cultura: Encontro de Culturas Tradicionais movimenta a Chapada dos Veadeiros

Pedro Moreira (Agência Brasil)
Nem mesmo a poeira desanima os turistas. Com a estiagem típica do inverno no Cerrado goiano, o trecho sem asfalto da estrada que liga a cidade de Alto Paraíso de Goiás ao povoado de São Jorge, mais parece feito de areia. Os carros levantam um pó que forma uma espécie de neblina no horizonte da Chapada dos Veadeiros. Na chegada à pequena vila de 500 habitantes, as ruas sem pavimentação mantém uma névoa suspensa no ar. Carros, casas, barracas de camping e tudo mais que estiver exposto ao tempo toma uma coloração esbranquiçada.
A cidade de Alto Paraíso de Goiás é a porta de entrada para o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e destino obrigatório para quem quer conhecer as belezas da região, localizada no nordeste de Goiás. Mais perto ainda do parque, a 35 quilômetros de Alto Paraíso, está o pequeno povoado de São Jorge. Em julho, a vila recebe o Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros. O evento promove as manifestações da cultura local, valorizando comunidades tradicionais, como os quilombolas e os índios, primeiros moradores da região.
O encontro qcontece na Vila de São Jorge, em Alto Paraíso de Goiás. Todas as atividades são gratuitas, mas têm vagas limitadas.
É este o cenário que recepciona os cerca de 30 mil turistas esperados para a região na temporada de julho. Eles vêm em busca das centenas de cachoeiras que compõem, junto com formações rochosas e a vegetação típica do Cerrado. A região atrai gente interessada em estilo de vida alternativo, mais próximo da natureza, e, também, àqueles em busca das trilhas, corredeiras e atividades radicais, como a canoagem e as tirolezas.
É fácil encontrar gente vinda dos mais diferentes lugares do país e do mundo. A argentina Estela Rollieri mora no Brasil há quinze anos, mas veio à São Jorge especialmente para o festival. Artesã na maior parte do tempo, ela montou uma barraca de pizzas na chapa. Estela acredita que vai lucrar mais, já que a concorrência de barraquinhas de artesanato é maior.
As ruazinhas de terra e as dezenas de pousadas costumam lotar em época de férias. O encontro ajuda a aumentar esse movimento. A podóloga Maria de Freitas veio de Taguatinga, no Distrito Federal. Morando a 240 quilômetros dali, ela nunca tinha visitado a região. Enquanto aproveitava o Sol numa das pedras da Cachoeira São Bento, em Alto Paraíso de Goiás, disse que se surpreendeu. “Fiquei encantada com a natureza, as pessoas daqui, muito educadas, tratam a gente muito bem, sabe? Muito tranquilo, tô gostando muito.”
Assim como a argentina Estela, o jovem Patrick Belém também apostou na fome dos visitantes. Curitibano, formado em jornalismo e, também, músico, ele sobrevive na cidade vendendo sanduíches naturais em uma caixa térmica, no cinema a Céu aberto. A Mostra CentroéCine exibe mais de 20 longas e curtas-metragens em tela montada sobre um caminhão. O ponto de encontro reuniu, ainda, pipoqueiros, vendedores de bebidas e artesãos.
O Encontro de Culturas oferece, ainda, oficinas que ensinam a população local a trabalhar com materiais típicos da região. Entre os produtos, estão o artesanato com sementes, sabão feito com plantas do Cerrado e remédios caseiros. Ao mesmo tempo que ajudam na geração de renda, preservam o meio ambiente ao promover o extrativismo sustentável.

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