desfrutar de várias atividades oferecidas diariamente. E outros cem idosos usufruem de cursos, oficinas e atendimento psicossocial oferecidos.
Dos dez mil metros quadrados doados, 720 metros foram destinados à sede, salas e consultórios adaptados. Enquanto o restante abriga uma rica horta, que além de suprir a demanda por hortaliças, temperos e ervas medicinais de seus frequentadores, ainda auxilia nas terapias e aulas ao ar livre oferecidas às crianças e adolescentes. “O cuidado com a horta é quase uma terapia para os idosos e uma brincadeira divertida para as crianças, que aprendem a plantar, regar e cuidar das plantas, vendo o seu desenvolvimento e se alimentando de produtos frescos. Todos ganham com esse contato”, explica a irmã.
Diariamente, são oferecidos mais de cem almoços. Aqueles que fazem suas atividades pela manhã, recebem o café para iniciar as atividades, e à tarde, um lanche reforçado. Graças ao contato feito com os colégios do setor, as crianças passam pelo reforço escolar, além de aulas de música, artes manuais, entre outras habilidades.
O CTC ainda disponibiliza laboratório de informática e sala para aulas de costura industrial. Todas as refeições oferecidas são custeadas pelas doações, bem como as aulas ministradas que são realizadas com auxílio de voluntários, como os bolsistas do Programa Bolsa Universitária da OVG, que oferecem uma contrapartida social em troca da remuneração pelo Governo de Goiás de parte do valor da mensalidade da universidade.
Herança voluntária
O vínculo da família Damasceno com a instituição não se deu apenas na época da sua criação. Há cerca de três anos, a sua filha Maria Geralda Damasceno Fassa, hoje pediatra, teve contato com a instituição e se encantou com o trabalho realizado no local onde no passado viveu com sua família na infância. “Tenho muitas recordações da nossa fazenda aqui, de onde crescemos. Fiquei muito satisfeita em ver a proporção que a ideia do meu pai tomou. A dedicação da irmã Raimunda realmente fez com que seu sonho de ajudar pessoas pudesse ser realizado”, comemora.
Diante desse encontro com o passado, a médica tornou-se uma voluntária do local, e hoje oferece atendimento pediátrico gratuito a cada 15 dias. E como se não bastasse, o seu filho Fernando Erik Damasceno Moreira, clínico geral, também começou a oferecer atendimento, voluntariamente, aos assistidos pela instituição, em uma espécie de corrente do bem. “Estamos oferecendo a nossa contribuição a um projeto que um dia foi vislumbrado pelo meu pai, mas que infelizmente ele mesmo não teve tempo para conferir as maravilhas que são realizadas aqui nesta comunidade”, defendeu Maria Geralda.
Formação de voluntários
A Organização das Voluntárias de Goiás oferece mensalmente cursos de capacitação que envolvem todos os aspectos legais e corporativos. Conforme explica o gerente do Centro Goiano de Voluntariado, Wellington Divino Fassa, de janeiro a agosto deste ano já passaram pelo curso cerca de mil pessoas. “Estamos diante de um aumento na procura pelo serviço voluntário. Em suma, as características de quem busca oferecer uma contribuição social voluntária é o de querer contribuir com sua energia para melhorar a vida das pessoas. São pessoas que, em sua maioria, estão com os filhos criados, já se encontraram em suas carreiras, alguns até aposentados e que têm um tempo livre para poder compartilhar com as outras”, explica Wellington.
A OVG dedica-se à formação de pessoas interessadas em oferecer aos outros parte de seu tempo, contribuindo socialmente. Para se tornar um voluntário não basta ter boa vontade, é preciso conhecer os direitos e deveres desse profissional. Diante desse interesse, a OVG oferece toda a capacitação e meios da pessoa se dedicar depois, conforme as suas habilidades e área de interesse. “Temos inúmeras entidades cadastradas e que disponibilizam vagas em diferentes áreas de atuação. Então, o próprio voluntário pode escolher de que forma quer contribuir, se na área da saúde, cultural, educativa, artística. Se deseja atuar com crianças, idosos, pessoas carentes”, explica.
Festa das crianças
No dia 17 de outubro, o Centro de Trabalho Voluntário da Vila Progresso organiza uma super festa para as crianças da instituição. Em sua 12ª edição, a Ação SER Social (Saúde/ Educação/ Religiosidade) vai contemplar os moradores do setor e ainda alegrar as crianças devido às comemorações do Dia da Criança. Durante todo o dia são oferecidas atividades lúdicas e recreativas.
Conforme explica irmã Raimunda, aqueles que puderem contribuir com doações para que sejam preparadas as refeições como café da manhã, almoço e lanche, podem entrar em contato pelo telefone (62) 3586-2206. Brinquedos também são bem vindos nesta época. A CTV fica na Rua E, qd 32, lote 22, no Setor Progresso.