Movimento “Fora São José”: Usuários reclamam de atuação da empresa

Roberto Naborfazan

Segundo Jefferson Victor, que presenciou o fato do dia 08 e passou a coordenar o movimento “Fora São José!”, a confusão começou quando o ônibus da empresa São José do Tocantins, única concessionária a fazer o trajeto para Goiânia, estacionou na plataforma de embarque. Os passageiros notaram que o veículo era o mesmo que faz as linhas de estrada de terra na região, desprovido de tudo, ar-condicionado, banheiro, bancos decentes, enfim, do conforto básico. Passageiros questionaram o motorista, que tentava a todo custo dar explicações sobre o porquê de um veiculo, caindo aos pedaços, ser usado para um trajeto de 600 km e mais de 10 horas de viagem. As argumentações não foram aceitas e ele quase foi agredido por um grupo mais exaltado.
Depois de quarenta minutos de discussão, afirma Jefferson, a polícia militar foi acionada para conter a revolta. A empresa propôs 30% de desconto do valor da passagem para que o problema fosse resolvido, o que gerou vaias, num sinal de protesto contra a imoralidade da proposta. Apenas por volta das 22 horas a empresa resolveu trocar o veículo por outro, também velho, mas em melhores condições para viagem. Esse possuía banheiro, mas também não tinha ar-condicionado. Após inspecionarem o ônibus, os passageiros, diante da necessidade de estarem em Goiânia no dia seguinte, resolveram seguir viagem, já quase ás 23 horas.

Redes Sociais.
Após o posicionamento de um passageiro em um site de relacionamentos a história criou novos rumos. Foram tantos os questionamentos à empresa e apoio aos usuários que Jefferson Victor e um grupo de pessoas indignadas resolveram criar o Movimento “Fora São José”, para chamar a atenção de órgãos como a Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) ao que consideram extremo desrespeito aos usuários.
Entre as principais reclamações estão a falta inspeção nos ônibus, que transitam, segundo integrantes do movimento, com bancos quebrados e sem cinto de segurança, sem banheiros e ar condicionado (o nordeste goiano tem forte calor quase o ano todo), ônibus sem conservação, sujos, insuficiência de vagas e até mesmo a falta de opção de se escolher a poltrona que o passageiro quer viajar.
Alegam também que a empresa São José do Tocantins detém a concessão da linha há quase 30 anos e coíbe com cunho ditatorial qualquer “intruso” que se arrisque a transportar passageiros na mesma rota e que seus fiscais (da empresa) denunciam às autoridades, imediatamente, vans ou micro-ônibus, que são afastados, mantendo assim a monopolização do trecho, mesmo sem ter a mínima condição de prestar o serviço.
São limitadas as passagens à venda em cada município, sendo a numeração pré-determinada para cada localidade, além de não aceitar cartão de crédito ou débito.
Outra reclamação bastante comentada na internet; O fato de os passageiros ficarem retidos por quase uma hora na garagem da empresa em Anápolis, enquanto funcionários fazem carga e descarga de mercadorias, e só depois seguem para a rodoviária.
Jefferson Victor é enfático “Diante do descaso da empresa através de sua direção, seremos daqui pra frente intolerantes com as suas atitudes, vamos acionar o Ministério Público, inclusive pediremos que sejam investigados os agentes da ANTT que liberaram essas sucatas para trafegarem livremente pelas nossas rodovias.
Pediremos que sejam quebrados os sigilos telefônicos e bancários de tais servidores, pois suspeitamos que possa estar havendo algum tipo de compensação a esses senhores, em virtude do ato da irresponsabilidade dos mesmos na liberação dos veículos em condições tão precárias. Além disso, estaremos promovendo manifestações na chegada e saídas desses ônibus, estaremos orientando todos os passageiros a procurarem órgãos competentes para denunciarem os maus tratos a que estão constantemente submetidos pela São José. Recentemente, tivemos acesso a informações de passageiros que já sofreram constrangimento nas viagens de ônibus sem banheiros, pessoas que fizeram necessidades fisiológicas dentro do ônibus, principalmente crianças e idosos, os quais sofreram uma espécie de bullying por parte dos outros ocupantes.
Estaremos atentos a todos os atos e atitudes da empresa, orientaremos através de departamentos jurídicos que já se dispuseram a colaborar com o movimento, que todo passageiro descontente com a São José, que entre na justiça pedindo indenizações e punições aos atos desumanos a que são submetidos pela irresponsabilidade de seus administradores. Alguns políticos já se dispuseram a colaborarem com o movimento na busca de uma solução dos problemas existentes.
Vamos cobrar inclusive do governo do estado, a intervenção do mesmo na solução de tal problema, pois trata-se de questão de serviço de utilidade pública, o qual tem obrigatoriamente um alvará do estado liberando tal concessão. Vamos usar todos os meios de fazer valer os nossos direitos”. Conclui o coordenador do movimento “Fora São José”.

Empresa responde
Através de um dos seus diretores, a empresa emitiu nota com esclarecimentos. Vejamos alguns deles:
As quebras ocorridas nos ônibus não são por falta de vistoria e manutenção, mas em função das condições das estradas.
Para realizar os dois horários, a empresa está disponibilizado até 06 ônibus com ar condicionado e sanitário e existe 2 reservas emergenciais com sanitário, mas sem ar condicionado.
O fato ocorrido que está sendo muito explorado, relativo ao dia 08/01, o que aconteceu foi que o ônibus que saiu de Goiânia e que iria retornar de extra, chegou em Campos Belos com a suspensão quebrada, em decorrência das condições das estradas e acabou sendo preciso colocar um ônibus mais simples para voltar, para não atrasar o horário previsto, mas nem realizou a viagem, outro ônibus que tinha saído de Goiânia às 12:00h chegou e realizou o horário.
Vale esclarecer que o cadastro das linhas junto à ANTT não exige a utilização de ônibus semi-leito ou executivo (ar, água, etc), pois ambas são serviços convencionais.
Apesar disso, a empresa utiliza esse tipo de veículo para oferecer maior comodidade aos usuários, sem cobrar tarifa adicional (existe coeficiente diferente para esses serviços).
Quanto às paradas na garagem da empresa em Anápolis, Foi determinada fiscalização desse procedimento e adoção de novas alternativas.
Quanto a linha de São Domingos e Cavalcante sejam feitas com ônibus com banheiro e ar condicionado, possibilitando aos mesmos viajarem com os vidros fechados. Não tem previsão legal. Ambas as linhas são intermunicipais, com cadastro na Agência Goiana de Regulação e além de não ser obrigatória a colocação de ar condicionado/sanitários nos ônibus, sua utilização é totalmente inviável em percursos de estrada de chão. Importante ressaltar que embora não se tenha o reconhecimento do esforço para continuar a prestar os serviços que são oferecidos na região, outras empresas que operavam na cidade se anteciparam às licitações previstas e por não suportaram a situação, simplesmente abandonaram as linhas.
Em síntese, os fatos ocorreram em função da estrada impraticável, demanda atípica de passageiros nas férias de virada de ano. Mudanças estruturais no momento não se justificam, pois todo o sistema (rede de linhas) e empresas serão mudados, os dois sistemas (interestadual e intermunicipal) estão sendo licitados (em concorrência pública). Respeitamos o direito de expressão. Todas as sugestões dos usuários que nos chegam são bem-vindas e repassadas aos devidos departamentos e, na medida do possível serão atendidas. As reclamações e críticas, se forem ponderadas e construtivas também são bem vindas, no entanto, nesse caso, alguns comentários não foram objetivos e aparentemente alguns deles foram feitos de forma genérica, com o fim de gerar polêmica, acusar e instigar, sem levar em consideração os fatos atípicos, o esforço e o histórico da empresa.”.

Segue a polêmica
O movimento “Fora São José” não aceitou a argumentação da empresa e promete novas ações. O conteúdo completo dessa polêmica está concentrado no blog do Jornalista Dinomar Miranda (www.dinomarmiranda.com) onde estão, também, comentários de usuários insatisfeitos. O jornal O VETOR segue acompanhando e abre espaço para as partes envolvidas.

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Um comentário em “Movimento “Fora São José”: Usuários reclamam de atuação da empresa

  • 13 de fevereiro de 2013 em 11:44
    Permalink

    A São José tinha uma linha Cavalcante-Colinas do Sul que foi desativada sem explicações pra comunidade carente que só tinham esse meio de transporte. Pergunto? Se uma empresa tem tantas linhas lucrativas porque não manter uma menos lucrativa como uma forma de contribuição social ?

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