Alto Paraíso de Goiás – Família em situação de vulnerabilidade enfrenta incertezas e notificação de despejo.

Grávida de oito meses e mãe de três filhos, o mais velho portador de uma doença degenerativa, Deuselina Rodrigues dos Santos enfrenta uma nova onda de dificuldades, tendo sua construção ameaçada de demolição pela prefeitura do município.

Roberto Naborfazan

Recentemente o Jornal O VETOR, em reportagem especial, mostrou a situação da senhora Deuselina Rodrigues dos Santos, que, em meio à luta diária pela sobrevivência e pela busca de um lar digno, fez um comovente vídeo, publicado em redes sociais, onde pedia ajuda para construção de uma casa. Leia aqui a reportagem.

Veja abaixo o vídeo em que Deuselina pede doações.

Grávida de oito meses e mãe de três filhos, o mais velho portador de uma doença degenerativa, a osteogênese imperfeita, uma alteração genética que torna os ossos mais frágeis e propensos a fraturas, popularmente conhecida como doença dos ossos de vidro, Deuselina vive com seus filhos em barraco improvisado, em um terreno no setor Estância Paraíso, onde tenta, com doações, construir uma pequena casa para garantir um mínimo de segurança e estabilidade para sua família. Entretanto, as recentes chuvas fortes que atingiram a região trouxeram destruição: uma enxurrada invadiu seu barraco, destruindo completamente os poucos bens que possuía.

Em meio ao desespero, Deuselina gravou um vídeo relatando sua situação, que rapidamente ganhou a atenção da comunidade nas redes sociais. Assista o vídeo abaixo.

A situação de Deuselina é ainda mais delicada, pois ela havia sido contemplada com uma casa em um programa habitacional do governo estadual, mas foi desclassificada sem uma justificativa clara. Sem alternativas, ela recorreu à compra do terreno com o valor recebido do Benefício de Prestação Continuada (BPC) do seu filho mais velho, portador de necessidades especiais.

Contudo, a esperança de um lar foi mais uma vez ameaçada: na quarta-feira, 06/11, a Prefeitura Municipal de Alto Paraíso de Goiás, por meio da Secretaria de Obras e Serviços Urbanos, notificou Deuselina, informando que ela deve desocupar a área sob pena de demolição da construção feita com muito sacrifício e doações da comunidade.

Deuselina com os dois filhos adolescentes diante da construção que ainda estava no alicerce no mês de setembro último.
Depois da destruição causada pela chuva, a comunidade fez doações e hoje a construção está quase pronta para ser habitada pela família. No quintal alguns itens molhados pela chuva. FOTOS: Jornal O VETOR

A Prefeitura foi questionada pelo jornal O VETOR sobre as razões para a desclassificação de Deuselina do programa habitacional, bem como sobre o destino dela e de outras famílias que adquiriram terrenos na área, de boa-fé.

Em relação a desclassificação de Deuselina, após ser contemplada, o secretário municipal de Administração e Finanças, Adão dos Santos Rosa, afirmou que a demanda foi repassada à Secretaria de Assistência Social, e que nos daria retorno, o que não aconteceu até o fechamento dessa reportagem.

Questionado se a prefeitura tem ciência de que essas pessoas compraram, de boa-fé, os lotes a prestação nessa área, inclusive com contrato de compra e venda, o representante da administração municipal destacou, de forma sucinta que “a prefeitura tem ciência que todos os ocupantes daquelas áreas estão invadindo o espaço público.”

Auto de infração aponta, entre as penalidades, a demolição imediata da construção.

No entanto, surge a pergunta: por que a Prefeitura não interveio anteriormente, já que essas construções ocorrem há mais de um ano? Será que houve omissão em função do período eleitoral? E, mais importante, qual será o destino de Deuselina e de seus filhos?

Uma das pessoas que fez doação para a construção da casa de Deuselina perguntou: onde estão os vereadores atuais, e os eleitos, que não ajudam essa mulher desesperada? Porque não votam uma lei doando essa área para essas pessoas e as livram desse pagamento irregular, visto que a área é pública e não poderia ser vendida?

Porque esses ditos representantes do povo não acionam o Ministério Público para investigar de que forma foi feita essa venda e quem são os vendedores?

“A própria prefeitura deveria investigar por que uma área do município está sendo negociada em prestações, e quem está se beneficiando dessa situação. Se a prefeitura se omite na investigação, não pode penalizar pessoas a quem deveria dar assistência”. Argumenta o doador.

A comunidade cobra uma resposta mais empática e eficaz do poder público para evitar que mais uma família em situação de extrema vulnerabilidade seja deixada à própria sorte.

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5 comentários em “Alto Paraíso de Goiás – Família em situação de vulnerabilidade enfrenta incertezas e notificação de despejo.

  • 7 de novembro de 2024 em 19:15
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    Acho que ela deveria denunciar quem vendeu a área pra ela como sempre a culpa não e da prefeitura e a descalcificação já foi bem colocadas em várias grupos da cidade pele adna Bernades tem coisas que nem sempre e verdade da forma que chegam aos munícipes acho que ela merece sim um lar digno mas fazer matéria mentirosa não concordo área pública não dá direito de posse isso não só pra ela são pra todos muito triste porque a deuselina foi mas uma enganada mas ela tem que fazer ocorrência e denunciar o indivíduo que lhe enganou…

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    • 7 de novembro de 2024 em 19:19
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      Victor Hugo, por favor, mostre onde está a mentira em nossa reportagem.

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  • 7 de novembro de 2024 em 21:03
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    Enquanto a gente tiver um governo de rico para rico, isso irá acontecer. Pra doar lote pra Igreja isso pode. Mas pra fazer reforma urbana, pra fazer cumprir a Constituição e a Função Social da propriedade, pra isso não tem ninguém. Alto Paraíso está repleto de áreas públicas e privadas vazias há dezenas de anos, sem cumprir a função social da propriedade. E muita, muita gente pagando aluguéis caríssimos. Aqui se dá bem quem vive de especulação imobiliária e aluguéis. Pobre aqui só serve na hora de votar.

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  • 8 de novembro de 2024 em 11:02
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    Agora tá certo invadir área pública? Os fiscais estão fazendo seu trabalho. Ainda tiraram várias mudas de plantio de área degradada lá para ocupar. É uma área sensível ambientalmente, não é para ocupação!

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  • 8 de novembro de 2024 em 15:39
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    Invadir área pública não está certo, mas derrubar a casa de quem já está instalado no local também não tá certo, a cidade é pequena e dá muito bem pra prefeitura fiscalizar, se deixou construir, agora a prefeitura que se vire e arruma outra casa pra família.

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