ESTREIA – Novo “Missão Impossível” é ágil, bem-humorado e dá novo fôlego à série
SÃO PAULO (Reuters) – Se “Missão Impossível – Protocolo Fantasma” já acenava para a renovação em 2011, o quinto capítulo da série, “Missão Impossível – Nação Secreta”, agora dirigido e roteirizado por Christopher McQuarrie (do razoável “Jack Reacher – O Último Tiro”), mostra que ainda há espaço para crescer.
“Nação Secreta” eleva a qualidade da franquia, apontando para uma vida ainda mais longa, tal como a da carreira de seu astro, Tom Cruise.
O mérito de McQuarrie está na agilidade da narrativa, no humor explícito (flertando com a paródia), um elenco iluminado, nas sempre impressionantes cenas de ação (que o cinquentão Cruise insiste em fazer sem dublês) e no mosaico que constrói a partir de referências que vão de Alfred Hitchcock aos clichês de James Bond. E o melhor é que o faz com uma leveza surpreendente para um filme de mais de duas horas.
Os acontecimentos desta sequência têm início após o fim de “Protocolo Fantasma”, quando a IMF, a secreta Força para Missões Impossíveis, está na mira da CIA, dirigida Alan Hunley (Alec Baldwin). Ele até usa como exemplo a explosão do Kremlin, em Moscou, ocorrida no quarto filme, para provar a falta de controle do grupo.
No entanto, Ethan Hunt (Cruise) já está na pista de uma organização criminosa conhecida como Sindicato, que seria responsável por uma série de tragédias globais, de derramamento de produtos tóxicos ao desaparecimento de aviões em pleno ar. Essa é a tal “nação secreta”, que age nas sombras, sem um motivo decifrável para Hunt.
Antagonizado pelo Sindicato e hostilizado pela CIA, que pretende prendê-lo como traidor da pátria, o herói se vê sozinho em um empreitada pelo bem comum (mas não de todos). A única via para desvendar o mistério da ameaça é formar uma duvidosa aliança com a agente dupla Ilsa Faust (Rebecca Ferguson), que não se sabe se é amiga ou adversária, obedecendo ao princípio mais clássico nos thrillers de espionagens.
Como nos demais episódios, Hunt só poderá confiar na perícia e amizade dos integrantes da IMF: o gênio da tecnologia Benji (Simon Pegg, o grande alívio cômico da trama), o especialista em informática Luther (Ving Rhames) e o operador Brandt (Jeremy Renner). Será com o auxílio deles que o protagonista tentará enquadrar o vilão Solomon Lane (Sean Harris), líder do Sindicato, que parece estar sempre a um passo à frente.
Embora não seja uma reviravolta na franquia, “Nação Secreta” mostra-se o mais equilibrado, complexo e coerente, não tanto no espetáculo visual (maior em “Protocolo Fantasma”), mas na construção do enredo e engenhosidade das imagens.
Um exemplo são as cenas no Vienna State Opera, na Áustria, cuja tensão e sincronia da ação rivalizam apenas com as perseguições pelas ruas de Casablanca, Marrocos.
De forma ambígua, McQuarrie alimenta o vigor de seu personagem, “Hunt é a manifestação viva do destino”, diz Hunley em uma das cenas. Ao mesmo tempo, mostra que Hunt é apenas mais uma peça nestes interesses comuns. Ele e Lane dividem assim a mesma sina: eliminados, outros surgirão em seu lugar.
(Por Rodrigo Zavala, do Cineweb)