DOOU AMOR EM VIDA E APÓS A MORTE – Técnica de enfermagem morre de AVC e colegas fazem corredor de aplausos para doação dos órgãos dela: ‘viveu pra cuidar’
Família de Benedita de Nazaré Ribeiro Ferreira autorizou a captação, que aconteceu na quarta-feira (11), no Hospital Geral de Palmas – TO. Cinco pessoas que estão na fila aguardando transplantes terão uma nova oportunidade de cura.
Por Patricia Lauris**
Roberto Naborfazan**
Após ter uma vida dedicada a cuidar de pacientes no Hospital Geral de Palmas (HGP), a técnica de enfermagem Benedita de Nazaré Ribeiro Ferreira, de 48 anos, não deixou de ajudar as pessoas mesmo na morte. Ela sofreu um AVC hemorrágico e não resistiu. A família autorizou a doação dos órgãos e pela atitude, os colegas e amigos a homenagearam na unidade.
Graças à autorização da família, a vida de cinco pacientes que aguardam na fila, por um transplante, vai mudar. A servidora que atuava no Hospital Geral de Palmas (HGP) foi vítima de um AVC hemorrágico, que evoluiu para o diagnóstico de morte encefálica e procedimento de captação de múltiplos órgãos foi realizado na quarta-feira, 11, na unidade hospitalar onde ela dedicou-se a salvar vidas, até após o óbito. Esta é a oitava captação de múltiplos órgãos de 2023 e foram captados fígado (destinado a Brasília), rins (Pará) e córneas (Tocantins).
Sob comoção, servidores e colegas de trabalho da técnica de enfermagem prestaram uma última homenagem, acompanhando o trajeto da paciente que saiu da UTI para o centro cirúrgico com balões e aplausos. “Ela era uma pessoa muito calma, realizava seu trabalho com excelência, mesmo com carga horária dupla, ela trabalhava no SAMU também, mesmo com problemas de saúde por ser hipertensa, nunca deixou isso afetar seu trabalho. Feliz daquele paciente que passou pelos cuidados dela, ela viveu para cuidar. Perde-se uma excelente profissional, uma mãe, uma esposa, que vai ficar nos nossos corações”, afirmou a técnica de enfermagem Isabel Soares De Oliveira Carvalho, que trabalhava no mesmo setor. Veja no vídeo abaixo.
Quanto à decisão da família de doar os órgãos, não foi surpresa para quem a conhecia. “Era um desejo dela ser doadora de órgãos e sempre manifestou isso em vida. As nossas lágrimas hoje de saudade dela serão também lágrimas de alegria para outra família”, relatou Isabel.
A enfermeira e coordenadora da ala em Benedita atuava, Naiana José de Oliveira Morais, também prestou sua homenagem e falou da sua dedicação ao trabalho. “A Benedita era uma pessoa muito batalhadora, tinha muitos sonhos, levava uma vida dedicada ao trabalho, chegou a trabalhar em quatro empregos simultaneamente. Era uma pessoa calma, educada, calada, respeitável, inteligente, uma profissional dedicada, assistência técnica de excelência, não reclamava de nada em relação a assistência de enfermagem mesmo às vezes trabalhando sobrecarregada”.
Para a técnica de enfermagem Laurinda Nunes, “Benedita era uma pessoa exemplar, muito querida, esta homenagem é para demostrarmos um pouco de carinho o que ela representou para todos nós, enquanto esteve em nossa convivência, cuidando das pessoas”.
Captação
A ação de captação dos órgãos é realizada pelo trabalho conjunto da equipe da Central Estadual de Transplante do Tocantins (CETTO), da Organização de Procura de Órgãos, do Hospital Geral de Palmas (OPO), da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) e do Banco de Olhos Público do Tocantins (Boto).
O enfermeiro da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), do HGP, Vinicius Gonçalves Boaventura, ressaltou que “atuamos na viabilização de todo o processo da realização do protocolo de morte encefálica e, se confirmado, oferecer o direito às famílias de optarem pela doação dos órgãos, dar suporte durante o processo de doação e captação dos órgãos. Esta captação teve um significado maior pra gente, pois se trata de uma colega de profissão, que teve como último desejo, trazer vida e esperança para outras cinco famílias”.
Como doar
Para que ocorra a doação, é necessário que a família tenha conhecimento do desejo de ser doador, uma vez que parte dela a autorização para captação dos órgãos. A autorização deve ser concomitante ao quadro de morte encefálica, quando ocorre uma perda definitiva das funções do cérebro e, por isso, a recuperação não é possível. Neste tipo de quadro, os órgãos permanecem ativos por um curto período de tempo, o que permite então a captação para que sejam remetidos aos receptores.
***FONTE: Texto de Ellayne Czuryto/Governo do Tocantins