POLÊMICA – Irmãos têm dois filhos e tentam na Justiça oficializar a união através do casamento.
O casal é filho do mesmo pai e, durante anos, os dois não sabiam da existência um do outro. Hoje, Ana e Daniel têm dois filhos, de cinco e três anos.
Por Clarissa Guimarães
Um casal de irmãos, que tem dois filhos, tenta na Justiça oficializar a união. O caso, que ganhou as páginas de jornais do mundo inteiro nessa quinta-feira (27), aconteceu na Espanha onde a legislação, pelo Código Civil, proíbe o casamento entre parentes diretos – embora o incesto não seja considerado crime desde 1978.
No registo civil, constam os nomes de Ana e Daniel como pais dos dois filhos, algo que seria impossível antes de 2012, quando o casal Daniel e Rosa Moya Peña, conseguiram, após 35 anos de relação proibida, legalizar a situação e serem reconhecidos como pais dos filhos de 5 e 3 anos. Por decisão judicial, Daniel deixou de ser tio dos filhos e Rosa de mãe solteira. “Eles abrem um precedente”, diz Ana ao jornal El Español.
O casal é filho do mesmo pai e, durante anos, os dois não sabiam da existência um do outro. Algo que mudou a pós a mãe da Ana revelar um segredo: o pai teve um outro casamento.
“Minha mãe me disse que meu pai havia nos deixado para formar outra família e que tinha outro filho”, conta Ana em entrevista ao jornal. Naquela época, ela não sabia o nome e nem a idade do irmão, a única coisa que ela suspeitava era que o parente de sangue morasse em Granollers (Barcelona), cidade natal da Ana.
Aos 20 anos, Ana criou uma conta falsa no Facebook para procurar pelo irmão desconhecido. “Adicionei Daniel de outro perfil anônimo que não era meu para que ele não visse sobrenomes nem nada. Mesmo assim, não pude evitar contar a ele quem eu era”, diz.
Na época, Daniel, cujos pais se separaram quando ele tinha oito anos, morava com o pai. “Disseram-me uma vez que talvez tivesse uma irmã por aí, mas o meu pai nunca me disse, era uma coisa que ele queria esconder”, contou Daniel ao jornal.
Filhos
Com o passar do tempo, os dois construíram uma relação de amizade que se transformou em amor e gerou dois filhos. “Tentávamos manter aquela relação de irmãos, que é o que os cânones estabelecem, mas não sentíamos assim… Esse sentimento de fraternidade não existia. Conheci uma menina que me disse que era minha irmã e que tinha os mesmos gostos que eu e que me divertia muito com ela, mas não conseguia classificá-la como irmã”, explica Daniel.
Hoje, Ana e Daniel têm dois filhos, de cinco e três anos. Mas, antes de engravidar e temendo que, por haver uma relação consanguínea entre eles, os filhos pudessem nascer com algum tipo de dificuldade, Ana quis saber sobre o risco que eles correriam. “O ginecologista nos disse que, no nosso caso, o risco de nascer com algum tipo de doença recessiva é 4% maior do que um casal que não compartilha genes”, explica Ana.
Casamento
O casal tenta, agora, oficializar a união de nove anos através do casamento, proibido na Espanha. “As sociedades devem seguir em frente e não se ancorar em tradicionalismos. Os homossexuais também não tinham permissão para se casar e agora podem. Nós nos amamos e é isso que deve prevalecer. Não fazemos mal a ninguém. Por isso queremos que as pessoas conheçam nossa verdadeira história”, diz Ana.
No entanto, Daniel e Ana deixaram claro durante a entrevista que, ao contarem a história, não estão reivindicando relacionamentos amorosos entre irmãos. “Nunca dissemos que a relação amorosa entre dois irmãos é algo natural, simplesmente contamos nossa história pessoal, não reivindicamos nada. Isso já aconteceu conosco, é algo incomum e pronto, mas muitos pensam que somos louco por defender esse tipo de relacionamento e que violamos a moral, e não é assim, a gente só conta o que aconteceu com a gente”, argumenta Dani.
FONTE: Itatiaia.com
Uma história incrível e difícil de se vê