Roberto e Luiza, unidos espiritual e fisicamente
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos. Bem-aventurados os que padecem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados são, quando vos injuriarem, e vos perseguirem, e disserem todo o mal contra vós, mentindo, por meu respeito. Folgai e exultai, porque o vosso galardão é copioso nos céus; pois assim também perseguiram os profetas, que foram antes de vós. (Mateus, V: 6, 10-12)”
TENHO FOME, TENHO SEDE.
Quantas vezes nos deparamos com sedentos e esfomeados!
Sedentos de que? Famintos de que? De água, de comida?
E nós também não sentimos sede? Não sentimos fome?
Por que tanta sede e tanta fome neste mundão de Deus?
Tenho sede, tenho fome de que?
Muitos estão à míngua sem conseguirem se alimentar, mesmo razoavelmente. Segundo Jorge Hessen, em artigo sobre os desperdícios: “uma em cada oito pessoas no planeta continua sem alimentos suficientes para comer”.
E quantos morrem de sede nos territórios áridos, inclusive aqui no sertão nordestino?
Entretanto, não gostaria de ficar discorrendo sobre tanta miséria, especialmente, no sentido da abastança e muito desperdício de uns poucos e sofrimentos de muitos por falta de alimentação adequada ou ausência de água para mitigar a sede.
Tratemos de outras fomes e de outras sedes. Por exemplo a fome e a sede da alimentação espiritual. Ora se falamos da alimentação espiritual estamos nos referindo somente à fome? A sede do crescimento do espírito não estaria envolvida nessa alimentação espiritual? Lógico que sim. Uma e outra: fome e sede se unem na busca do alimento espiritual como um todo.
Deixemos de prosopopéias e avancemos no estudo dessa fome e dessa sede espirituais.
Comecemos pela educação.
Não mais é hora, nem cabe mais o analfabetismo. Todos têm direito de aprender a ler e escrever, pois com a leitura e a escrevinhação, o homem consegue alcançar altiplanos inconcebíveis aos analfabetos, sobretudono que se refere à obtenção do conhecimento.
A leitura leva o homem a ambicionar a conquista de mais e mais objetivos, realizando sonhos em todos os setores da vida terrestre, seja pelo trabalho melhor, seja pela posição social de destaque, seja pelo posicionamento político, seja pela distinção, pela honra, pela dignidade, além da moral. E quando cuidamos da moral, avançamos sobre a descoberta, o desenvolvimento e o crescimento da alma que tanto constroem quanto elevam o ser humano, à melhoria da qualidade de vida e ao discernimento do certo e do errado e iniciando, assim, a jornada da correção dos próprios erros além da construção do arcabouço espiritual.
Quando o Cristo de Deus classificou como bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois seriam saciados, deixava ínsito que ninguém era escravo de ninguém, pois todos os seres humanos são livres para pensar e agir.
Entretanto, de todas as liberdades, a mais inviolável é a de pensar, que compreende também a liberdade de consciência.
Ainda que se escravize o corpo, que alguém pretenda apropriar-se dos sentimentos e dos pensamentos alheios, o ditador, o discricionário, não conseguirá jamais invadir a liberdade de pensar. Dentre esses encontramos os que pretendem sufocar, pela força, a fé e a crença do homem espiritualizado.
Num debate sobre a liberdade da consciência colhemos a seguinte fala: “Perseguir os outros pela crença que professam, é atentar contra o mais sagrado direito do homem: o de crer no que lhe convém, adorando a Deus como lhe parece melhor. Constrangê-los à prática de atos exteriores semelhantes aos nossos, é mostrar que nos apegamos mais à forma do que à essência, mais às aparências do que à convicção. A abjuração forçada jamais produziu a fé. Só pode fazer hipócritas. É um abuso da força material, que não prova a verdade. Porque a verdade é segura de si mesma; convence e não persegue, porque não tem necessidade de fazê-lo.” (autor desconhecido).
Lançar o anátema contra os que não pensam como nós, é reclamar essa liberdade para nós e recusá-la aos outros, e é violar o primeiro mandamento de Jesus: o da caridade e do amor ao próximo.
A perseguição é o batismo de toda idéia nova, grande e justa, cuja propagação aumenta, na razão da grandeza e da importância da idéia. O furor e a cólera dos seus inimigos são equivalentes ao temor que ela lhes infunde. Foi essa a razão das perseguições ao Cristianismo na antiguidade.
Neste momento seitas e confissões ditas cristãs têm se destacado pela tentativa de captar seguidores, nas várias faixas sociais e também etárias, esconjurando outros cristãos pela não coincidência com suas crenças, mesmo reconhecendo que o Evangelho é único não importando sua edição.
Muitos desses segmentos produziram traduções do Evangelho objetivando atender às suas pregações, modificando a Verdade contida no Evangelho consoante os seus interesses. Por isso, as alterações, muitas vezes, entrechocam com os dizeres do Cristo.
Jorge Hessen, discorrendo numa palestra sobre “Angústias do Mundo Moderno”, ensina: A desordem global provocada pelo materialismo muito forte faz com que 2/3 da população da Terra não queriam saber de Deus. Estão mais interessados na matéria. Como se diz: vivem o estômago para baixo e não conseguem elevar o viver na Terra: coração e mente.
Infelizmente, algumas facções que se utilizam do Evangelho, fazem-no consoante os seus interesses considerados religiosos, alterando o conteúdo e até interpretando conforme suas conveniências. Há quem entenda que tal comportamento visa infundir o temor a Deus e a consequente subordinação dos fiéis às lideranças, comprometendo-os com sua seita ou facção cujo objetivo oculto seria o enriquecimento dos dirigentes.
Tenho sede, tenho fome trata uma das máximas do Evangelho de Jesus e que o Espiritismo, seguindo o ensinamento cristão indica que essa sede e essa fome referem-se ao aprendizado e melhor interpretação das lições do Cristo, pois, através do conhecimento adquirido, o aprendiz mitiga a sede e sacia a fome e se eleva aos altiplanos do Mundo Maior onde a morte não penetra porque lá, o espírito se encontra na plenitude da vida.
O Espiritismo é uma opinião, uma crença; ou como alguns entendem, uma religião. Religião ou não, o Espiritismo se distingue pela liberdade dos seus adeptos de pensar, de agir e até mesmo de poder se dizerem espíritas, ainda que aqueles que desconhecem a filosofia, a ciência e a moral espírita, se deixam envolver com falácias propagadas pelos detratores quedando-se amedrontados principalmente pela imputação de que os espíritas teriam envolvimento com o diabo.
Essa é a razão das perseguições ao Espiritismo, na atualidade, com a diferença de que o Cristianismo foi perseguido pelos pagãos, e o Espiritismo o é pelos cristãos.
O tempo das perseguições sanguinárias já passou, é verdade, mas se hoje não matam o corpo, torturam a alma. Atacam-na até mesmo nos seus sentimentos mais profundos, nas suas mais caras afeições. As famílias são divididas, excitando-se a mãe contra a filha, a mulher contra o marido. E mesmo a agressão física não falta, atacando-se o corpo no tocante às suas necessidades materiais, ao tirarem às pessoas o próprio ganha pão, para reduzi-las à fome.
Espíritas, não vos aflijais com os golpes que vos desferem, pois são eles a prova de que estais com a verdade. Se não o estivésseis, vos deixariam em paz, não vos agrediriam. É uma prova para a vossa fé, pois é pela vossa coragem, pela vossa resignação, pela vossa perseverança, que Deus vos reconhece entre os seus fiéis servidores, os quais já está contando desde hoje, para dar a cada um a parte que lhe cabe, segundo suas obras.
A exemplo dos primeiros cristãos, alegrai-vos de carregar a vossa cruz. Crede na palavra do Cristo, que disse: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma”. E acrescentou: “Amai aos vossos inimigos, fazei bem aos que vos fazem mal, e orai pelos que vos perseguem”. Mostrai que sois os seus verdadeiros discípulos, e que a vossa doutrina é boa, fazendo, para isso, o que ele ensinou e exemplificou. A perseguição será temporária. Esperai, pois, pacientemente, o romper da aurora, porque a estrela da manhã já se levanta no horizonte.
O homem que herdou a terra, que vive em paz com as coisas materiais, passa a ter uma aspiração ética mais ampla. Já entendeu a Justiça do mundo. Procura encontrar no mundo a presença de Deus.
Busca encontrar a Justiça em tudo o que vê: tem fome de Justiça!
Este já é um homem superior a média, é o homem que do fundo do seu coração procura ser justo.
Nesta busca vai encontrar a mão de Deus em tudo que ocorre no mundo. Vai entender a Lei de Ação e Reação.
Este homem entende que o momento que vive foi criado por ele mesmo no passado. Com este entendimento encontra a Justiça.
No passo anterior, conheceu a Justiça do mundo, e aprendeu como as leis da natureza fazem a sua Justiça. Neste passo entende a Justiça de Deus, a Justiça que comanda tudo que independe do mundo.
Em outro trecho, de sua palestra suso mencionada, Jorge Hessen continua alertando: “A Nova Era está batendo na porta e então a Terra será muito melhor do que é hoje… Evidentemente nem todos vão estar por aqui, pois haverá um processo natural de aferição dos que terão condições de habitar o Planeta ou não.
É uma questão de afinidade da psicosfera construída pelos bons.”
Então é bom ter fome, ter sede e saciá-las buscando se melhorar interiormente, espiritualmente. Ou então como diz o nosso amigo espiritual Clóvis: “até por esperteza é muito melhor ser bom.”