Comunicação Eletrônica: Dois canais de TV serão reservados para transmissões de rádio

Agência Câmara

O secretário de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Genildo Lins, confirmou que os canais 5 e 6 do espectro digital, que serão liberados pelas TVs analógicas, vão ser reservados para transmissões de rádio no Brasil. Isso significa mais espaço na frequência modulada, as FMs, de melhor qualidade sonora do que as AMs.
Os demais canais serão divididos. Enquanto as televisões analógicas existirem, elas ficarão com os canais de 1 a 3. Já as televisões digitais deverão ficar com os canais do 7 em diante.
O representante do ministério participou de audiência pública da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara para discutir o futuro da rádio AM e a digitalização da radiodifusão no Brasil.
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abratel) defendem a migração imediata das emissoras AM para os canais 5 e 6 do espectro digital, como forma de melhorar a qualidade de som e, com isso, atrair mais anunciantes.
O representante do Ministério das Comunicações reconheceu que as emissoras AM vivem uma situação difícil no Brasil e não podem esperar a definição do novo modelo de transmissão digital. Genildo Lins lembrou, no entanto, que o País ainda não definiu o padrão de rádio digital a ser adotado.

Padrão digital
Lins afirmou que o governo realizou testes em 15 estações de rádio nos últimos três anos com os modelos norte-americano e europeu de transmissão digital. Entretanto, os resultados não foram conclusivos e novos testes deverão ser realizados no primeiro semestre do ano que vem.
“Alguns testes precisam ser realizados. Após a realização dos testes, outros fatores também serão decisivos para a escolha do sistema. Um deles, e isso faz parte da política do governo federal, é a nacionalização da produção”, disse Lins.
“Qualquer escolha vai depender de uma garantia de que o produto, tanto transmissor quanto receptor, será fabricado no Brasil. Qualquer escolha, de qualquer sistema, depende de uma viabilidade de mercado. Não podemos tomar uma decisão com base em testes teóricos.”
O gerente-geral de Tecnologia do Sistema Globo de Rádio (SGR), Marco Túlio Nascimento, afirmou que testes feitos pela Globo em São Paulo mostraram que não há diferença significativa entre os desempenhos das duas tecnologias em estudo para as rádios digitais. “O resultado não foi bom em nenhum dos casos”, explicou.
O rádio digital oferecerá recursos como som de alta definição e a possibilidade de o ouvinte ler informações sobre o trânsito ou sobre a previsão do tempo no dial.

Ondas curtas
O presidente da Associação das Rádios Públicas no Brasil, Mário Sartorello, mostrou preocupação com a inclusão de todas as emissoras no modelo digital.
“O Ministério das Comunicações está priorizando a digitalização do AM e do FM e deixando um pouco de lado a frequencia ondas curtas. Em um país como o Brasil, de dimensões continentais, em muitos locais as emissoras de ondas curtas são o único meio de comunicação de uma população, principalmente na região Norte.”
As discussões sobre o rádio digital serão incluídas no relatório final do deputado Sandro Alex (PPS-PR), relator da Subcomissão Especial de Rádio Digital. O parlamentar pretende entregar seu parecer até o início do próximo ano.
Sandro Alex disse que a digitalização é inevitável, mas ressaltou que é preciso discutir as estratégias para a construção de políticas nacionais de transição para o padrão digital.

 

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