CÂNCER AVANÇA EM GOIÁS – Doença supera causas externas e preocupa autoridades de saúde.

Desigualdade regional – Municípios afastados enfrentam maiores barreiras de acesso e infraestrutura. Goiás investe em novas unidades, como o Cora e o HCN de Uruaçu, e em programas pioneiros como o Goiás Todo Rosa.

Roberto Naborfazan*

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES/GO) divulgou um estudo abrangente que analisa a situação epidemiológica das neoplasias no estado entre 1979 e 2023, revelando um cenário desafiador. O câncer tornou-se a segunda maior causa de morbimortalidade em Goiás, sendo responsável por 15,3% dos óbitos em 2022, atrás apenas das doenças cardiovasculares.

A transição demográfica, o envelhecimento populacional e as mudanças no estilo de vida são fatores cruciais que impulsionam o crescimento das ocorrências, com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) projetando mais de 25 mil novos casos entre 2023 e 2025.

A análise da SES/GO, elaborada pela Gerência de Vigilância Epidemiológica de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde da Suvisa/SES, mostra que a mortalidade por câncer maligno tem crescido progressivamente, superando as causas externas desde 2018.

Tipos com maior ocorrência

Entre as mulheres, os cânceres de mama, pele não melanoma, cólon e reto, e colo do útero são os mais prevalentes, enquanto nos homens, próstata, pele não melanoma e cólon e reto lideram as estatísticas. Em 2023, foram registrados 9.277 novos casos em mulheres e 6.922 em homens, evidenciando a amplitude do problema e a necessidade de estratégias direcionadas para cada sexo e tipo de neoplasia.

Um dos pontos apontados pelo estudo é a detecção tardia e as significativas barreiras no acesso e tempo de início do tratamento. Grande parte dos casos é diagnosticada em estágios avançados, com uma alta proporção de informações sobre estadiamento “ignoradas” ou “não aplicáveis”. Apenas 28,28% dos homens e 26,05% das mulheres em Goiás iniciaram o tratamento nesse período.

Regionalmente, o cenário é ainda mais desigual, com áreas mais afastadas enfrentando maiores desafios estruturais e taxas de diagnóstico em estágio avançado.

Ala de Transplante de Medula Óssea (TMO) do Cora dispõe de camas hospitalares vinculadas a colchões terapêuticos de alta tecnologia e possuem sensores de movimento programáveis, com emissão de alerta para movimentos. FOTOS: Divulgação SES-GO

Fatores de risco

A equipe da SES/GO também identificou uma alta prevalência de fatores de risco na população goiana, conforme dados do VIGITEL Goiás 2022. O tabagismo atinge 13,1% dos adultos, e a alimentação inadequada, o sedentarismo e o consumo abusivo de álcool são alarmantes.

O excesso de peso e a obesidade afetam 57,3% e 22,8% dos adultos, respectivamente. Apesar de uma boa taxa de adesão a exames preventivos como mamografia e Papanicolau em algum momento da vida, a regularidade desses exames ainda é um desafio, especialmente entre mulheres mais velhas e com menor escolaridade.

O documento ressalta a atenção especial necessária para as neoplasias infantojuvenis, onde leucemias, tumores do sistema nervoso central e linfomas são os mais prevalentes. A análise aponta para desafios no diagnóstico precoce e na descentralização dos serviços oncológicos pediátricos, com regiões urbanizadas apresentando taxas mais controladas em contraste com áreas mais isoladas que enfrentam maiores dificuldades de acesso e infraestrutura.

Avanços na Assistência Oncológica

Apesar dos desafios, a SES/GO tem investido na expansão da rede de atendimento oncológica no estado com ações estruturantes nos últimos anos. O Estado investe no tratamento do câncer e realizou, entre 2018 e 2024, mais de 31 mil cirurgias na área oncológica, além da marca expressiva de mais de um 1,2 milhão de consultas, exames e tratamentos realizados aos pacientes goianos diagnosticados com câncer.

Um dos programas de referência nacional, o Goiás Todo Rosa é desenvolvido pela SES-GO em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) com o objetivo de propiciar a mulheres com histórico de câncer de mama ou de ovário na família a realização do rastreamento genético, um exame preciso e de alto custo.

Goiás é o primeiro Estado do país a desenvolver a iniciativa, lançada pelo governador Ronaldo Caiado em outubro de 2023. Recentemente, o governador Ronaldo Caiado assinou um termo de cooperação com o Instituto Natura para apoiar o Programa Goiás Todo Rosa com o objetivo de ampliar o diagnóstico precoce do câncer de mama e reduzir a mortalidade.

O Centro de Oncologia do Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN), unidade do Governo de Goiás em Uruaçu, comemora 3 anos neste mês de julho. Durante esse período, foram realizados mais de 58 mil atendimentos oncológicos, oferecendo o melhor que há em tratamento contra o câncer para toda população de Goiás de forma gratuita.

Centro de Oncologia do Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN), em Rurça, no norte goiano.

Inaugurado em 2022, o serviço de oncologia do HCN oferece atendimento integral e humanizado, sendo o primeiro da rede de saúde estadual habilitado pelo Ministério da Saúde como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon). O tratamento contra o câncer ofertado no HCN reforça o compromisso do Governo de Goiás com a política de regionalização, uma vez que antes dele esse serviço era ofertado exclusivamente em unidades de saúde localizadas em Goiânia.

Além da inauguração do Centro de Oncologia do HCN, em Uruaçu, o Estado também passou a ofertar, no final de 2022, o atendimento a pacientes com câncer no Hospital Estadual de Itumbiara São Marcos (HEI). A unidade realiza atendimentos ambulatoriais e tratamento de alta complexidade oncológica, contando com 20 leitos de internação adulto oncológica e 15 poltronas para as sessões de quimioterapia.

A Saúde estadual ainda contratualiza os serviços de oncologia no Hospital Padre Thiago da Providência de Deus, em Jataí; no Hospital do Câncer de Rio Verde; e no Hospital Araújo Jorge, em Goiânia (unidade filantrópica). A última conta, desde 2019, com apoio financeiro do Estado, por meio do Plano de Fortalecimento.

Em junho deste ano, o Governo de Goiás deu mais um passo importante para o avanço no tratamento do câncer, com o início dos atendimentos pediátricos no Complexo Oncológico de Referência do Estado (Cora), primeiro hospital público destinado exclusivamente ao tratamento do câncer no estado.

A unidade representa uma revolução nacional em oncologia, contando com aparelhos modernos e ampla estrutura física. A inauguração oficial da unidade será realizada no dia 25 de setembro. O Cora já diagnosticou 191 pacientes e oferece uma estrutura completa, com 60 leitos, incluindo UTI, setor de transplante de medula óssea, centro cirúrgico, robôs para reabilitação de movimentos e um avançado sistema de filtragem do ar, único em Goiás.

Acesse a Análise da Situação Epidemiológica das Neoplasias em Goiás aqui.

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