Saúde: 9 problemas que o fumo passivo causa nas crianças
As doenças respiratórias estão no topo da lista, mas a inalação da fumaça do cigarro pode provocar outros prejuízos, como comportamento agressivo e perda auditiva.
Por Danielle Nordi*
Agora é lei: a partir da quarta-feira (03), está proibido fumar em lugares de uso coletivo, tanto público quanto privados. A medida, que é válida em todo o território nacional, segue o exemplo de determinações vigentes em vários países do mundo e em diversos Estados e municípios brasileiros que já têm legislação sobre o assunto. A Lei Antifumo proíbe também os “fumódromos”, locais reservados aos fumantes, e a propaganda comercial de cigarro.
Além de desencorajar o tabagismo, a nova lei visa diminuir os prejuízos do cigarro em uma parcela da população que sofre as consequências do fumo sem ter optado pelo hábito: o fumante passivo.
De acordo com o professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e pneumologista do Hospital Israelita Albert Einstein Joaquim Carlos Rodrigues, qualquer contato com a fumaça do cigarro pode ser considerado fumo passivo.
“O feto pode receber produtos do tabaco pela placenta da mãe que é fumante. E a criança exposta aos familiares fumantes no domicilio, em qualquer ambiente onde a fumaça pode ser inalada ou deixar resíduos, incluindo as vestimentas dos pais ou cuidadores, também é atingida pelo fumo passivo”, explica.
E não são poucas as crianças expostas ao cigarro. “Fizemos um estudo localizado em Porto Alegre que mostra que de 30% a 50% dos domicílios com criança em idade escolar têm algum fumante. Além disso, a pesquisa aponta que 20% das gestantes fumam durante a gestação”, afirma o pneumologista pediátrico Paulo Pitrez, diretor do Centro Infantil do Instituto de Pesquisas Biomédicas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Em 2010, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou dados alarmantes. Segundo a entidade, 40% das vítimas do fumo passivo no Brasil eram crianças.
Os problemas mais comuns apontados pelos médicos são as doenças respiratórias, como asma, tosse crônica e chiado no peito recorrente. Mas, mesmo diante de explicações e orientações dos profissionais, nem sempre os fumantes se conscientizam sobre os prejuízos que seus hábitos podem causar nas crianças.
“Diversos fatores desencadeiam doenças respiratórias nas crianças e o fumo é um deles. Muitos pais fumam perto dos filhos que apresentam problemas respiratórios e, mesmo assim, se negam a entender que contribuem para a doença do filho. É complicado explicar que eles estão fazendo mal aos próprios filhos, eles não admitem”, afirma Christine Tamar, pediatra especialista em pneumologia pediátrica e Chefe do Serviço de Pediatria do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN).
Apesar da vontade quase inevitável de culpar o fumante por seus hábitos ruins, Maria de Fátima B. Pombo March, do departamento de Pneumologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, pede calma e lembra que o tabagismo é uma doença. “Devemos entender que o fumante precisa ter acesso a ajuda médica e psicológica para abandonar o vício, pois muitos se conscientizam do problema, mas não conseguem evitá-lo por conta própria”, ressalta.
Agradecimentos: Paulo Pitrez, pneumologista pediátrico e diretor do Centro Infantil do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUC-RS; Joaquim Carlos Rodrigues, professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP e pneumologista do Hospital Israelita Albert Einstein; Christine Tamar, pediatra especialista em pneumologia pediátrica e Chefe do Serviço de Pediatria do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN); Maria de Fátima B. Pombo March, do departamento de Pneumologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
*( iG São Paulo)