O SEXO DESTRUIDOR OU FORÇA CRIADORA
“Como distinguiremos o que é bom no prazer do que é mau? Ide, pois, aos vossos campos e pomares e, lá, aprendereis que o prazer da abelha é sugar o mel da flor,mas que o prazer da flor é entregar o mel à abelha. Pois, para a abelha, uma flor é a fonte de vida, e para a flor, uma abelha é uma mensageira de amor. E para ambas, a abelha e a flor, dar e receber o prazer é uma necessidade e um êxtase.” – Gibran.
A imprensa, escrita e televisada, tem noticiado uma inominável série de abusos sexuais contra crianças e incapazes, via de regra, consumadas as agressões pelos padrastos ou simplesmente por companheiros de desventuradas ou desnaturadas mães principalmente através de estupros de meninas ou de meninos menores de dez anos.
Muitas vezes, até mesmo os pais naturais têm mantido relações sexuais com as meninas, engravidando-as inclusive, tornando-se pais e avós dos nascidos dessas excrescentes obscenidades.
Há quem afirme que esses absurdos atos contra indefesos sejam reminiscências ou recrudescências de passadas encarnações em que uns foram amantes dos outros ou morreram ou se mataram ou se deixaram matar por causa do sexo.
Há, também, infelizmente, o homossexualismo, tanto masculino quanto feminino, tido como natural, inclusive aqui no Brasil, em que se oficializou, através de lei, o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Mesmo sexo? Sim, mesmo sexo, porém com a libido com tendências diferentes, masculinas num membro da parceria e femininas no outro.
Nada, entretanto, é capaz de justificar as absurdidades cometidas pelo sexo.
É o desregramento das condutas que demonstra o caráter destruidor de sonhos e de ilusões existentes nas mentes infantis ou de incapazes que tudo confiam naqueles que deveriam ser os responsáveis pela guarda e pela formação dos menores e dos dependentes impossibilitados.
Nelson Moraes, em artigo escrito para a Revista Internacional de Espiritismo – RIE intitulado “O Sexo é sinônimo de felicidade?”, disse: “Estudando a evolução do sexo a partir da infância compreendida do berço até os cinco anos ou um pouco mais, – isso considerando a precocidade das crianças dos tempos atuais -, vamos observar que nesse período não se percebe qualquer comportamento que revele impulsos sexuais, o que indica que a sexualidade no ser humano não é instintiva como nos animais que desde cedo ensaiam o ato sexual.”
Entretanto, conheci, de perto, um caso de um menino de cinco anos de idade, que deitava-se aos pés de uma jovem de quinze anos, assediando-a sexualmente. No dia em que ela percebeu o assédio, empurrou-o, repreendendo-o.
Isso bastou para que ele então ateasse fogo na sala de estar, e mesmo com o firme combate, executado pela família da jovem, o fogo ainda consumiu o carpete e as cortinas da sala.
Mas, seria o sexo apenas o destruidor das virtudes e dos valores morais? Serviria apenas ao repasto dos imorais, dos corruptores de menores, dos vilipendiadores dos bons costumes e dos estupradores? Seriam os escândalos causados pelos desregramentos sexuais a marca da humanidade atual? Valorar-se-iam o descomprometimento com o bem, o desarranjo da harmonia entre os seres, o desrespeito às igualdades impondo apenas a sobreposição dos interesses individuais, mesmo que indignos e malfazejos, sobre o sentimento divino da fraternidade que deveria reger esse mundão de Deus, como regulares e legais normas de conduta dos humanos?
Não é à toa que se espalha como rastilho de pólvora, entre as sociedades, que o bom e o bonito são os que se destacam pelas potencialidades do sexo, aqueles que são distinguidos pelas páginas das revistas modernas depois de focados pelas câmeras nos eventos sociais.
Não, não estava, ainda, falando dos valores potenciais do sexo divino entre os casais buscando primeiro o bem estar de ambos, a concretização do amor que une corpos e almas, e depois a perpetuação das gerações capaz de produzir o burilamento dos costumes, a lapidação das virtudes e a plena realização das tarefas dos seres em evolução.
Falava, ainda, dos destemperos sexuais que levam ao desequilíbrio e à loucura das mentes e à consequente perda das oportunidades reencarnacionistas.
Basta. Vamos cuidar das potencialidades criadoras do sexo.
Através da relação de amor é que o espírito se reencarna, oportunizando, assim, novos rumos para o consertando erros passados, substituindo o mal pelo bem que possa praticar, especialmente, em favor do outro ou dos outros seres que com ele conviverem.
“Já ultrapassamos os horizontes da animalidade. A união entre um homem e uma mulher não é uma união apenas entre macho e fêmea, semelhante à que ocorre no reino animal, mas sim a união de dois espíritos em evolução que buscam o aprimoramento moral e o equilíbrio das forças psíquicas necessárias ao desenvolvimento do verdadeiro amor.” Nelson Moraes, ob. cit.
Muitas vezes nos surpreendemos com a conceituação de amor que certas pessoas formulam para nortear sua vida encarnada.
Certa feita, discutindo sobre o amor devido aos pais biológicos, alguém questionou afirmando que não concordava que se amasse o pai estuprador, porque o filho do estupro viera pelo sofrimento da mãe violentada.
Foi então que uma lindíssima jovem de cerca de 20 anos levantou-se e disse enfaticamente: – Eu amo minha mãe que mesmo tendo sido violentada não se abateu e manteve toda a gravidez amando-me extremosamente como se eu tivesse sido gerada de uma natural relação de amor. Não conheço meu pai biológico, mas, não o enxergo como estuprador, mas, como aquele que me amou profundamente gerando-me no seio de minha mãezinha. Por isso eu o procuro e o procurarei até encontrá-lo e quando isso acontecer, atirar-me-ei em seus braços dizendo a alto e bom som: – eu te amo meu pai.
Diante desse discurso ninguém mais contestou o amor dos filhos para com seus pais biológicos, sejam eles companheiros da sua mãe, sejam estupradores.
É assim que as almas boas compreendem a encarnação onde estão postas na vivência corporal. Todos devemos nossa presença neste mundão de Deus, que é a Terra, exatamente porque viemos através do sexo criador que nos deu um corpo para revestir nosso indômito espírito, adaptando-o ao cumprimento das tarefas e das missões de desenvolvimento do nosso globo, sempre principiado da reforma dos nossos maus costumes próprios do homem velho até então existente, edificando um novo homem em substituição dentro de nós mesmos.
Não podemos nos esquecer de que nenhum (re)nascimento na Terra ocorre sem que haja um Planejamento no Mundo Espiritual porque nada acontece por acaso. Em tudo há o controle universal do Senhor da Vida que é Deus. O sexo é apenas o veículo através do qual os (re)nascimentos ocorrem na materialidade. O que importa realmente é o amor que une as criaturas.
Há, ainda, um sem número de considerandos que poderiam ilustrar esta página, não fosse a exiguidade do espaço. Entretanto, não podemos deixar de reconhecer a grandeza e a importância do sexo que nos traz a este Mundo não só criando nossos corpos, mas, principalmente, permitindo que façamos de cada instante da reencarnação, momentos de criações inesquecíveis em favor da evolução e do crescimento dos espíritos voltados para o bem comum e para a felicidade de todos.
Assim é que felicidade e amor verdadeiro entre os espíritos encarnados se eternizam de tal forma que na idade mais avançada, quando o sexo já não tem mais importância, o afeto, a ternura, o carinho tornam-se a tônica da incessante busca de fazer o outro cada vez mais feliz.
CONTO
PAIS IDENTIFICADOS
Autor: Richard Simonetti
A indiscrição de um familiar precipitou o que Lucila e Jonas tanto temiam: Simone tomou conhecimento de que era filha adotiva!
Foi um choque terrível para a menina-moça de 16 primaveras. Quis saber se os dois irmãos mais velhos, já casados, também eram adotivos. Ante a resposta negativa, sentiu-se mais infeliz, uma estranha em seu próprio lar.
– Minha filha – dizia-lhe angustiada a mãe – alguma vez, porventura, percebeu qualquer diferença de tratamento entre você e seus irmãos? Sentiu que a amamos menos? Seus irmãos sempre reclamam que você é o nosso “dodói”…
A jovem não se conformava:
– Você me enganou o tempo todo!
– Talvez eu e seu pai tenhamos errado, mas apenas porque tentamos preservá-la, Simone, evitando o problema que estamos vivendo…
– Bem, agora quero conhecer meus pais…
– Somos nós!
– Meus pais verdadeiros!
– Meu anjo – aduziu Lucila, tomando as mãos da jovem – pais de verdade são aqueles que cuidam e não os que colocam os filhos no Mundo…]
– Não importa, quero conhecê-los.
– Impossível, nunca mais tivemos contato.
– Hei de encontrá-los!…
Simone estava decidida. Amava a Jonas e Lucila, mas não lhes perdoava por terem escondido sua condição. Queria seus pais. O casal tentou ajudá-la. Pesquisas foram efetuadas. Tudo infrutífero.
Então ela lembrou-se de Catulo, antigo mentor espiritual muito ligado à família e que vezes inúmeras os tinha socorrido em suas atribulações. Procurou, em sua casa, Francisco Torres, o dedicado médium que servia de intermediário ao nobre Espírito. Com a assistência de sua esposa realizaram singela reunião mediúnica. O benfeitor espiritual manifestou-se, pondo-se à disposição de Simone.
A jovem contou-lhe o que ocorria e pediu-lhe o concurso na identificação dos pais.
– Você já os conhece – informou o amigo desencarnado…
– Como? São pessoas de nossas relações?
– Sim, chamam-se Jonas e Lucila.
– Esses são meus pais adotivos…
– São seus pais verdadeiros. Como espírita você deve saber que os laços familiares que prevalecem na Espiritualidade são os do coração. O sangue pouco significa.
– Ainda assim, gostaria de conhecer meus pais.
– Minha filha, insisto que já os conhece. Há muitos séculos todo o seu grupo familiar está ligado por laços de afinidade, ajudando-se mutuamente nos caminhos da evolução. Na presente existência você deveria nascer filha de Lucila e Jonas, como já o foi em existências anteriores. Ocorre que houve um atraso de sua parte, ao preparar-se para a reencarnação.
Quando estava pronta sua mãe já não tinha condições para conceber, em face de delicada operação. A solução foi trazê-la ao seu lar por vias indiretas, aproveitando o concurso de infeliz jovem, envolvida com as ilusões do Mundo, para a qual a gravidez foi o ensejo de superar perigosos desvios de comportamento.
– Então, meus pais biológicos nada tinham a ver comigo?
– Nada! Seus pais carnais funcionaram apenas como uma ponte de retorno à existência humana, com destino certo: Lucila e Jonas!
Pouco depois Simone entrava em seu lar e, emocionada, abraçou com muita ternura seus surpreendidos “pais de verdade”.
A adoção de filhos, com raras exceções, inspira-se em cuidadoso planejamento da Espiritualidade, atendendo às necessidades dos Espíritos em aprendizado na Terra. Embora os fatores determinantes sejam os mais variados, representando, não raro, uma experiência necessária, tal situação não se constituiria em motivo de sentimentos de frustração ou de rejeição, se o filho adotivo compreendesse o essencial:
O cuidado de uma criança é algo de tamanha responsabilidade, envolve tantos sacrifícios e cuidados, trabalhos e preocupações, que jamais alguém se disporia a manter, por toda uma existência, tal compromisso, se não existisse amor. E onde somos amados ali está nossa família legítima.
O sexo fundamentado no amor e compartilhado segundo os parâmetros ditados por Deus, é divino. Deus sempre se preocupou em dar o melhor para o ser humano. Entretanto os meios de comunicação e entretenimento, têm vulgarizado essa dádiva e,incitado crianças a uma iniciação sexual precoce e irresponsável. Adicione-se a isso a fragmentação do caráter, a impotência de nossas leis(leia-se:impunidade)e falta de amor para com o nosso criador. Arde em nossos corações o efeito de tudo isso e muito mais que se vê ou se ouve.