MALEDICÊNCIA E FALSAS ACUSAÇÕES

Roberto CuryRoberto Cury

A pedagoga, escritora e conferencista Heloisa PiO jornal on line “A Gazeta Esportiva”, publicou em junho de 2009, entrevista do jogador de futebol Jean Rolt quando de sua apresentação, ao seu novo clube, o São Paulo Futebol Clube, da capital paulista.
Da entrevista retiramos apenas a parte que interessa ao nosso estudo a ser desenvolvido neste articulado.
Assim está posta: “Apenas dois meses depois de ser o pivô de uma suspeita de suborno, o zagueiro Jean Rolt vestiu oficialmente nesta quinta-feira a camisa do São Paulo. O atleta foi apresentado no Tricolor com a certeza de que está diante da principal oportunidade de sua carreira, mas acredita que nem mesmo a chance em um grande clube apagará as acusações que sofreu da diretoria da Portuguesa na reta final do Campeonato Paulista.
“Mesmo chegando ao São Paulo, vou ser lembrado por aquilo, apesar de ser mentira o que falaram. Procurei erguer a cabeça e fazer meu trabalho da melhor maneira possível”, afirmou o zagueiro, que sabe da responsabilidade no Tricolor. “Não vai faltar vontade, é a grande oportunidade da minha vida”.(Os grifos são nossos).
Quantas vezes tivemos oportunidade de falar sobre os malefícios e os prejuízos oriundos da MALEDICÊNCIA e das FALSAS ACUSAÇÕES, em inúmeras Casas Espíritas deste nosso imenso Brasil.
Quantas vezes, também, ouvimos reclamações e enxugamos as lágrimas dos injustamente acusados ou tomamos conhecimento dos danos sofridos pelas vítimas da          maledicência alheia.
Injustamente acusado de suborno, o craque vê sua estrela bruxuleante no firmamento esportivo pela pecha inconcebível do julgamento apressado por falta normal de jogo acontecida nos últimos instantes de uma partida de futebol e que o acusador, Presidente de um outro clube, que se acreditou prejudicado, lançou sobre ele.
Nós brasileiros sempre nos esquecemos das promessas que os políticos fazem nas campanhas eleitorais. Por isso, dizem que temos memória curta. Mas nunca nos esquecemos daquilo que um dia foi imputado a alguém, e, ainda que seja inocente, sobre ele pairará sempre, no mínimo, a suspeita e a desconfiança.
Não bastou ter Jean Rolt provado sua inocência. A todo instante, não falta quem o acuse ou lembre a difamante acusação que submete, injustamente, a sua honra de ser humano, trabalhador, correto, de esportista exemplar.
O processo destrutivo da reputação pode reduzir, sensivelmente, o desempenho das funções laborais do acusado, a condenar, o indigitado sofredor, ao desequilíbrio mental, além de lhe causar, no transcurso, inúmeras outras doenças de fundo psicossomático, como a depressão, as obsessões, a auto-flagelação, a loucura e até mesmo conduzi-lo, às agressões físicas, aos homicídios e às raias do suicídio.
Se, de um lado, a responsabilidade dos desequilíbrios espirituais é inerente ao detentor desses quadros, de outro, não menos responsável será quem causou-lhe tão graves danos por nefandas acusações, verdadeiras ou não, ou que, simplesmente, teceu comentários desairosos, em outras palavras mais singelas, “falou mal” da indigitada pessoa.
Na mesma época da entrevista, nosso “Diário da Manhã”, publicou artigo da pena do advogado espírita Irani Inácio de Lima, sob o título “O Perdão de Linda”, no qual, o articulista narra que, na gestão de Maguito Vilela no Governo do Estado, trabalhou com a Professora Linda Monteiro, sendo ela presidente da Fundação Cultural Pedro Ludovico Teixeira. Os fatos a seguir são da narrativa dele: “Certa feita, todavia, num momento de extrema fragilidade moral, invigilante e politicamente vencido, recusei-me a aceitar a adversidade temporária, materializada numa natural ocorrência partidária e, irrefletidamente, julguei-me por ela prejudicado.
Irresignado, insurgi-me em desfavor da notável e culta professora, acionando-a judicialmente, com o ególatra objetivo de auferir recursos pecuniários, para fazer face a possíveis danos morais que julguei ter ela causado a minha pessoa.”
Mais adiante, o artigo mostra: “Com respeito e humildade, reconheço que alguns dos documentos utilizados para instruir o processo suprarreferenciado, embora de domínio público, a ele foram acostados por mim indevidamente.”
Tempos depois, quando a consciência se fez marcante, ei-lo narrando, novamente: “Este fato, fruto indesejável do meu açodado e irrefletido comportamento, passou a fustigar-me a consciência, que sempre recomendou e aconselhou serenidade e paz, diante de toda e qualquer situação.”
“Recorri-me à oração, este infalível remédio para todos os males da humanidade. E eis que encontrei alento na prece, que dulcifica o ser, harmoniza o sentimento e é sempre o grande lenitivo que balsamiza a dor, pacifica o coração e sereniza o pensamento.”
“A reflexão induziu-me, imediatamente, a pedir perdão à amiga que julguei haver causado danos e prejuízos imperdoáveis. Segui formalmente os desígnios da minha consciência.”
O perdão de Linda Monteiro, chegou agora no dia 12 de maio, segundo conta Irani Inácio, singelo, fraterno, suave como a compreensão que norteia os anjos bondosos que aprenderam com Jesus que nada pode ofender aquele que ama aos seus irmãos.
De próprio punho de Linda, eis as palavras textuais: “Sua carta me fez um grande bem e me deixou feliz e sensibilizada. Continuo sua amiga. Que Deus o ilumine e lhe dê forças para enfrentar as adversidades, proporcione-lhe alegria e paz para viver com amor e serenidade junto aos que você ama.”
O perdão das ofensas recebidas tem o condão de abençoar aquele que perdoa e de diminuir a intensidade da culpa do ofensor, propiciando que Deus, nosso Onipotente Pai, oportunize a redescoberta do amor que une universalmente Suas criaturas com o respectivo resgate dos males advindos da maledicência, ou das falsas imputações.
Lembrando o ensinamento do Mestre Jesus diante da mulher adúltera, depois da desistência daqueles que quiseram atirar-lhe pedras pelo adultério cometido: “Mulher, onde estão os que te acusavam? Eles não te condenaram e eu também não te condeno, mas, vai e não peques mais.”
Então, ainda para seguirmos o ensino de Jesus:

“NÃO JULGUEIS PARA NÃO SERDES JULGADOS”.

Conto

NÃO RECEBA PROVOCAÇÃOO QUE É O AMOR?
Autor desconhecido.
Perto de Tóquio vivia um grande mestre Samurai, já idoso, que se dedicava a ensinar os jovens. Corria a lenda que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde um guerreiro conhecido por total falta de escrúpulos apareceu. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para perceber os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante.
Esse jovem jamais perdera uma luta. E conhecendo a reputação do Samurai, estava ali para o derrotar e aumentar a sua fama.
Apesar de muitos serem contra, o velho mestre aceitou o desafio e foi para a praça da cidade, onde o jovem começou a insultá-lo.Chutou algumas pedras em sua direção, gritou insultos e falou inverdades, ofendendo inclusive seus ancestrais.
Durante horas, fez tudo para provocá-lo, mais o mestre permaneceu impassível. No final da tarde, já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se desapontado pelo fato de o mestre aceitar tantos insultos e provocações.
– Como o senhor pode suportar tanta indignidade? Por que não usou a espada?
– Perguntaram os discípulos.
– Se alguém chega até você com um presente e você não o aceita, a quem pertence o presente? – Perguntou o Samurai.
A quem tentou entregá-lo, responderam os discípulos. O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos, disse o mestre. Quando não aceitamos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo.

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