México proíbe culto em que mulheres faziam sexo com ‘reencarnação de Cristo’

Grupo “Defensores de Cristo” é acusado de recrutar mulheres e explorá-las sexualmente; operação da Polícia Federal prendeu 14 estrangeiros, entre eles, brasileiros.

Mark Stevenson (AP)

Autoridades mexicanas disseram ter acabado com um culto que supostamente administrava uma operação de escravidão sexual entre seus seguidores na fronteira com os Estados Unidos.
O grupo “Defensores de Cristo” supostamente recrutava mulheres para manterem relações sexuais com um espanhol que alegava ser a reencarnação de Cristo, de acordo com um funcionário de um grupo de defesa das vítimas, que falou sob condição de anonimato por não estar autorizado a falar publicamente sobre o caso.
Suas seguidoras foram submetidas a trabalho forçado ou serviços sexuais, incluindo prostituição, de acordo com o Instituto Nacional de Imigração que disse ter aberto um processo contra o culto há mais de um ano.
A Polícia Federal, agentes de Imigração Nacional do México e promotores do instituto invadiram uma casa perto de Nuevo Laredo no fim de janeiro e encontrou membros da seita, incluindo crianças, vivendo em péssimas condições, de acordo com uma autoridade do instituto.
Em um comunicado, o instituto disse que 14 estrangeiros foram detidos na operação e entregues ao Ministério Público, pendentes de possíveis acusações. Entre os detidos estavam seis espanhóis e brasileiros, bolivianos e venezuelanos. Uma argentino e um equatoriano também foram detidos.O Ministério das Relações Exteriores da Espanha confirmou que cidadãos espanhóis estavam entre os detidos.
Segundo o instituto, 10 mexicanos também foram encontrados na casa, principalmente mulheres, que estão, provavelmente, entre as vítimas do culto.
A Procuradoria Geral da República disse que a investigação ainda está decidindo o tipo de acusação que será formulada a partir do caso, se houver alguma. Dada a lealdade que foi construída ao longo dos anos, os promotores ainda estavam tentando descobrir quais dos detidos poderão ser considerados vítimas e quais seriam os responsáveis pelo abuso.
A declaração do instituto disse que os líderes da seita obrigavam os membros a pagarem o “dízimo”, com dinheiro ou trabalho forçado. O instituto disse em um comunicado que os Defensores de Cristo eram liderados pelo cidadão venezuelano José Arenas Losanger Segovia.
Mas segundo o site da seita, o líder era o espanhol Ignacio Gonzalez de Arriba. Ele se estabeleceu no México há cerca de três anos, depois de ter vivido uma temporada no Brasil e em outras partes da América do Sul, segundo informou Myrna Garcia, ativista da Rede de Apoio às Vítimas de cultos que já trabalhou com vítimas dos Defensores de Cristo.
Ele começou a oferecer cursos de “bio-programação”, uma prática esotérica que busca com que os praticantes “reprogramem” o cérebro para eliminar a dor, o sofrimento e ansiedade, segundo o Instituto.
Tanto Gonzalez de Arriba quanto Losanger Segovia não foram encontrados para comentar. Um número listado em uma propaganda para cursos de “bio-programação” foi desligado. Não ficou claro se eles estavam entre os detidos.
O culto prosperou em uma região do México, que é rigidamente controlada pelo cartel de drogas Zetas. O Departamento do Interior disse que os defensores do Cristo não haviam se registrado como um grupo religioso, conforme exigido pela lei mexicana. Garcia disse que células do culto ainda podem estar ativas no Peru e na Argentina.

 

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