ESCLEROSE MÚLTIPLA – Goiás oferece serviço clínico farmacêutico para pessoas diagnosticadas com a doença.
Mensalmente, cerca de 800 pacientes recebem atendimento personalizado, tanto na Central Estadual de Medicamentos de Alto Custo Juarez Barbosa (Cemac), quanto nas policlínicas instaladas nos municípios de Posse, Goianésia, Pirenópolis e Formosa.
Roberto Naborfazan
A Central Estadual de Medicamentos de Alto Custo Juarez Barbosa (Cemac) por meio de um serviço clínico farmacêutico de atenção humanizada, tem acolhido e prestado atendimento especializado às pessoas com esclerose múltipla (EM), doença autoimune, crônica e progressiva do sistema nervoso central.
Trata-se da iniciativa “O cuidado farmacêutico no componente especializado da assistência farmacêutica”, coordenada pelo farmacêutico e diretor geral da Cemac, Roney Pereira Pinto, e pela neurologista, Denise Sisteroly, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG).
“A farmácia clínica, que nasceu de um projeto de mestrado, tem feito diferença no cuidado das pessoas com esclerose múltipla. O serviço vai muito além da dispensação de medicamentos. No atendimento ao paciente, os farmacêuticos esclarecem dúvidas, fazem avaliações de saúde individuais e periódicas e verificam se há a necessidade de encaminhamentos para outros profissionais. Esse acolhimento personalizado feito pela equipe farmacológica, somado ao atendimento que o paciente já recebe pelo médico assistente, faz toda a diferença, e é de suma importância para o desfecho do tratamento ser um sucesso”, explica Roney.
A neurologista conta como é a estrutura e a relevância da atenção humanizada. “São quatro farmacêuticos, dois consultórios e três salas de aplicação dedicadas ao projeto. O atendimento aos pacientes inclui aferição de pressão arterial e teste de glicemia, por exemplo. Os profissionais de saúde conseguem acompanhar a evolução da esclerose múltipla por meio da Escala Expandida do Estado de Incapacidade de Kurtzke (EDSS), método que estabelece o nível de comprometimento causado pela doença. Todas essas informações são compartilhadas com o médico do paciente, por meio de um relatório. A tríade médico, farmacêutico e paciente é uma conexão de sucesso, que permite um melhor manejo da EM”, pondera a neurologista.
O projeto “O cuidado farmacêutico no componente especializado da assistência farmacêutica”, que tem recebido avaliações positivas dos pacientes, conta com policlínicas no interior do estado de Goiás, nos seguintes municípios: Posse, Goianésia, Pirenópolis e Formosa. “Temos previsão de expansão para oito novos consultórios clínicos até o primeiro trimestre deste ano”, finaliza Roney.
Sobre a Escleroso Múltipla
A esclerose múltipla é uma doença que compromete o sistema nervoso central, um processo de inflamação crônica de natureza autoimune que pode causar desde problemas momentâneos de visão, falta de equilíbrio até sintomas mais graves, como cegueira e paralisia completa dos membros. A doença está relacionada à destruição da mielina, membrana que envolve as fibras nervosas responsáveis pela condução dos impulsos elétricos no cérebro, medula espinhal e nervos ópticos.
A perda da mielina pode dificultar e até mesmo interromper a transmissão de impulsos. A inflamação pode atingir diferentes partes do sistema nervoso, provocando sintomas distintos, que podem ser leves ou severos, sem hora certa para aparecer. A doença geralmente surge sob a forma de surtos recorrentes, sintomas neurológicos que duram ao menos um dia. A maioria dos pacientes diagnosticados são jovens, entre 20 e 40 anos, o que resulta em um impacto pessoal, social e econômico considerável por ser uma fase extremamente ativa do ser humano.
A progressão, a gravidade e a especificidade dos sintomas são imprevisíveis e variam de uma pessoa para outra. Algumas são minimamente afetadas, enquanto outras sofrem rápida progressão até a incapacidade total. É uma doença degenerativa, que progride quando não tratada. É senso comum entre a classe médica que para controlar os sintomas e reduzir a progressão da doença, o diagnóstico e o tratamento precoce são essenciais.