Corpo masculino: Artigo de estudante abre debate sobre “encantos” dos homens barrigudos
Chamado nos EUA de “dadbod”, o tipo físico é uma mistura equilibrada entre barriguinha de cerveja e barriga tanquinho.
BBC Brasil
Depois de tanto tempo de idealização do corpo masculino esculpido com exercícios em academias, um artigo de uma estudante americana parece apontar para uma mudança de comportamento.
A tendência do “dadbod” ou, em tradução literal, corpo de pai de família – um físico menos desenvolvido e até barrigudo -, vem crescendo, a ponto de muitas mulheres afirmarem na internet que não querem mais saber dos sarados e musculosos.
Outras defendem também apoio semelhante ao “mombod”, ou corpo de mãe, para que as mulheres não sejam mais submetidas à pressão do padrão extremo de beleza atual.
Os homens assíduos de academias, por sua vez, protestam e dizem que um homem com uma barriguinha de cerveja jamais será sexy – mas sim preguiçoso.
A polêmica começou com um artigo para uma revista escrito por uma universitária americana de 19 anos, Mackenzie Pearson, elogiando as virtudes dos homens que estão um pouco fora de forma.
“Caso você não tenha notado, ultimamente as garotas estão loucas pelo ‘dadbod’. Quando eu estava na biblioteca, olhei para os caras da universidade e aos caras à minha volta e comecei a descrever o tipo físico em um artigo”, escreveu a estudante.
“O ‘dadbod’ é um equilíbrio legal entre a barriga de cerveja e a malhação. (O biotipo) diz: ‘vou à academia de vez em quando, mas também bebo muito no fim de semana e como oito pedaços de pizza de uma vez’.”
Popularidade
Esse corpo mais relaxado é uma ideia que está por aí há algum tempo, mas agora é oficialmente popular e cada vez mais discutido nas redes sociais.
O corpo de alguns atores americanos se transformou em símbolo da nova tendência
Reprodução
O corpo de alguns atores americanos se transformou em símbolo da nova tendência
No entanto, alguns questionam se o sucesso dessa tendência evidencia mais uma vez as diferenças de padrões para homens e para mulheres.
“A tendência do ‘dadbod’ é uma faceta interessante de nossas exigências bem menos rigorosas para o corpo masculino”, afirmou Caryn Franklin, ativista de moda e analista.
“Claro que eu e muitas outras mulheres queríamos que houvesse o equivalente (para mulheres), o ‘mombod’, com mais tolerância para que os corpos de mulheres tenham um espectro mais amplo de formas, tamanhos e idades.”
“E agora tem esta coisa nova, de mulheres atraídas por homens que são mais moles e só vão à academia de vez em quando”, exclamou o fisiculturista Marc Lobliner em um vídeo do em seu canal no YouTube. “(O ‘dadbod’) É apenas uma desculpa para complacência. Por mim tudo bem, mas não saia por aí dizendo que você é mais sexy do que eu”, acrescentou.
Teste
Outros questionam se tudo isso não passa de piada e se mulheres realmente preferem o corpo de pai de pai de família.
Para descobrir, o BBC Trending realizou uma pequena experiência informal nas ruas de Londres.
Nick Edgerton, que trabalha para uma companhia chamada Butlers in theBuff, na qual jovens com corpos perfeitos são contratados para servir como garçons uniformizados com pouca roupa, foi para a rua sem camisa exibindo os músculos e o abdômen esculpidos.
Ao lado dele e também sem camisa estava o blogueiro Mike Wendling, exibindo um seu “dadbod”.
Em um questionamento aleatório às mulheres que passavam nas ruas, houve um empate nos votos. Duas preferiram o corpo perfeito de Nick e duas escolheram Mike.
Notando a polêmica sobre a maior rigidez de padrões para mulheres, a estudante Mackenzie Pearson escreveu um novo artigo. Desta vez, sobre o “mombod”.
“Minha mãe tem seis grandes marcas de estria que cruzam o abdômen, meu pai chama de listras de tigre. (…) Minha mãe é uma das mulheres mais bonitas que eu conheço”, escreveu a universitária.
“É interessante, o ‘dadbod’ foi celebrado e elogiado por uma escritora feminina. Se nós pudéssemos também fazer isso por nós mesmas, talvez pudéssemos conseguir ajuda e apoio de mais homens que notam a pressão (sofrida) pelas parceiras e filhas. Isso pode ser uma coisa boa”, disse Caryn Franklin.