Exploração sexual: Vulnerabilidade infantil cresce em grandes eventos
Pobreza, embates familiares, falta de estrutura tanto para fiscalização quanto para a acolhida de menores são, junto com o trabalho infantil e o tráfico de pessoas, alguns dos fatores que, segundo especialistas, tradicionalmente levam à exploração sexual infanto-juvenil.
O Globo
Com a proximidade da Copa do Mundo, a vontade de assistir a jogos ou de simplesmente estar em meio a todo o burburinho do evento são ingredientes extras que poderão piorar – e muito – o cenário.
– Muitos adolescentes podem sair do interior na expectativa de ver os jogos, de participar da festa – ressalta Anna Flora Werneck, coordenadora de programas da ONG Childhood. – Se eles não têm onde ficar, se têm acesso a álcool, ficam vulneráveis. E, onde há eventos e dinheiro, a vulnerabilidade é ainda maior.
Segundo relatório da organização não governamental, que monitora os casos de exploração sexual em São Paulo, o risco de aumento da exploração infanto-juvenil é real e agravado tanto pela antecipação das férias escolares (estabelecida por governos estaduais por conta da Copa do Mundo) quanto pelo aumento do número de empregos temporários ligados ao evento. E a preocupação da ONG é compartilhada pela promotora de Defesa dos Direitos Difusos e Coletivos da Infância e Juventude de São Paulo, Fabiola Moran Faloppa.
-Ainda espero que eles (governos) revejam a medida (sobre as férias) – diz ela. – A escola é um importante ponto de apoio que está sendo descartado perigosamente pelo poder público nesse período.
Entidades como conselhos tutelares, centros e fóruns de defesa dos direitos da criança e do adolescente ressaltam ainda que a falta de efetivo capacitado para trabalhar com esse tipo de violação e a ausência de espaços de acolhimento são determinantes para o aumento do número de casos de exploração sexual infanto-juvenil. É por aí que floresce a impunidade dos aliciadores.