POLÍTICA – Eleitor de direita considera alternativas a Bolsonaro, aponta pesquisa

O levantamento ‘Para onde vai a direita’ identificou as principais opções desse campo ante a possível inelegibilidade do ex-presidente.

Por Wendal Carmo**

Às vésperas do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral que pode levar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à inelegibilidade, um levantamento produzido pelos institutos Locomotiva e Ideia aponta que grande parte dos eleitores do ex-capitão (54%) está aberta a apoiar outros nomes da direita, mesmo que eles não contem com o endosso de Bolsonaro.

Por outro lado, 28% dos eleitores bolsonaristas admitem apoiar outros líderes da direita, desde que estejam ao lado do ex-presidente. Uma fatia menor do eleitorado – 18% – é vista pelos organizadores do estudo como a vertente de bolsonaristas radicais que não reconhecem outra liderança para aglutinar a direita.

Os dados da pesquisa Para onde vai a direita ainda mostram a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como as principais alternativas desse campo político. Outras figuras, como o ex-juiz Sérgio Moro (União) e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), também são citados, mas com menos força.

Diante da possível condenação no TSE, o PL trabalha para utilizar o capital político de Bolsonaro nas eleições municipais de 2024. A expectativa é que o ex-presidente invista no discurso de ‘perseguição política’ e ajude nas campanhas dos correligionários.

O levantamento foi encomendado pela Zeitgeist Public Affairs e ouviu 1.531 eleitores em todo o País, por telefone, entre 30 e 31 de maio. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais.

“Na prática, a direita brasileira que defende uma economia liberal e progressista nos costumes, contraria ao radicalismo bolsonarista, está órfã de lideranças“, explica Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva e cofundador da Zeitgeist. Segundo ele, o estudo conseguiu separar duas correntes no total de eleitores de Bolsonaro: a “raiz”, que apoia o ex-capitão pela aproximação das pautas, e a “pragmática”, identificada pelo antipetismo.

De acordo com a pesquisa, 37% dos apoiadores de Bolsonaro endossam a intervenção do governo na economia, enquanto 33% afirmam que esse é um papel das empresas. Quando questionados sobre a taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano, os bolsonaristas defendem a autonomia do presidente da República para forçar a queda da Selic: 40% pensam dessa forma, contra 30% favoráveis à autonomia do Banco Central.

Os números ainda mostram que a polarização segue em evidência no País: 5% dos eleitores de Bolsonaro afirmam ter se arrependido do voto no ex-presidente, enquanto 7% dos eleitores de Lula lamentam a escolha.

Clique aqui e veja a íntegra do levantamento:

***Wendal Carmo Repórter e redator do site de CartaCapital

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